MENINAS DO MAL



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Sobre o livro:


Meninas do mal é um livro de contos que traz várias histórias de meninas malvadas, que fazem os homens se darem mal de maneira além da imaginação. Imagine o que aconteceria caso você descobrisse que sua namorada ou esposa é um demônio, um lobisomem, uma extraterrestre, o que você faria?
A moral do livro insinua que o mal não tem cor, sexo, religião e idade, podendo estar, por este motivo, no rostinho mais bonito e angelical.

Sobre o autor





 Karl Peter Leihs é nascido em 8 do 8 de 1978, Rio de Janeiro, naturalizado em Pelotas, Rio Grande do Sul desde 1992. É formado em biologia pela Universidade Católica de Pelotas e pós-graduado pela mesma instituição.


O Joio e o trigo

Parte I
O Trigo






(Numa igreja Em São Paulo)

-- Se eu disser que se vocês acreditarem em Deus ele aparecerá na vida de vocês! E se vocês acreditarem no Diabo ele também aparecerá na vida de vocês! E é assim, meus filhos, que nós atraímos o que queremos para nós, e é assim, meus filhos, que Deus e o Diabo vêm até nós. E quem vocês querem atrair para vocês hoje? (Pastor Paulo, caucasiano, estatura média, olhos azuis, cabelos lisos tingidos de loiro curto e com cerca de quarenta anos)

-- Deus! (Multidão de fiéis)

-- Não estou ouvindo? (Pastor Paulo)

-- Deus! (Multidão de fiéis)

-- Então, meus filhos, aquele que quer Deus em suas vidas precisa ter o amor, viver o amor. Como assim, pastor? Vocês devem se indagar!


É que uma pessoa na presença de Deus ama o próximo como a si mesmo, é bom com a família, aquele que ama seu pai, sua mãe, seus filhos e a Jesus! Este alcançará o amor de Deus. E para alcançar o seu amor é necessário acabar com o adultério, com a bebida, com as drogas e com a lei de Gérson. E aí, sim, estarmos nus diante Deus sem nada a esconder, e então atrairemos ele para nós. Mas pelo contrário, aquele que bebe, usa drogas, vive traindo a esposa e passa sempre o próximo para trás verá o Diabo, porque desse não é o Reino dos Céus, e ele viverá no inferno, terá sua vida atrasada, e o capeta guiará o seu destino! (Pastor Paulo)

-- Amém! (Multidão de fiéis)

-- Agora, para atrair Deus, é preciso acima de tudo ter fé! E quem tem fé aqui? (Pastor Paulo)

-- Eu! (Multidão de fiéis)

-- Então poderão provar sua fé a Deus doando tudo que vocês tiverem no bolso agora para a Igreja de Jesus Cristo Nosso Senhor! Venham aqui na frente agora provar a fé de vocês, façam filas! Isso! E vão botando o dízimo na sacola da Beth e da Pâmela. Isso! Muito bom! (pastor Paulo vendo uma multidão de fiéis entregando seu dinheiro para as duas funcionárias da igreja)

Aqui lembrando! Na semana que vem teremos o dízimo forte! Aquele que está desempregado, aquela que o marido chega em casa bêbado e bate na mulher. Aquele que tem uma doença incurável ou em que seus os remédios não funcionam. Aquele que fala com os espíritos, todos poderão encontrar a paz do Senhor aqui! Semana que vem! Dando metade do seu salário para Jesus tudo será renovado! Boa noite a todos! (Pastor Paulo)

-- Amém! (Multidão de pessoas)



Parte II

O joio





(Pastor Paulo, saindo escondido de uma de suas muitas igrejas, que mais parecem mansões e que estão por todo o país)

-- Olá, Carter! Como vão as coisas? (Pastor entrando em sua limusine com seu auxiliar Carter)

-- Estão bem, mas ainda existem alguns problemas! (Carter, estatura média, cabelos castanhos e curtos, olhos castanhos e com trinta anos)

-- Que tipo de problemas? (Pastor Paulo)

-- Olha só, a Receita Federal quer ganhar “algum por fora”, não estão querendo reconhecer a sua igreja como instituição pública! (Carter)

-- É? Imagine só! Jesus pagando imposto! Isso é um absurdo! Deveria existir uma lei contra isso! (Pastor Paulo)

-- Mas Paulo, suas igrejas estão faturando milhões todos os anos, não sabemos nem o que fazer com o dinheiro! (Carter)

-- O nome disso é democracia Carter! Temos direito ao dinheiro alheio doado! (Pastor Paulo)

--  Mas os bancos já não aceitam mais nem trocar aquele monte de moedinhas dos seus fiéis, nem os bancos tem tanto dinheiro trocado assim. Você está enchendo os bancos com moedas de dez centavos e deixando eles sem as notas de cem! (Carter)

-- Engraçado, com o bispo Macedo era a mesma coisa, mas ele não pagava impostos! (Pastor Paulo)

-- Mas Paulo! Você está quebrando a Igreja Universal do bispo Macedo, você está pegando todos os fiéis dele e arrecadando, todo ano, três vezes mais do que ele. As outras igrejas estão ficando cada vez mais vazias e a sua cada vez mais cheia! (Carter)

-- O que devemos fazer? (Pastor Paulo, irônico.)

-- Acho que devemos começar a pensar em abrir contas no exterior! (Carter)

-- Minha nossa, o que a fé faz com as pessoas? Eu acho que estou mais rico que traficante! (Pastor Paulo)

-- Com certeza, mas lembrando que você tem que palestrar na igreja de Teresina amanhã à noite. Não vai poder fazer muita festa hoje! (Carter)

-- Ah não! Pelo amor Deus! Se é que ele existe, eu vou chegar ao hotel, e depois de um belo jantar com lagosta e muito champanhe vou querer uma loira e uma ruiva bem “gostosas”. Só vou pegar o avião “pra”

Teresina à tarde. Vê se consegue “pra” mim tudo isso hoje à noite, tá bom, Carter? (Pastor Paulo)

-- Pode deixar chefe, e outra coisa, sua esposa quer saber quando volta...! (Carter)

-- Diz “pra” ela que daqui há duas semanas. Ah! Enfim! Chegamos ao hotel! Agora a festa vai começar! (Pastor Paulo, feliz.)



Parte III


Não faça o que faço,
mas faça o que digo





(Dia seguinte, no quarto de hotel do pastor)




“Entro e vejo uma cena que muitos não acreditariam se eu contasse. O homem considerado um dos mais
“santos” do Brasil deitado nu, descoberto, sobre duas belas garotas de programa, em uma enorme cama de casal, dormindo os três juntinhos, e também, várias garrafas de champanhe importadas vazias e algumas pela metade, espalhadas pelo quarto.” (Carter entrando no quarto)

--  Boa tarde Paulo, sinto ter que acordá-lo, mas o senhor precisa pegar o avião e preparar suas palestras. Vai sair em cadeia nacional na Record! (Carter)

--  Bom dia “pra” você também, Carter. Pera aí! Você disse boa tarde? (Pastor Paulo, com voz pastosa e rouca)

-- Sim, senhor Paulo, já são duas da tarde! (Carter)

-- Ah! Então ainda é dia! Você sabe que o dia só começa quando o Pastor Paulo levanta. E a propósito, vê se para de me chamar de senhor, este está no céu! (Pastor Paulo levantando todo descabelado e vendo as belas garotas ainda dormindo)

-- Como queira “Paulo”, e sinto por você não poder dormir até as seis hoje! (Carter)

-- O pior não é isso, o pior que nem vai dar tempo de almoçar, eu estava louco por uma picanha, mas vou ter que me contentar com aquelas porcarias do avião! (Pastor Paulo)

-- Olha só, saiu uma matéria no jornal Folha de São Paulo de que talvez você goste, quer que eu leia? (Carter)

-- Manda ver, Carter! (Pastor Paulo indo para o banheiro, se arrumando)

-- Aqui diz que as pessoas que vão a sua igreja têm sido ajudadas através da fé a resolver problemas tanto domésticos e financeiros como de doenças incuráveis. Aqui diz, também, que teve um caso de uma mulher que frequenta a sua igreja e teve seu tumor maligno regredido! (Carter)


-- Você acredita mesmo nisso, Carter? (Pastor Paulo, pensativo)

-- Bom, dizem que a fé move montanhas, mas na qualidade de Pastor não preciso lhe dizer isso, pelo menos eu acho! (Carter, indeciso)

-- Sabe, Carter, você leva essas coisas de igreja, digo, da minha igreja, muito a sério. Não deveria ser como esses fanáticos! Acho que não faz seu tipo! (Pastor Paulo)

-- Bem, é estranho saber que de todos da sua igreja você é o único que não tem fé nela...! (Carter)

-- É porque eu sou o único pastor ateu que você conhece. Talvez o Macedo também seja! (Pastor Paulo, soltando uma risada alta)

-- De novo o Macedo, deixe de falar nele! Você já o superou há muito tempo! (Carter)

-- Talvez, mas...! Ele vai ser sempre minha fonte de renda inspiradora, se não fosse ele ter começado o negócio dele eu e você não estaríamos aqui! (Pastor Paulo, enfático)

-- Talvez, “mas...” bom! Não sei, mas essa sua obsessão pelo bispo Macedo, às vezes, me assusta. É como se você tivesse inveja dele! (Carter, pensativo)

Agora é você que está me assustando Carter, como pode pensar numa coisa dessas? Eu o admiro! É só isso! Sempre quis ser como ele na minha juventude, ganhar dinheiro como se fosse água. E falando nisso vê se acorda essas duas moças. Eu lhe espero lá em baixo e “ah...” não se esquece de pagá-las. (Pastor Paulo arrumado, já saindo do quarto de hotel)

-- Boa tarde meninas! (Carter)

-- Hum...! Onde está o Pastor? (Uma das garotas, ainda meio bêbada)

-- Já foi! (Carter)

-- Poxa! E eu nem ouvi o despertador dele! (A outra garota, reclamando)

-- Acontece que eu sou o despertador dele meninas! (Carter)

-- E quem é você? (Uma das meninas)

-- Sou o ajudante dele. Eu vou deixar o dinheiro de vocês aqui em cima do criado mudo, vocês ainda têm duas horas “pra” ficar no hotel, depois estão por conta. Adeus, estou indo! (Carter)

-- Tchau, amigo do pastor! (Uma das garotas)


Parte IV

Primeira classe




-- E aqui estamos, voando acima das nuvens em direção à Teresina, na primeira classe, e a propósito, não acho a comida tão ruim não! (Carter)

-- Ah! Eu sou mais uma boa churrascaria. Carter, eu preciso lhe dizer algo! Tem uma coisa me incomodando, tem uma coisa muito estranha acontecendo durante as minhas palestras! (Pastor Paulo)

-- E o que seria? (Carter)

-- É que...! Não sei explicar mas...! (Pastor Paulo)

-- Tente, vamos! É “pra” isso que estou aqui, também! (Carter)

-- É que em todas as minhas palestras por diversas cidades do país, eu vejo sempre uma mesma mulher, é isso! (Pastor Paulo)

-- Uma mulher? Você está tendo um caso? É
uma amante? (Carter)

-- Não! Não! Não é isso! É que todas as vezes que dou minhas palestras em qualquer uma, das minhas muitas igrejas ela está lá, no meio da multidão, olhando “pra” mim, a mesma mulher você entende? E eu não a conheço! (Pastor Paulo)

-- Não a conhece? (Carter)

-- Não! E isso está me assustando! (Pastor Paulo)

-- Olha só, deve ser mais uma das suas fiéis fanáticas que vivem lhe seguindo, a religião afeta a cabeça de muita gente, você mesmo disse isso uma vez! (Carter)

-- Sim, mas é estranho, em todas as cidades que eu vou ela está lá! Parada no meio da multidão! Só me olhando! Fixada em mim! Completamente opaca! Sem nem uma manifestação de fé, se é que você me entende! (Pastor Paulo)

-- Deveria mandar alguém verificar! (Carter)

-- Mas quem? (pastor Paulo)

-- Ué! Um dos seus seguranças, eu acho! (Carter)

-- Mas como? Eu tenho medo de ser indelicado, você entende? Isso poderia transtorná-la caso não seja nada, e acabaria saindo nos jornais! (Pastor Paulo)

-- Olha! Em minha opinião é uma admiradora sua, bem rica, e com muito dinheiro “pra” gastar, acho que deveria deixar pra lá! (Carter)

-- Você não está me entendendo! E se ela inventa de me dar um tiro no meio da multidão, olha como morreu John Lennon! (Pastor Paulo)

-- Eu ainda acho que esse é um preço da fama, é que você vai ter que correr risco mais cedo ou mais tarde, mas se isso lhe incomoda você deveria falar com ela, tipo, pedir “pra” alguém falar que você gostaria de conversar com ela a sós depois da palestra, quem sabe você se sinta na dolorosa obrigação de dar um autógrafo! (Carter)

-- Talvez, Carter, isso possa ser uma boa ideia! (Pastor Paulo, mais aliviado)

-- Bem, é “pra” isso que sou pago, para ter boas ideias, também. E me diz uma coisa, ela é bonita? (Carter)

-- É, é sim, ela é muito bonita, mas ao mesmo tempo assustadora! (Pastor Paulo)

-- Bom, se ela é bonita é mais um motivo “pra” fazer o que digo, pelo menos eu faria isso! Convide-a “pra” jantar! E se tudo der certo você fica com uma bela garota por uma noite. (Carter)

-- Brindemos a isso! Brindemos as suas boas ideias!

“Tintim”! (Pastor Paulo brindando com champanhe)

“Tintim”! (Carter brindando)

Parte V

A estranha





(Igreja de Teresina)




-- Fome, miséria, moléstia, pobreza, isso minha gente! Não é Deus! É o homem! E sabem quem se alimenta disso? (Pastor Paulo)

-- O Diabo! (multidão)

Isso, minha gente! É o Diabo! Porque Deus fez a comida em abundância, a água, as plantas, os animais, fez a família, a fraternidade e o amor. E Deus deu o livre arbítrio para o homem servi-lo ou não. Para que o homem decida por si só o que é melhor “pra” ele, deu ao homem o direito do bem e do mal, e deu ao homem o comando da Terra, nosso planeta, e o homem que manda nos animais, nas plantas e na comida. Isso porque Deus quis assim. Mas o homem é o lobo do próprio homem, e alguns homens se aliaram ao Diabo para fazer!o mal e consumir nosso planeta em dor, chamas de ódio e infelicidade. E quem de vocês aqui crê em Deus? (Pastor Paulo vendo, neste momento, a estranha mulher que o persegue na multidão)

--Eu! (Multidão)

-- Então aquele que segue a Deus devera provar dando o dízimo, que é metade do salário de cada um para andar do lado direito de Deus todo poderoso, mas quem não puder, pode dar o que tiver no bolso, aqui agora neste momento. Venham! Isso! Façam fila! Depositem tudo na sacola da Pâmela e da Gisele! Isso! Muito obrigado e uma boa noite. E que Deus abençoe a todos! (Pastor Paulo)

(Dez minutos depois que quase todos foram embora, a estranha se aproxima do Pastor Paulo)

--  Olá pastor! (Bel, mulata, alta, de cabelos lisos e compridos, olhos escuros e extremamente bonita)

-- Olá minha jovem! Qual o seu nome? (Pastor Paulo)

-- Eu tenho muitos, mas pode me chamar de Bel! (Bel)

-- Bom, Bel, até que enfim tenho a oportunidade de conhecer uma das minhas mais assíduas admiradoras, embora não tenha visto rezando na multidão! (Pastor Paulo)

-- Eu não faço o tipo que reza, Pastor! (Bel)

-- Bom minha jovem, se você não faz o tipo de quem crê em Deus, então o que posso fazer por você? (Pastor Paulo)



-- Muita coisa! (Bel, enigmática)

-- Por exemplo? (Pastor Paulo)

-- Eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu iria chamar sua atenção na multidão, mas não esperava que fosse tão cedo. (Bel)

-- É mesmo? (Pastor Paulo tirando uma mancha de seu terno no ombro direito, parando de olhar para Bel durante alguns segundos)

-- Vá “pro” hotel! Mais tarde eu apareço lá, daí conversamos! (Bel)

-- Como? (Pastor Paulo se virando pra Bel, mas ela desaparecera)

Parte VI

Medo




-- Carter! (Pastor Paulo entrando na limusine)

-- Olá, Paulo! Como foi com a garota? (Carter)

-- Você não vai acreditar! (Pastor Paulo)

-- Não? (Carter)

-- Eu tinha mandado um dos meus seguranças chamá-la depois da palestra? (Pastor Paulo)

-- E? (Carter)

-- E daí ela veio! Começou a falar coisas estranhas
como...! Eu mais cedo ou mais tarde iria encontrá-la na multidão, e que...!  queria falar comigo na hora certa no meu hotel! (Pastor Paulo)

-- Meu Deus! (Carter)

-- O pior vem agora, meus seguranças depois me falaram que não conseguiram falar com ela na multidão! (Pastor Paulo)


-- E como ela sabia que você queria falar com ela? (Carter)

-- É aí que está o mistério! É de dar medo! Estou apavorado! (Pastor Paulo)

-- Mas acho que você não deve se preocupar, ela não sabe onde você está hospedado! (Carter)


-- Eu realmente espero que sim! Eu odiaria que fosse ao contrário! (Pastor Paulo)

-- A menos, é claro, que você esteja imaginando coisas! (Carter)

-- Não é o caso, amigo...! (Pastor Paulo)









Parte VII

Macacos me mordam



(Mais tarde no hotel...)




“Estou aqui pensando no que aconteceu na minha igreja, será que ela pode mesmo me achar? Acho que Carter está certo, eu devo estar ficando maluco. Deve ser a solidão, vou ligar “pro” Carter e pedir que ele traga umas meninas pra cá e um bom champanhe francês! (Pastor Paulo pensando, deitado na cama do hotel sozinho)

-- Acho que não vai precisar! Eu serei sua companhia esta noite, Pastor! (Bel com um lindo vestido decotado preto, bem sexy, surgindo por encanto na frente do pastor)

-- Macacos me mordam! Como entrou aqui? (Pastor Paulo)

-- Eu não acredito nas portas pastor! (Bel)

-- E a portaria? Como deixaram você entrar? (Pastor Paulo)

-- Temos negócios a tratar pastor! (Bel)

-- Temos é? (Pastor Paulo, tremendo por dentro)

-- Sim...! (Bel)

-- Mas afinal quem é você, Bel? Como entrou aqui? (Pastor Paulo, nervoso)

-- Você me conhece por vários nomes: Lúcifer, Demônio, Diabo, Satanás e também Bel de Belzebu! (Bel)

-- Você está me dizendo que você é o Capeta? (Pastor Paulo)

-- Sim! Sou a Mestre do Universo! A Oposição Divina do Bem! (Bel)

-- Ra...! Desculpe-me sou ateu! (Pastor Paulo)

-- Eu sei, por isso estou aqui! (Bel)

-- Explique-se! (Pastor Paulo, tentando não gritar)

-- Você e sua maldita igreja têm aumentado a fé das pessoas em Deus, e por causa disso eu estou perdendo minhas ovelhas bêbadas, drogadas e más! O inferno está ficando vazio, Paulo! Você está acabando com meu negócio! (Bel)

-- Desculpa se eu pareço não estar acreditando, mas...! Isso é loucura demais “pra” mim! (pastor Paulo)

-- Vou fazer com que acredite! (Bel tirando a roupa)

-- Bom, neste caso! (Pastor Paulo, olhando fixamente para Bel)

“Começamos a fazer amor e de repente me bateu uma agonia, eu via em meus pensamentos milhares de pessoas queimando no inferno, mas ao mesmo tempo sentia um prazer extraordinário com Bel na cama, algo que nunca sentira antes, foi quando ela estava sobre mim que a vi abrindo duas lindas asas como se fosse um anjo, ela era um anjo, pois acredito estar fazendo amor com Lúcifer, o anjo caído que agora reina no inferno. Ficamos assim por umas duas horas, até que tudo parou.” (Pastor Paulo)

-- Por que fez amor comigo? (Pastor Paulo)

-- Prazeres antes dos negócios, esse é meu lema!(Bel)

-- E porque Deus deixaria alguém como eu, que salvei a alma de milhões de pessoas, ser sua vítima? (Pastor Paulo)

-- Acontece que você não pertence mais a Deus, já que você é ateu e seu estilo de vida também faz com que você seja minha ovelha. Quando morrer sua alma virá comigo para o inferno e se não parar de salvar as pessoas farei sua alma em milhões de pedacinhos, e depois irei comê-la no meu café da manhã! Você me entendeu? (Bel)

-- Então é isso? (Pastor Paulo, compreendendo tudo)

-- Sim, considere-se avisado, não quero voltar a lhe ver tão cedo novamente, pois se isso acontecer os prazeres não virão antes dos negócios! Você entendeu? (Bel)

-- Sim! (Pastor Paulo, horrorizado)

-- Outra coisa! Já que vai “pro” inferno, você deveria me ver como seu novo Deus, reze pra mim, Pastor! Quem sabe eu faça sua ida ao inferno mais agradável! (Bel , desaparecendo na frente de Paulo)

-- Meu Deus! Carter...! (Pastor Paulo chamando o amigo)



Parte VIII

Pavor




(Ainda no hotel)



-- Carter…! (Pastor Paulo)

-- O que foi Paulo? (Carter correndo, abrindo a porta do quarto de Paulo)

-- A mulher! (Pastor Paulo)

-- Que mulher! (Carter)

-- Com quem transei! (Pastor Paulo)

-- Qual delas? (Carter)

-- A da igreja! A que ficava me seguindo! (pastor Paulo)

-- Você transou com ela? Seu esperto! Sabia que ia dar certo meu plano! (Carter feliz)

-- Não! Ela é o Diabo! (Pastor Paulo, apavorado)

-- Ela é tão quente assim, pastor? (Carter)

-- Não! (Pastor Paulo)

-- Então ela é ruim na cama? Que “robada”! Eu deveria saber! (Carter)

-- Não! Quer dizer...! É mas não é isso também! (Pastor Paulo)

-- Pastor! Confesso que não estou entendendo! (Carter)

-- Ela é o Diabo! Belzebu! Satanás! Entendeu? (pastor Paulo)

-- Confesso que ainda não estou entendendo! (Carter)

-- Ela é o Diabo! Ela veio levar minha alma pro inferno! Se eu não largar a igreja ela acaba comigo! (pastor Paulo chorando)

-- Está bem, patrão! Quem sabe você não se acalma? E me explica tudo do início! (Carter)

-- O negócio é o seguinte...! (pastor Paulo explicando o ocorrido desde o início, detalhadamente)

Parte VIV

Igreja rival





(Pastor Paulo, rezando numa igreja católica, à noite sozinho, depois de passadas duas semanas)

-- Deus! Eu peço perdão! Por tudo! (Pastor Paulo vendo as portas do fundo da igreja se abrirem, revelando a imagem de Bel com seu belo corpo moreno e suas lindas asas de anjo)

-- Olá pastor! (Bel)

-- Não! (Pastor Paulo, segurando o terço na mão, olhando para ela apavorado)

--  Está escuro aqui! Não acha? (Bel fazendo com que todos os candelabros da igreja se acendessem sozinhos)

-- Meu Deus! Não! Não quero ir “pro” inferno! (Pastor Paulo)

--  O que foi? Não está feliz em me ver? É dessa maneira que você trata suas ex-namoradas? (Bel, no fundo da igreja, caminhando, no centro, vindo em direção ao pastor, que está no banco da primeira fileira)

-- Eu não quero ir “pro” inferno! (Pastor Paulo, chorando)

-- Pastor? O que o senhor faz numa igreja católica? E pelo visto é o único fiel aqui presente, depois que as suas igrejas abriram. Não sei! Talvez você esteja aqui por estar envergonhado de ir na sua própria igreja? Ou ser exorcizado por um dos seus próprios pastores? Suas igrejas têm tantos, não é pastor? (Bel se aproximando mais do pastor)

--Não! (Pastor Paulo fechando os olhos, abaixando a cabeça apavorado)

-- E aí? Como tem passado? (Bel cochichando no ouvido do pastor)

-- Não me leva! (Pastor Paulo, sussurrando)

-- Sabe? Você não tem dado mais as suas palestras já faz duas semanas, mas suas igrejas continuam abertas, sempre cheias e você cada vez mais rico, embora um pouco infeliz, pelo jeito. Mas o pior é o meu inferno - Continua vazio Pastor! Graças a seus malditos pastores! (Bel do lado do Pastor)

-- Eu sinto muito! (Pastor Paulo chorando e fechando os olhos)

-- Então, você entende, não é? (Bel levantando o pastor pela gola da camisa)

-- Satanás! Vá pro inferno! (Pastor Paulo levantando o crucifixo para Bel)

-- Para isso funcionar tem que ter fé! E você não tem! (Bel, fazendo a cruz do Pastor derreter em sua mão)

-- Ah...! (Pastor Paulo queimando a mão com a cruz)

-- Você é ridículo, Pastor! Um pastor que não consegue exorcizar seus próprios demônios! Você é uma vergonha! (Bel jogando Paulo longe)

-- Ai...! (Pastor Paulo se levantando com dor, meio que se arrastando)

-- Cesse tudo! Todas as igrejas! E quem sabe eu lhe dê a paz no inferno! E afinal de contas, você já está rico o bastante “pra” curtir uma vida de orgias e bebedeiras, não é mesmo? Espero que não tenha que voltar aqui mais uma vez! (Bel desaparecendo na frente de Paulo, em meio a uma fumaça cinza e com cheiro de enxofre)

-- E agora? O que eu faço? (Pastor Paulo bradando desesperado)

Parte X

Hospício




(Um ano depois, em um hospício de Porto Alegre)



-- Ei! Amigo! Por que está aqui? (um louco)

-- Porque eu tentei explodir uma das minhas próprias igrejas! (Pastor Paulo)

-- Você tinha uma igreja? (um louco)

-- Várias! (Pastor Paulo)

-- E você destruiu uma delas? (um louco)

-- Sim! (Pastor Paulo)

-- Por quê? (um louco)

-- Porque sim, seu idiota! Agora sai daqui! (Pastor Paulo)

-- Está bem! Está bem! Que cara maluco (um louco indo embora)

-- Olá, pastor ! (Bel aparecendo na frente de Paulo)

-- O que foi demônio? Veio ver o que sobrou de mim? (Pastor Paulo)

-- Demônio, não! Eu sou a chefe de todos os demônios! A verdadeira “bixona” da goiaba! A que manda chumbo! A casca grossa do inferno! Eu sou a abelha rainha do mal! Dona Lúcifer! Não diminua meus títulos! Você esta blasfemando! No inferno, trocar meu título é pecado! É bom ir se acostumando! (Bel)

-- Desculpa, semi – deusa, por cansar tanto sua beleza! Está bem assim? (Pastor Paulo)

-- Olha! Quando você tentou destruir uma de suas igrejas eu realmente não acreditei, sinceramente não esperava que você iria tão longe “pra” se livrar do meu castigo. (Bel)

-- Eu tinha escolha? (Pastor Paulo)

-- Escolha não é uma boa opção nos negócios, espero que entenda, ninguém escolhe o inferno como primeira opção. É como eu digo! Ninguém quer morrer, mas todos querem ir “pro” céu. (Bel)

-- Está bom! O que você quer? (Pastor Paulo)

-- Vim lhe dar as boas notícias! (Bel)


-- Com a venda de suas igrejas e o fim do seu império, meus negócios estão voltando a crescer, o inferno está ficando cheio de novo! Não é demais? Você vai ter bastantes amiguinhos pra brincar quando chegar lá. Vai ser divertido, você vai gostar! (Bel)

-- Eu estou tão feliz com isso! Você nem imagina! (Pastor Paulo zangado)

-- Bem! Acabamos por aqui pastor, o vejo no seu funeral daqui há alguns anos, e foi um prazer fazer negócios com o senhor, Tchau! (Bel, desaparecendo na frente de Paulo)






Fim




   
         A promessa

(baseada  em  um  dos  contos  da
cripta de “Stephen Edwin King”)






(Pelotas, no presente)




--  Nossa! E pensar em como esta história toda começou! Esse monstro, essa coisa, maldita ideia! O que eu fui fazer? Quem podia imaginar que uma estátua poderia ganhar vida? Quem poderia imaginar que uma estátua poderia comer pessoas? (Wiliam, moreno claro, alto, de olhos azuis, elegante, apavorado)

--    O que você está me dizendo, amor? (Manuela, morena clara, de olhos castanho escuros, estatura mediana)

--  A estátua que criei há uns dois anos, você se lembra? Uma estátua de um monstro denominado Gárgula. Uma criatura meio homem meio morcego, com dois metros e meio de altura. Um mito medieval inglês, eu a fiz! E confesso que foi meu melhor trabalho como escultor, também ganhei muito dinheiro com ela. Lembro-me como se fosse ontem! (Wiliam)

--  Sim, lembro-me! Até saiu no jornal na época, o que tem ela? Por que você está tão assustado? (Manuela)

-- Bem! Vou contar tudo do início! (Wiliam)

(Pelotas, no passado)

--  Estamos aqui para inaugurar o nosso novo Mercado Municipal de Pelotas, e que esta estátua feita pelo escultor inglês Wiliam Peres, referente ao mito inglês denominado Gárgula, seja o símbolo dos avanços que a cidade de Pelotas tem recebido. Obrigado a todos! (Prefeito num palanque, sendo aplaudido por uma multidão)

--  É Wiliam, você fez um bom trabalho. Essa criatura de pedra, de asas abertas e ajoelhada, com dois metros e meio de altura! É! Dessa vez você se superou! (Ricardo, ruivo, alto, elegante, agente de Wiliam, perto do prefeito)

Esperava menos de mim, Ricardo? Por que então você me trouxe da Inglaterra? (Wiliam, o escultor da obra, perto do prefeito)

(Pelotas, no presente)

-- Depois daquele dia tudo mudou, e como mudou! (Wiliam)

--   Sim! Foi seu último trabalho como escultor, depois você começou a pintar quadros, não é isso? (Manuela)

--  Sim! Mas o que você não sabe é o motivo de eu ter desistido de fazer esculturas! (Wiliam)

-- Qual, amor? (Manuela)

--  Sei que nesses anos de casado lhe escondi isso, mas lá vai! (Wiliam)

(Pelotas, passado)

--  Olha Ricardo! Eu realmente quero desistir de fazer esculturas, pronto! Eu disse! (Wiliam, bêbado com Ricardo, caminhando num beco escuro de Pelotas)

-- Como assim, Wiliam? Você é o maior escultor que o Rio Grande do Sul já acolheu! Não pode estar falando sério! (Ricardo, agente de Wiliam, bêbado)

-- São os pesadelos, eu não consigo dormir mais! Você não sabe da história toda! (Wiliam)

-- Ei! Relaxa! Vai! Me conta! O que o psiquiatra disse? (Ricardo)

-- Ele disse que é uma doença chamada terror noturno, que é quando a pessoa tem os mesmos pesadelos todas as noites, e me receitou um monte de remédios que me deixam o dia inteiro grogue! (Wiliam)

-- E o que são esses pesadelos? (Ricardo)

-- São do Gárgula que eu esculpi, ele vive me perseguindo. Isso começou duas semanas depois da inauguração do Mercado! (Wiliam)

-- Sabe Wiliam! O que você precisa é de uma boa mulher? Já está com quarenta, cara! E é sozinho! Por quê? (Ricardo)

-- Você sabe que gosto de ser sozinho! Que mulher e filhos não são “pra” mim! (Wiliam)

-- Então olha “pra” você! Olha o que a solidão está lhe fazendo! (Ricardo)

-- Parados, é um assalto! Me vê a grana! (Um bandido, de repente, surge apontando uma arma para Wiliam e para Ricardo)

-- Calma! Vamos com calma! (Ricardo, tenso)

-- Toma! (Wiliam entregando a carteira, muito nervoso, os sinais da bebedeira sumindo por encanto)

-- Meu Deus! (Ricardo vendo o bandido com a cabeça caindo e rolando no chão)

--  O que foi que tirou a cabeça dele, Ricardo? (Wiliam com a camisa cheia de sangue e a carteira na mão)

-- Não sei, mas vamos embora daqui! (Ricardo)

-- Ricardo! (Wiliam vendo Ricardo ser decapitado por algo que passou no céu muito rápido, e que não pode ser identificado, ficando paralisado de medo no meio
da rua)

--   Você! (A Gárgula de seus pesadelos pousando na frente de Wiliam)

-- Isso não é possível! (Wiliam, sentindo as pernas falharem)

--  Se quiser continuar vivo vai ter que me fazer uma promessa! (Gárgula, com voz gutural aterrorizante)

-- Meu Deus! (Wiliam tentando correr, mas sem conseguir se mexer. A Gárgula pousa na frente dele, novamente)

--   Se tentar fugir novamente eu o mato! (Gárgula)

-- Que promessa? (Wiliam, caindo no chão de costas, com medo, vendo a Gárgula se aproximar dele, como um tigre a espreitar a presa)

-- Quero que você me prometa que nunca, mas nunca, nunca, nunca vai contar o que viu aqui! Entendeu? Se contar eu vou atrás de você e o mato! (Gárgula levantando Wiliam do chão pela gola da camisa com uma única mão)

-- Tá! Tá! Prometo! Prometo tudo! Prometo qualquer coisa! (Wiliam, gaguejando)

-- Então vá! O destino o espera! (Gárgula decolando e desaparecendo no céu)

-- Tenho que sair daqui! (Wiliam correndo pelos
becos escuros de Pelotas)

(Pelotas presente)

-- E foi nessa noite que a conheci, amor! (Wiliam)

-- Então era disso que você fugia aquela noite? (Manuela)

-- Sim! (Wiliam, mostrando para Manuela um quadro que ele pintara da Gárgula)

(Pelotas, passado)

-- Ai! (Wiliam tropeçando numa mulher enquanto corria da Gárgula)

-- Cuidado! (Manuela se levantando do chão)

-- Moça! Não vá naquela direção! (Wiliam)

-- Por quê? (Manuela)

-- Tem um...! Não! Não posso dizer! Ele pode estar ouvindo! (Wiliam)

-- Cara, você está bem? Está tremendo! E essa mancha de sangue na sua camisa? (Manuela)

-- Não posso falar! Mas só não vá “pra” lá! Está bem? (Wiliam)

-- Bom, eu moro “pra” lá! (Manuela)

-- Sei que você vai achar isso estranho, mas...! Você não quer dormir na minha casa? Eu moro perto daqui. (Wiliam)

–Cara! Essa é a pior cantada que eu já recebi, não tem outra melhorzinha, não? (Manuela)

-- Olha moça! Eu só estou tentando salvar sua vida! (Wiliam)

-- Você está muito nervoso, e esse sangue na sua camisa? Acho que está falando a verdade, nesse caso vou aceitar! (Manuela)

(Pelotas, presente)

-- Depois desse dia nós nunca mais nos separamos, e você me fez prometer nunca perguntar o que realmente aconteceu naquele dia! (Manuela)

-- Sim! Mas pessoas morreram aquela noite por está Gárgula, a polícia não faz ideia do que pode ter sido, mas eu sei! E agora você sabe! (Wiliam)

-- Sim, infelizmente sei! (Manuela chorando)

-- O que foi! Porque esta chorando? (Wiliam)

-- Você prometeu! (Manuela chorando)

-- Prometeu o que? (Wiliam)

-- Prometeu à Gárgula que nunca contaria para ninguém! (Manuela)

-- Sim, mas você é minha esposa! (Wiliam olhando “pro” seus dois filhos gêmeos que vendo a mãe, também começaram a chorar)

-- Promessa é promessa Wiliam! (Manuela mudando a voz e se transformando no Gárgula)

-- O que está acontecendo aqui? (Wiliam, desesperado, vendo seus dois pequenos filhos se transformando também em seres malignos)

-- Você não deveria ter contado a ninguém! (Gárgula atacando Wiliam)

-- Não...! (Wiliam sendo comido vivo pelas três Gárgulas)

“Então depois de comerem Wiliam, os Gárgulas voam até o Mercado Municipal de Pelotas e viram uma escultura.”



“Escultura desaparecida retorna misteriosamente a seu lugar de origem com mais duas esculturas menores. O escultor famoso que as criou é encontrado despedaçado em seu apartamento! (Um homem lendo o jornal no dia seguinte)




Fim





Menina das estrelas








O Evento

Parte I




“Habitantes e turistas de um vilarejo chamado Pedro Osório, Rio Grande do Sul, Brasil, afirmaram ter avistado objetos não identificados no céu. Alguns, inclusive, afirmam ter sido abduzidos e vítimas de experiência estranhas, feitas por alguém ou algo que não podem identificar. Por isso, como medida de segurança, o governo brasileiro instalou uma base militar no local com o intuito de esclarecer o ocorrido e tranquilizar a população local, mas meses se passaram nada foi descoberto, até agora. ”


Forças armadas

Parte II




--   Como estamos até agora? (Oficial Rodrigo, alta patente, olhando através de um vidro para uma nave alienígena encontrada nas Proximidades de Pedro Osório, ele está numa base do Exército instalada faz poucos meses nesta cidade)

--   Você sabe que essas coisas demoram, não sabe? (Segundo oficial superior, Rafael)

-- Como aconteceu? (Oficial Rodrigo)

--   Essa nave caiu faz uns dois meses atrás com três aliens e com pessoas que achamos terem sido abduzidas. Todos mortos, só um dos aliens ficou ferido e o outro está desaparecido! (Oficial Rafael)

--    Como sabem que tem um desaparecido? (Oficial Rodrigo)

--  Porque nos lugares que estavam os aliens, um estava vazio! (Oficial Rafael)

--  Quer dizer que tem um alien solto por aí? (Oficial Rodrigo)

-- Sim! (Oficial Rafael)

--   E a autópsia dos aliens mortos na queda? (Oficial Rafael)

-- Nada ainda conclusivo! (Oficial Rafael)

-- E as pessoas naquela nave? (Oficial Rodrigo)

--      Aparentemente, os aliens estavam extraindo tecidos dos órgãos e sêmen, encontrados em alguns frascos feitos de material não identificado! (Oficial Rafael)

-- Meu Deus…! (Oficial Rodrigo)

--      As buscas a procura do alien sobrevivente começaram desde então! (Oficial Rafael)

-- Bom! Muito bom! (Oficial Rodrigo)

--  E as pessoas mortas? (Oficial Rodrigo)

--    Eram mendigos, ninguém as reclamou! (Oficial Rafael)

--  Menos mal! (Oficial Rodrigo)






Parte IIII

O contato





(Num sítio em Pedro Osório)




-- Tá bom pai! Eu vou lembrar de ligar o a alarme! (...) É pai, eu sei que você está no Canadá em uma reunião importante e que a empregada está com filho doente...! Sei! Sei! Sei! Claro pai! Eu estive no quartel! Claro que sei fazer minha comida...! Daqui duas semanas ela volta? Então tá! Não pai! Eu não vou esquecer que começo a faculdade daqui há dois meses! (...) Beijos, fui! Graças a Deus! (Mike, cabelos e olhos castanhos, estatura média, dezoito anos, desligando o telefone).

(Barulho lá fora.)

--Que barulho foi esse? Acho que veio do celeiro, vou lá ver! (Mike saindo da casa e indo até o celeiro)

-- Tem alguém aí? (Mike acendendo a luz do celeiro)

-- Será que eu estou ficando maluco? (Mike)

--O quê? (Mike, vendo uma garota escondida no celeiro, sentada e encolhida no chão)

-- Oi! Tudo bem! (Helen, asiática, cabelos compridos estatura média)

-- Quem é você? O que faz aqui? (Mike)

-- Meu nome é Helen, eu só estava tirando um cochilo, sabe? Eu sofri um acidente! (Helen)

-- E porque não procurou um hospital? (Mike)

--  Bem eu não conheço nada por aqui e...! Bem só queria descansar um pouquinho! (Helen se levantando)

-- Deixe-me ajudá-la, moça! (Mike)

-- Obrigada! (Helen, delicadamente)

-- Deixe-me ver seu ferimento, não me parece muito grave, mas vou fazer um curativo! (Mike)

-- Mais uma vez, muito obrigada! (Helen)

-- Helen! Belo nome, meu nome é Mike! (Mike)


Parte IV

O laudo



(Acampamento do Exército)

-- E então! Como vai nosso paciente do outro mundo? (Oficial Rafael)

-- Parece que vai sobreviver, e já saiu o resultado da autópsia, esse é o nosso legista o doutor Ramires! (Tenente)

-- Prazer! (Doutor Ramires)

-- Prazer! (Oficial Rafael)

-- O resultado da autópsia é o seguinte, esse alien tem órgãos muito parecidos com os dos seres humanos. (Doutor Ramires, sendo interrompido por Rafael)

-- Como? (Oficial Rafael)

-- Pode acreditar, com a exceção do intestino e do estômago, que estão atrofiados, e o cérebro que é muito maior que o humano. Também tem uma pele meio acinzentada e a estatura baixa, a pele foi mandada para análise histológica. O resto tudo igual, bem parecido com o nosso. (Doutor Ramires)

-- Inacreditável! E do que ele se alimenta doutor? (Oficial Rafael)

-- Não dá “pra” saber, com seu sistema digestivo atrofiado... (Doutor Ramires)

-- E na Nave encontraram alguma coisa? (Oficial Rafael)

-- Ainda nada, os engenheiros estão pesquisando. (Tenente)

-- Certo! Mantenha-me informado tenente, vamos aguardar a recuperação do nosso visitante. (Oficial Rafael)

Parte V

O contato II





-- Pronto! Agora é só esperar cicatrizar. (Mike terminando de fazer o curativo em Helen)

-- Nem sei como agradecer! (Helen)

-- Pode me acompanhar na janta, eu cozinho muito bem. (Mike)

-- Nesse caso eu vou ficar só olhando, eu não estou com fome, espero que não se importe? (Helen)

-- Tudo bem, mas você não sabe o que “tá” perdendo, o melhor “bauru” da cidade. (Mike)

-- Eu acredito em você, mas essa eu passo. (Helen)

--Me diz uma coisa? (Mike)   -- Sim!(Helen)

-- Como sofreu o acidente? (Mike)

-- Foi de carro, eu atropelei um animal na estrada! (Helen, reticente)

-- Bom, se precisar usar o telefone? (Mike)

-- Obrigada, mas eu gostaria de passar a noite aqui se não se importa? (Helen)

-- Claro que não, será uma honra ter uma moça tão bonita como hóspede! (Mike)

--  Imagino! (Helen, beijando e começando a fazer amor com Mike)




Parte VI

O laudo II




-- E então! Mais alguma novidade? (Oficial Rodrigo)

-- Bem, o laudo histológico chegou, e é assustador! (Oficial Rafael)

-- Prossiga! (Oficial Rodrigo)

--  A princípio, a composição da pele se parece com a humana exceto...! (Oficial Rafael)

-- Exceto? (Oficial Rodrigo)

--  O fato de conter uma espécie de fungo que deixa a coloração da pele meio esverdeada. Estes fungos lembram os fungos aquáticos do nosso planeta, mas parece que é uma modificação genética dos mesmos, uma espécie de transgênico, uma mistura de múltiplos fungos com a aparente finalidade de se adaptar ao corpo dos hospedeiros dos aliens. Esses fungos têm uma quantidade enorme de uma espécie de clorofila e logo, absorvem luz estelar, no nosso caso solar. Daí produzem alimento para o indivíduo, mas em troca parece que o indíviduo, no caso nossos “etes”, precisam...! (Oficial Rafael sendo interrompido)


-- Como?  (Oficial Rodrigo)

-- É! E tem mais! (Oficial Rafael)
-- Mais? (Oficial Rodrigo)

--Eles não vieram do espaço! (Rafael)

-- Então da onde vieram? Será que debaixo do meu colchão? (Oficial Rodrigo)

-- Eles são viajantes do tempo! (Oficial Rafael)

-- Do tempo? (Oficial Rodrigo)



Parte VII

O Contato IV




-- Bom dia, gatinha! (Mike)

-- Ai! Meu sono “tava” tão gostoso! (Helen acordando)

-- Desculpe! Eu quis fazer uma surpresa, veja o que preparei! (Mike com o café da manhã de Helen, numa bandeja, ao lado da cama)

-- Ai que amor! Mas sinto não estar com fome, me perdoa? (Helen)

-- Você já não come há um bom tempo, tem certeza? (Mike)

-- Absoluta! (Helen)

-- Deixe-me ver sua ferida! (Mike pegando o braço de Helen de surpresa)

-- Nossa! Como pode ter cicatrizado tão rápido? (Mike)

-- Tenho que te mostrar uma coisa. (Helen)

-- O quê? (Mike)

-- Veja aquela estátua em cima da sua estante, e preste bem atenção. (Helen)

-- Sim! O que tem...? (Mike sendo interrompido por ver a estátua se mexer sozinha)

-- Aqui está! (Helen vendo a estátua vindo em suas mãos)

-- Como? (Mike pálido)

-- Ra, ra, ra... (Helen rindo)

--  O que é você? (Mike pálido, se afastando rapidamente da cama onde Helen está deitada)

-- Acho que temos muito que conversar! Senta aí! Eu não mordo! (Helen vendo Mike, sentando ao lado da cama de Helen perplexo.)



Parte X
Laudo IV




-- Mais notícias! (Oficial Rafael chegando à sala do oficial Rodrigo)

-- Diga! (Oficial Rodrigo)

-- O alien que estava na enfermaria morreu! (Oficial Rafael)

-- Então temos dois aliens mortos e um desaparecido, o que mais? (Oficial Rodrigo)

-- Sim! E tenho notícias da nave! (Oficial Rafael)

-- Quais? (Oficial Rodrigo)

-- Encontramos alguns aparelhos na nave com escritos numa linguagem semelhante ao alemão e ao inglês. (Oficial Rafael)

-- O que mais? (Oficial Rodrigo)

-- A nave começou a receber uma espécie de sinal de rádio e a acender um painel azul. (Oficial Rafael)

-- Isso só pode significar uma coisa! (Oficial Rodrigo)

-- O que senhor? (Oficial Rafael)

--  Localização! Traga-me um mapa! Agora! (Oficial Rodrigo)





Parte XI
Contato V





-- Tô ouvindo! (Mike)

--  Eu tive que atravessar o espaço-tempo para conhecer um rapaz como você. (Helen)

--  Isso parece muito romântico, mas “pra” mim você veio numa daquelas luzes estranhas que algumas pessoas têm visto por aqui, não é? (Mike)

--    Provavelmente, mas não assisto o noticiário por razões óbvias. (Helen) 

--   Algumas pessoas desapareceram e outras voltaram perturbadas por causa dessas luzes. Que quer de nós Helen? O que você quer de mim? (Mike)

--  Minha missão aqui já está quase acabada, só preciso voltar para onde vim; sã e salva para socorrer os da nossa espécie. (Helen)

-- Não compreendo! (Mike)

-- Acho que você merece uma explicação. (Helen)

-- Sim, e uma muito boa! (Mike)

--    No futuro daqui há cinco milhões de anos, nosso sistema solar entrará em colapso por causa do Sol, que terá queimado toda sua reserva de hidrogênio e por isso morrerá levando a terra e todo nosso sistema solar com ele. A Humanidade que você conhece, ou o que sobrou dela, terá que sobreviver em outro planeta semelhante à Terra, mas não igual! Para isso, fizemos algumas adaptações nos nossos corpos e outras vieram com o tempo, ao longo da evolução. Enfim, nós sobrevivemos até agora! (Helen)

-- O que houve? (Mike)

-- Como pouco da humanidade sobreviveu à catástrofe e depois de oito mil anos, nossa geração começou a apresentar uma série de problemas genéticos graves por sermos poucos e termos muitos cruzamentos consanguíneos, Não há nada que nossa ciência pudesse fazer a respeito, a não ser...! (Helen sendo interrompida)

-- Voltar no tempo! (Mike)

--   Sim, voltar no tempo e coletar amostras da antiga Terra, centro de origem da humanidade, para pegar amostras de DNA da nossa antiga espécie e misturar ao nosso. Mas mesmo assim não seria o suficiente, era preciso misturar a humanidade antiga com a nova, daí entra você! Estou grávida de você! E o DNA dessa criança salvará o que restou da humanidade daqui a 5,8 bilhões de anos do futuro! (Helen)

--  Então você não só atravessou o espaço, mas também o tempo para poder completar sua missão? (Mike)

--   Sim! Agora você entende o quanto importante eu sou agora nesse momento? (Helen)

-- Mas você parece uma de nós? (Mike)

--  Só externamente eu posso retomar à antiga forma humana, pois meu embrião foi modificado geneticamente antes de eu nascer para que eu pudesse engravidar de alguém como você! (Helen)

-- E você não come? (Mike)

--    Não preciso! Para nos adaptarmos ao novo planeta fizemos simbiose com várias espécies de fungos geneticamente modificados para converter luz em energia como nas plantas. Logo, nosso sistema digestivo atrofiou com tempo. Isso é possível porque nesse novo planeta temos duas estrelas, então podemos absorver bastante luz. Mas aqui só existe uma estrela e logo morrerei de fome. Por isso, tenho que voltar logo! (Helen)

-- Como posso ajudar? (Mike)

--  Depois que minha nave caiu levei um sinalizador, o escondi num local, numa fazenda, ele emite sinal de rádio para minha nave que caiu e essa emite um sinal para nave mãe que está no espaço e vai vir me buscar no local a onde deixei o sinalizador. (Helen)

-- Você sabe a onde? (Mike)

-- Sim! (Helen)

-- E quando? (Mike)

--    Daqui há alguns dias Mike, mas enquanto isso...! (Helen)

--  O que? (Mike, vendo uma pera flutuando junto com uma faca)

--  Que tal uma pera “tigrão”? (Helen, fazendo a pera se descascar no ar)

-- Mas você não come? (Mike vendo a pera indo em sua direção, suavemente)

--  E quem disse que é “pra” mim? (Helen, fazendo Mike flutuar levemente em direção à pera e a pera indo levemente em direção a ele)

-- Opa! (Mike desajeitado pegando a fruta)

-- Está gostoso? (Helen, começando a flutuar no ar)

--   “Tá” uma delícia, como é bom ser humano. (Mike flutuando no mesmo lugar comendo a pera)

--   Vem cá “tigrão”! Eu quero comer outra coisa! Eu tenho fome de você! (Helen, chamando Mike com o dedo de sua mão direita, fazendo o rapaz flutuar em sua direção suavemente)

--  Hum...! (Mike soltando a pera para beijar Helen, enquanto os dois giram em meio a um beijo cinematográfico no ar, dentro do quarto)

(Depois de algumas horas)

-- Pois não, soldado? No que posso ajudá-lo? (Mike de roupão de banho preto, atendendo a porta)

-- Oi queria lhe perguntar se você ou algum vizinho têm visto alguma coisa estranha, ultimamente? (Soldado Paulo escutando alguém descer as escadas na casa de Mike)

-- Como o quê soldado? (Mike vendo Helen atrás dele com um roupão de banho branco)

-- Tipo luzes estranhas no céu? (Soldado Paulo)

-- Não! E você amor viu alguma coisa? (Mike)

-- Não! (Helen tentando conter a risada)

-- E vocês têm visto alguma pessoa estranha com um comportamento estranho? Ou com coloração ou aspecto diferente? (Soldado Paulo sem jeito)

-- Tipo homens verdes? Com antenas? (Mike)

-- Talvez senhor, vocês virão algo sim? (Soldado Paulo, sem jeito, ficando vermelho)

-- Eu não vi nada assim não, você viu algum sujeito assim amor? (Mike)

-- Não, em absoluto!(Helen morrendo de dar gargalhadas)

-- Amor, é sério! Onde está seu patriotismo! E vai ver é um sujeito perigosíssimo, não é soldado? (Mike tentando segurar a gargalhada)

-- Bom...! É...! Qualquer coisa mantenha contato! E desculpa o incômodo! (Soldado Paulo se retirando, envergonhado)

-- Há se ele soubesse! (Mike fechando a porta enquanto Helen morre de rir)






Parte XII
O achado





(Depois de alguns dias é chegada a hora da partida)

-- Estamos quase chegando Helen! Pronto! Temos que prosseguir daqui a pé, esse carro não vai mais que isso no mato. (Mike parando o carro)

-- Certo! (Helen descendo do carro)

-- Escute! (Mike ouvindo barulho de helicópteros se aproximando)

-- Todos devem evacuar essa área! Houve um acidente com produtos tóxicos! Evacuem à area! (Alto- falante vindo do helicóptero)

-- O Exército! Eles estão sabendo! (Mike)

-- Estamos perto demais “pra” desistir agora, vamos! (Helen e Mike correndo na mata)

--Procurem por ali! (Soldado, com cachorro latindo)

-- Eles estão se aproximando temos que ir mais rápido (Mike e Helen correndo)

-- Veja! Ali! (Helen parando de correr)

-- O quê? (Mike parando de correr e olhando “pro” um entulho de pedras)

-- Me ajude a tirar isso! (Helen retirando algumas pedras do entulho)

-- Tá! (Mike tirando algumas pedras, rápido)

-- Aqui está! As Forças Armadas não acharam ainda! (Helen pegando um pequeno tubo de aço, com uma luz verde piscante)

Parte XIII
Enquanto isto, perto dali...

-- Não achamos nada ainda! (Oficial Rodrigo)

--  Já retiramos a população do local, e até agora nada. (Oficial Rafael)

-- Droga! (Oficial Rodrigo)

--    O que exatamente estamos procurando? (Oficial Rafael)

-- Uma espécie de sinalizador, ou algo mais. (Oficial Rodrigo)

-- O que devemos fazer agora senhor? (Um soldado)

--    Vamos encerrar as buscas e aguardar no local, transmita! (Oficial Rodrigo)

-- Sim, senhor! (Um soldado)

Parte XIV
O   adeus


--    Veja! Eles chegaram! (Mike e Helen vendo um enorme disco voador com luzes inimaginavelmente piscantes.)

-- Meu Deus!(Mike, boquiaberto)

--  Acho que é o fim Mike! Muito obrigada! Por tudo! A Humanidade futura ficará em dívida com você! Em meu mundo serão erguidas estátuas em sua homenagem! (Helen)

--  Não preciso virar nome de rua! Basta saber que terei um herdeiro que sobreviveu o espaço e o tempo! (Mike beijando Helen em meio a um mar de luzes)


-- Adeus! Jamais o esquecerei! (Helen acenando e desaparecendo em meio às luzes)

-- Adeus meu primeiro amor! Adeus meu filho! (Mike vendo a nave partir)


--  Parado aí! Se ajoelha no chão e mãos na cabeça! (Um soldado)

--  Então, garoto? Se despedindo de alguém? (Oficial Rodrigo vendo Mike cercado pela tropa)

Parte XV
No future


--   Mamãe! (Filho de Mike, meio humanoide e meio humano com aproximadamente dez anos)

-- Sim, meu filho! (Helen, humanoide)

-- E verdade que meu pai foi um herói! (Filho de Mike)

--  Sim, meu filho! (Vendo um horizonte vermelho com nuvens brancas e duas estrelas semelhantes ao nosso sol)

-- Por quê? (Filho de Mike)

-- Porque ele deu sua vida por todos nós. (Helen olhando abaixo do horizonte para uma enorme estátua de Mike)

Parte XVI
O presente


(Base militar improvisada em Pedro Osório, Rio Grande do Sul, Brasil)

--Me tirem daqui! Tirem-me daqui! (Mike preso numa jaula hermeticamente fechada de quarentena)

--  O que houve com ele! (Um soldado do lado de fora de guarda)

--   Parece que ele foi contaminado com uma toxina comum entre esses “etes” que estiveram aqui, todos que tiveram contato com eles pegaram, e é contagiosa. Ele só tem uma semana de vida, e não há nada que possa ser feito por ele. (Um outro soldado de vigia, pelo lado de fora)

--  Que pena, tão jovem, com a vida toda pela frente. (Um soldado)

-- Me tira daqui! Tire-me daqui! Socorro! Socorro! (Mike)

 Fim




  


A madame quer dedinhos








Parte I


Um chinelo velho para um pé torto



(Pelotas Rio Grande do Sul, num estacionamento)


-- Droga! Não aguento mais lavar carro! Quem mandou eu não terminar o colégio! (João, jovem, moreno claro, cabelos ralos curtos, gordo, alto, lavando um carro)

 -- “Tá” reclamando? Você tem que dar graças a Deus por estar trabalhando, meu irmão! Com tanto desempregado por aí! (Luiz, jovem, negro, baixinho lavando outro carro, ao lado)


-- O quê? Acha que isso é vida? Passar o resto da vida lavando carros nesse estacionamento? Com um salário de fome! (João)

-- Ei! As duas bonecas aí! Trabalhem mais e conversem menos! “Tô” pagando! (Chefe Ronaldo, gordo, alto, cabelos grisalhos, caucasiano)

-- Sim senhor, seu Ronaldo! (Luiz vendo chefe Ronaldo sair)

-- É ai que me refiro! (João)                             

-- Olha, João, seu problema é falta de mulher! Por que não se casa? (Luiz)

-- “Pra” você é fácil falar, é magro, é bonito, eu sou gordo, feio e sem dinheiro, eu não podia ser pior! (João)

-- Não é assim cara! Minha mãe sempre dizia, sempre existe um chinelo velho “pra” um pé torto! (Luiz)

-- “Pra” você é fácil falar, é casado! (João)

-- É, mas logo você também vai ser, tem que pensar positivo! (Luiz)

-- Sei! (João)

-- Olha lá, João! (Luiz)

-- O quê? (João vendo uma loira linda saindo de um carrão, Porsche vermelho, perto dele)

-- Olá meninos? Alguém pode limpar meu carro? (Rosana, loira, alta, linda)

-- Sim senhora, deixa com a gente! (Luiz gaguejando)

-- E você, bonitão? Tem dona? (Rosana)
-- Comigo? (João gaguejando)

-- Tem outro bonitão aqui, por acaso? (Rosana)

-- Não sei, não, digo, acho que não...! (João gaguejando)



-- Bom, se não tiver dona me liga! Sua vida vai mudar, acredite! (Rosana dando um cartão para João)

-- Sim senhora, madame! Pode deixar! (João)

-- Então está bem...! Estou aguardando...!
(Rosana indo embora)

-- Você viu isso? (João, espantado)

-- É, não falei que sempre existe um chinelo velho “pra” um pé torto! Mas e que chinelo hein? (Luiz)

Parte II

     Proposta indecente



(Pelotas, Pool Bar, noite)

--    Olá gatinho! Que bom que veio! (Rosana chegando na mesa de João)

--   Sim, senhora, é que achei que poderia ter sido algum tipo de brincadeira, mas não me leve a mal “tá”? Eu “tô” um pouco nervoso, só isso! (João)

--   Eu entendo, mas vamos falar de negócios! (Rosana)

--Negócios? Que tipo de negócios uma mulher como você poderia querer comigo? Não me leva a mal dona Rosana, mas lavar carros é o único negócio que eu sei, a menos que seja para lavar o seu carro. Fora isso, eu acho que não teríamos muito o que negociar. Bom, eu acho! Sei lá, né? O que mais eu poderia fazer pela senhora, além de lavar o seu carro? (João, sem jeito, tropeçando nas palavras)

-- Muita coisa! (Rosana)

--Bem! Então diga! (João)

-- Calma! Tudo ao seu tempo! (Rosana)

-- Ah! Claro! Sei! (João)

--  Primeiro, me diga! O que você mais deseja? Algo que alguém como eu, com muito dinheiro, poderia fazer por você, hein? (Rosana)

--  Bem, ah! O que poderia ser? (João, olhando disfarçadamente para o decote de Rosana)

--  Vamos! Use a sua imaginação! Vamos ver se você é criativo! (Rosana, notando o olhar de João)

--  Não lhe parece óbvio? (João, sem jeito, por ver que ela havia notado seu olhar)

--Claro, meu safadinho! Tudo que você quiser! (Rosana, abrindo um sorriso amplo e lindo)

--      Então, você simplesmente topa? (João espantado)

-- Sim! Claro! Você acaba de ganhar o pacote completo! Anal, oral tudo que sua fantasia mandar! (Rosana)

--  E o que eu preciso fazer? Acho que não é de graça, né? Ou é? (João)

-- Na verdade, eu queria um dedo! (Rosana)

-- Dedo? Que dedo?(João)

--   Sim, um de seus dedos, pode ser qualquer um! (Rosana)

-- “Tá” e “pra” quando seria? (João, desconfiado)

--  Bom, se você me desse o dedo agora poderia ser já, mesmo. Mas se prefere um tempo “pra” pensar? Podemos combinar outro dia, você já tem meu cartão! (Rosana)



-- Então, acho que vou cortar meu dedo em casa e depois você me pega de carro, é isso? (João)

--  Bem, se quiser, você pode cortar agora lá em casa, daí eu já podia cumprir a minha parte do acordo, e antes disso aproveito uma ducha enquanto você corta seu dedo. Que tal? (Rosana passando a mão no decote)

--  Claro! “Pra” mim parece ótimo. (João, animado olhando o decote de Rosana)

-- Então, vamos? (Rosana)

--Vamos! (João)



Parte III
Um por um





--   Bom, chegamos! A cozinha é ali! Como eu não sei onde está a tesoura vai ter que ser mesmo de faca, deve ter uma boa faca lá em algum lugar. (Rosana, em sua mansão, próximo da Baronesa, na sala de estar apontando para a cozinha)

-- “Tá”! (João)

-- Ah! Tome isso! (Rosana)

--   O que é isso? (João pegando um vidrinho contendo um líquido transparente)

--  É um vidrinho contendo formol, é para seu dedo, eu coleciono, é um fetiche! (Rosana)

-- Fetiche, é? (João)

--  Um hobby, e Ah...! A propósito, tenta não sujar tudo está bem! Tem um paninho embaixo do balcão de pia, eu estarei lá em cima, no meu quarto, te esperando, é a última porta da esquerda, não tem como erra! (Rosana)

--“Tá” bem…! (João, meio hipnotizado pela situação toda)

--  Ah! E não esquece o dedinho! Tchau! Vê se não demora! (Rosana)

--   “Tá”, então “vamos” à cozinha! (João vendo
Rosana subir uma escadaria e depois ele se dirige até a cozinha)

--  Bom, vamos cortar o dedinho! Onde está a faca? Vejamos...! Aqui! Essa deve dar, não tem facão, vou tentar com a faca de cozinha mesmo, fazer o que? (João pegando a faca de cozinha)

--   Um, dois, três, e ah...! Ficou preso no osso, não vai dar “pra” ir batendo, eu vou tentar cerrando, ah...! Como dói! (João com a faca pendurada no dedo tentando cerrar osso)

--  Não dá! Tem que ser facão! Não tem jeito! Mas como vou achar um facão nessa cozinha imensa? Ah...! (João procurando o facão com a faca pendurada presa no dedo e sujando toda a cozinha de sangue)

-- Aqui! Aqui está! Ra! Ra! Achei você! Essa deve servir, mas primeiro tenho que tirar a faquinha do meu dedo para introduzir a outra. Vamos lá um, dois três! Ah...! Quanto sangue! (João com dor tirando a pequena faca de cozinha do dedo)

--      Agora com a outra! Um, dois, três! Ah…! Dor....! (João)

--  Droga! Cortei só a metade! E a outra metade ficou serrada com o osso exposto, é a bebida, ah...! (João)

--  Acho que ela não vai querer só a metade de um dedinho é melhor eu cortar o resto antes que coagule um, dois, três! Ah...! Deu certo agora é só embalar pra presente. Ah...! (João botando seu dedo dividido em duas partes no pote com formol)

--   Acho melhor eu limpar a cozinha, se não a empregada dela vai ficar uma arara! (João)

(Algumas horas depois)

--  Oi! Desculpe a demora dona Rosana, são os imprevistos...! (João vendo Rosana se levantar da cama)

-- Nossa! Já era sem tempo eu já “tava” no quinto sono! (Rosana, bocejando)

--  Aqui está dona Rosana! Seu dedinho, só ele ficou em dois pedacinhos, espero que não se importe! (João com sua mão sangrando, enrolada em uma toalha)

-- Me dá isso aqui! (Rosana pegando o vidro)

-- Veja isso! (Rosana abrindo um grande armário, e mostrando, dentro dele, centenas de vidrinhos, cheios de pequenos pedaços humanos com formol, cada um com a etiqueta com nome de cada ‘dono’)

--       É melhor ir ao banheiro, tem um esparadrapo lá! (Rosana escrevendo o nome de João e colocando o vidro no armário e, imediatamente, fechando o mesmo)

--     Que bonita coleção, dona Rosana! (João sorrindo, meio for a do ar)

--   Está bem, mas ande logo, já está quase na hora do meu café da manhã, e já vai pensando na sua fantasia sexual preferida, vamos ver se você é criativo, surpreenda-me, e a propósito, o banheiro é ali! (Rosana)

--   Sim senhora, Dona Rosana! (João correndo pro banheiro)

--  Isso! E anda logo! (Rosana com as duas mãos na cintura)

(Uma hora de sexo anal depois...)

-- Ah...! Gozei! (João)

-- Ótimo! (Rosana)

--  Quero mais...! (João)

--  Está bem! Mas anda logo! Está amanhecendo e eu estou com fome! (Rosana ouvindo João descendo as escadas)

(E na cozinha)

--Um, dois, três, Ah...! (João)

-- Ah...! O que um rabo não faz! (João) (E mais uma hora de sexo anal depois...!)

--  Obrigado pelo café da manhã dona Rosana, estava delicioso! (João na porta da mansão de Rosana)

--   Não há de que, mas espera aí? Como você pretende ir embora? (Rosana com as mãos na cintura)

--  De ônibus, dona Rosana, por quê? A senhora quer me dar uma carona? (João)

--    Que tal um carro? Nesse exato momento? Tenho três carrões aí na minha garagem, você pode E eu quero mais um dedo! É por gozo! (Rosana)

-- Sim, dona Rosana! Vou pegar! (João)

--   Escolher um deles, que tal? (Rosana)

--  É até melhor, porque assim eu não me atraso “pro” trabalho, a senhora teve uma boa ideia! (João sorrindo)

--    OK! Então toma! (Rosana dando mais um vidrinho com formol para João)

-- A senhora é um Anjo, dona Rosana! (João)

--  Está bem, mas anda logo! Eu ainda tenho que sair! (Rosana vendo João entrando em sua mansão, novamente)

(E na cozinha)

-- Ah...! Como dói! (João)


Parte IV
João sem dedos


(No trabalho)

--  Nosso chefe! Olha quem tá naquele Porsche vermelho chegando! (Luiz)

-- Nossa é o João! (Chefe Ronaldo)

--      Oi! Onde eu posso estacionar? (João chegando de carro)

--   João! Você trouxe esse carro “pra” lavar? De quem é? (Luiz)

--    De quem você roubou isso João? (Chefe Ronaldo)

-- É uma longa história. (João)

(Depois de João dar sua explicação)

-- João, você é louco! (Luiz)

-- Pirou de vez! (Chefe Ronaldo)

--  É! Mas valeu a pena! Dona Rosana é tão boa “pra” mim, hoje vou me encontrar com ela de novo, ainda tenho que negociar uma casa, dez milhões, e mais um sexo anal. Não sou esperto? (João rindo)


                                             Parte V

  Se vão os dedos e ficam  se os anéis



(Mais tarde na mansão de Rosana)

-- Ah...! Como dói! Mais eu “tô” rico! Dona Rosana é tão boa “pra” mim, ai! Ai! (João, sorrindo, apaixonado e agora com somente dois dedos na mão, sem uma orelha e com um dos olhos furados)




                                                 Fim


A lenda









Parte I
O aviso





(1860, em uma Tribo indígena, nos arredores da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul)

-- Senhor, somos amigos há anos, desde pequeno venho a esta tribo com meus já falecidos pais, fazemos negócios há anos, eu tenho terras muito lucrativas aqui em Pelotas, não entendo porque não concede a mão de Kerane em casamento? Ela é da sua tribo, isso ia fortalecer nossa aliança sem falar que eu a amo! E ela quer ficar comigo! É a vontade dela! (Juarez, senhor de terras, 30 anos, cabelos curtos negros, olhos castanhos)

--Vou explicar. Ela não é como nós senhor, Juarez, Kerane é filha de um Deus. E quando chegar a hora, ela deve ser devolvida ao pai dela. Tente entender senhor
Juarez, ela não é como nós, índios, e nem como vocês homens brancos. Kerane é filha de um Deus, um Deus muito poderoso que logo ira reclamar pela filha! (Chefe Tupã da tribo dos Arachanes, um velho e sábio senhor índio)

--  Não entendo! Onde quer chegar? Pensei que vocês tivessem se convertido ao Cristianismo, afinal só há um Deus! (Juarez)

--  Não espero que entenda senhor Juarez, apenas que aceite pro seu próprio bem... acho, inclusive, que deveria arrumar uma mulher branca como senhor, acho que seria mais bem vista pelo seu povo, sem falar que Kerane não pode ter filhos, os filhos dos deuses não podem ter filhos com os homens! (Chefe Tupã)

--   Isso é loucura, não espere que eu acredite nessas lendas idiotas, eu sou cristão e batizado pela Santa Igreja Católica, assim como Kerane será! (Juarez, furioso)

--   Eu também sou, senhor Juarez, mas as lendas dos nossos ancestrais existem por algum motivo e elas servem para evitar erros que já foram cometidos no passado, erros que meus ancestrais se arrependem amargamente de terem cometido! (chefe Tupã)

--  Por favor, meu amor, me leva daqui! Eu estou com medo! Eu não quero ser entregue aos Deuses! (Kerane, índia alta de 16 anos, de extrema beleza)

-- Claro que não, meu amor, o único Deus a quem você será entregue é ao Nosso Senhor Jesus Cristo! (Juarez, puxando uma arma)

--  Está cometendo um grande erro meu amigo, do qual irá se arrepender amargamente como meus ancestrais! (Chefe Tupã)

--  Eu conheço Kerane desde os seus nove anos, como posso estar enganado? Ela sempre foi dócil e meiga, um amor de pessoa! Enganado eu? Meça suas palavras Tupã! (Juarez)

--   Eu sei! É difícil de entender, mas lhe garanto que daqui há dois anos essa garotinha dócil e meiga que você conhece se tornará no que vocês católicos chamam de demônio, mesmo essa menina com cara de anjo, homem branco, pode se tornar o pior pesadelo de um mortal! (Chefe Tupã)

--  Ela é só uma garotinha de dezesseis anos, o senhor é louco ou vendeu sua alma a Satã, eu vou é embora daqui, e Kerane vem comigo! (Juarez)

--   Homem branco! Eu conheço um provérbio da sua própria religião católica que diz que a maior façanha do Diabo foi convencer o mundo de que ele não existia! (ChefeTupã)



-- Vamos querida, quem tentar me impedir levará chumbo! (Juarez subindo no cavalo com Kerane)





Parte II
Mistério




(Dois anos depois, nas terras de Juarez)

-- Meu amor eu nunca havia sido tão feliz como nesses últimos dois anos de casado! (Juarez)


-- Sim, meu amor, eu sinto a mesma coisa, a única coisa que me entristece é não ter conseguido lhe dar um filho e ter rompido laços com minha família. (Kerane)

-- Teremos ainda muito tempo para tentarmos novamente ter filhos minha querida...! Quanto à sua família, você não chegou a conhecer seu pai e sua mãe faleceu quando ainda era uma criança, não acho que sua tribo seja sua família de fato, imagine o que iriam fazer com você se ficasse? Eles também eram meus amigos e amigos de meus pais, mas eu não poderia arriscar perdê-la, além do mais, às vezes, também sinto falta de conversar com o velho Tupã, Chefe da sua tribo, mas não tinha outro jeito! (Juarez, tristonho)

-- Entendo, meu amor! (Kerane)

--  Bom, tenho que ir, parece que um dos meus homens morreu e eu tenho que investigar, te vejo mais tarde amor! (Juarez)

(Uma hora de cavalo depois...)


-- O que houve? (Juarez)

-- Veja isso, senhor! (Um escravo apontando para um braço e roupas sujas de sangue no chão)

-- Meu Deus, o que será que houve! (Juarez intrigado)

-- Não sei senhor, nunca vi uma coisa dessas! (Um escravo)

-- Sabe quem era? (Juarez)

--  Achamos que pode ser Manuel, ele foi dar uma volta ontem de noite e não voltou mais! (Um escravo)

--   Entendo, vou mandar alguns homens averiguarem, enquanto isso me mantenha informado das notícias, eu vou estar em casa! (Juarez)

--  Sim senhor! (Um escravo, vendo Juarez saindo com o cavalo)


(E nesta mesma noite)

--       Procuramos por tudo meu senhor, e não encontramos nada fora do comum! (Um peão)

--   Sinceramente senhor, acho que pode ter sido uma onça, nós vimos uma antes de virmos “pra” cá! (Um outro peão)

-- Certo! Amanhã iremos procurar por ela! (Juarez) (Mais tarde, no jantar)

--   Juarez o que houve para os escravos ficarem tão agitados? (Tália, irmã de Juarez, morena clara como ele, 45 anos)

-- Um dos meus homens morreu e, por favor, não use o termo escravo, eles são livres “pra” ir e vir, afinal os negros nos ajudaram na Revolução Farroupilha. Eles também têm direitos, se Deus quiser, a abolição da escravatura vai chegar aqui no Brasil como já chegou a outros lugares do mundo e aqui em minhas terras! (Jurais)

-- E o que aconteceu? (Tália)

--   Os peões acham que foi uma onça, mas não sei, nunca vi uma onça fazer algo assim! (Juarez, preocupado)



-- O que acha, Kerane? (Tália)

-- Será que não pode ter sido uma briga? (Kerane)

-- Acho que não, tudo que eu encontrei foi um braço e umas roupas rasgadas e sujas de sangue, não me parece ter sido uma briga! (Juarez)

-- Podem ter escondido o corpo? (Kerane)

--  Não creio! Se não, também esconderiam o braço e as roupas. Por que haveriam de se deixar um braço para trás? (Juarez)

-- Mistério...! (Tália)

--  Vamos esperar e ver o que acontece. E como foi o passei antes do jantar, amor? (Juarez olhando pra Kerane)

--    Ótimo, como sempre! (Kerane abrindo um belo sorriso)


Parte III
Tragédias



(Um mês depois)

--  Tália! Eu não sei mais o que fazer! Meus homens morrendo um a dois por dia! Os ex escravos estão querendo fugir! E muitos dos meus peões estão abandonando o serviço, eu estou num pesadelo? O que eu faço, Tália? (Juarez)

-- Procuraram a onça direito? (Tália)

-- Procuramos por tudo o que é parte não encontramos nada! Andam dizendo que é até um lobisomem! Acredita nisso? (Juarez)

-- Lobisomem? Em Pelotas? Não! (Tália, incrédula)

--   Olha, mesmo que fosse um lobisomem! Isso ataca também de dia e dizem que eles atacam somente de noite! (Juarez)

--   O que pode ser, então? Ataca as pessoas e só deixa um pé, ou uma perna, ou braço, o resto some, onde está a lógica nisso, que animal seria tão faminto assim? (Tália)

--Não sei Tália, juro que não sei! (Juarez)

--   Juarez você é um cara estudado, estudou fora do Brasil, foi pra Europa, se você não sabe a resposta não espere que eu saiba, não é mesmo? (Tália)

--  Falando nisso, onde esta Kerane? Não me diga que ela saiu novamente? Essa mulher não para em casa, e este animal à solta! (Juarez)

--   Você sabe que sua esposa é danada pra andar a cavalo, sempre foi! Adora andar a cavalo ao redor da fazenda, sempre foi assim! (Tália)

--   Eu me preocupo com ela! Tenho medo que algo aconteça, eu nunca me perdoaria se algo de ruim ocorresse, eu a amo demais! Ela é a mulher da minha vida! (Juarez)

--  E adianta falar com ela “pra” não sair de casa? Ela por um acaso obedece? (Tália)

--  Senhor! Os ex escravos estão fugindo! E nós não somos muitos “pra” contê-los” O que faremos, meu senhor? (Um peão entrando na sala de jantar em pânico)

--    Quer saber? Deixe que se vão! Não posso mais garantir a segurança deles, tenho que encontrar essa coisa e matá-la, senão nem mesmo minha própria família estará a salvo. (Juarez, apavorado)
--  Mas, meu senhor, e quanto à colheita? E a criação de gado? O senhor vai falir! (Peão)

--   O que quer que eu faça? Como você mesmo me disse, não temos homens o suficiente para detê-los! Quer que os ex escravos entrem aqui e matem a todos nós da casa? É mais fácil esperarmos o caçador que eu mandei chamar de Londres e acabarmos com essa onça, ou seja lá o que for isso. Além do mais tenho minhas reservas no banco, não iremos falir tão fácil! (Juarez)

-- Sim, senhor! (Peão)

--   Tália! Onde vai toda arrumada com esse vestido vermelho? (Juarez)

-- Sabe que dia é hoje? (Tália)

--  Por quê? Deveria? Tudo o que sei é que não é um bom dia “pra” mim e nem pra essa fazenda. (Juarez)

--  Hoje é dia do baile, sabe fandango, churrasco..., sinto muito meu irmão, essa “sussa” do lobisomem já dura mais de um mês, eu deixei de me casar “pra” cuidar de você e dessa fazenda, não posso ficar com você essa noite, sinto muito. (Tália)

-- Mas minha irmã é perigoso ir lá fora! Não vê? (Juarez)

--  Eu não vejo nada, seja o que for só mata escravos e peões, nós estamos a salvo, além do mais, não morre quem nunca viveu! (Tália saindo)

-- Você! Quantos peões ainda temos? (Juarez)

--Três comigo, senhor! (Peão)

-- Então vá com minha irmã e a ajude no que ela precisar, mande os outros dois procurarem Kerane! (Juarez)

--Sim senhor! (Peão saindo)




Parte IV
Querido, cheguei!



(Quatro horas depois)

--         Oi querido! Cheguei! Dormiu no sofá? Tadinho! (Kerane)

-- Nossa, que horas são? (Juarez acordando)

--  Não sei, mas é bem tarde, e eu estou tão cansada amor! (Kerane)

-- Está com fome? (Juarez)

--  Não obrigada já comi, e muito! (Kerane deitando no sofá)

-- Onde esteve? O que comeu? (Juarez)






--   Fiquei um pouco com sua irmã na Quermesse, eu a encontrei indo “pra” lá, daí me convidou, falou que não queria ficar sozinha com aquele capixaba do seu peão, daí já jantei por lá mesmo! (Kerane, deitada no sofá com sua cabeça no colo de Juarez)

-- Entendo! (Juarez vendo Kerane dormir em seu colo)

--“Minha mulher indo para a Quermesse sozinha, mesmo com minha irmã, isso já é demais, se bem que é
índia não é?” (Juarez pensando, vendo Kerane dormir de boca aberta, quando de repente vê fiapos vermelhos entre os dentes de sua amada)

--  O que é isso? (Juarez abrindo a boca de sua esposa bem de vagar com os dedos sem que ela acorde)

--   “Esses fiapos vermelhos são do vestido de minha irmã! Tália!” (Juarez pensando alto, apavorado)

--“Há, sua danada! Sei bem o que você comeu!” (Juarez tirando a cabeça de Kerane do colo bem de vagar)

--“Preciso chamar meus homens, essa índia que se diz minha esposa é o monstro”!(Juarez vendo Kerane dormir no sofá e saindo de mansinho da sala)


Parte V
A filhinha do papai





--  Tenho que achar meus homens e dar um fim nisso! Chefe Tupã estava certo, ela é filha de algum Deus do mal, um Deus satânico, talvez até a própria besta! Mas eu a amo tanto, por quê? Meu Deus! Por quê? Kerane meu amor, por que fui lhe amar tanto? (Juarez chorando na varanda de sua casa, tentando procurar seus homens)

-- Há, se o coração pudesse escolher, não é? (Kerane, atrás de Juarez)

-- Eu sei de tudo! (Juarez, virando-se, ensandecido)

--  É, eu sei! Mas não estou surpresa, cedo ou tarde você descobriria tudo, era só uma questão de tempo! (Kerane)

--  Você vai me matar também? Sabe? Prefiro a morte a acreditar que nesse tempo todo eu era seu jantar! Assim como os outros! (Juarez)

--   Não, meu amor! Eu realmente te amo! Sempre te amei! Você me salvou de um destino terrível nas mãos dos outros índios. Nunca faria mal a você, nunca! (Kerane chorando)

-- Você ainda me ama? (Juarez chorando)

-- Sim! Muito! (Kerane chorando)

-- Então, por que fez isso? (Juarez chorando)

--  Porque eu preciso! Para eu continuar viva eu tenho que comer gente, não foi por mal, mas é que... Eu tenho que comer pessoas pra poder sobreviver, você entende? (Kerane chorando)

-- Mas até minha irmã Tália? (Juarez chorando)

--  Eu precisei! Ela ia me entregar. E logo eu ia ser morta linchada pelos seus homens, ou queimada na fogueira pelos bispos, como uma bruxa ou demônio, você entende? (Kerane chorando)


-- Não! Não entendo! (Juarez, desesperado)

--  Enquanto eu ‘jantava’ seus dois homens, aqueles que você mandou para me procurarem primeiro, Tália, sua irmã, me viu e o capixaba que a acompanhava acabou quase me matando com uma arma, mas eu o matei primeiro! (Juarez, desesperado)

-- Jesus! (Juarez, sem acreditar no que ouvia)

Então fui atrás da sua irmã, mas ela não me ouviu, ela subiu na árvore achando que poderia escapar, me chamava de assassina e que iria me entregar às autoridades locais, ela não me ouvia você entende? Eu precisei matá-la! Eu sinto muito! E eu nem estava mais com fome! (Kerane, chorando)

--     E como viveremos daqui para frente? (Juarez chorando)

--  Olha, tudo podia voltar a ser como era antes, mas eu só precisaria de um, quero dizer, no máximo dois

homens como refeição por dia, e poderíamos continuar com nosso ninho de amor sem ninguém desconfiar! (Kerane chorando)

--  Mas será que meio homem não dava pra dois dias? Tipo, nós podíamos fazer um charque com as outras metades, daí você ia comendo! (Juarez chorando)

--   Não dá amor! Eu ainda ia ficar com fome! (Kerane chorando)

-- Meu Deus o que eu faço? (Juarez desesperado)

--   Nada! Deixe-a conosco! Nós viemos entregá-la ao pai, Deus Tau! (Chefe Tupã com mais dez outros índios fortemente armados)

--  Eu não vou deixar meu marido! Eu o amo! (Kerane se transformando num lobisomem)

--  Não pode conosco Kerane, somos Dez, seu pai, Deus Tau, esteve na aldeia hoje. Estava a sua procura, como não a levamos até ele, ele veio até nós, e como não a encontrou na aldeia ficou muito zangado, falou que iria vir aqui e lhe levar para o céu junto a ele, e a força pelos cabelos se fosse necessário! (Chefe Tupã)

-- E quando ele vem? (Juarez)

--  Logo! Veja! Lá está ele! É Tau chegando! (Chefe Tupã apontando “pro” céu mostrando uma pequena nuvem escura crescendo rapidamente num imenso céu nublado)

--  Que nuvem é aquela? (Juarez, vendo a nuvem escura crescer em direção a eles, encobrindo tudo)

--     Que barulho é esse? (Kerane, vendo pequenos relâmpagos na nuvem e escutando um barulho semelhante ao que hoje seria “pra” nós a um ar condicionado, velho e barulhento)

--  Deus Tau! Leve o que está no seu direito! Leve tudo aquilo que lhe foi prometido grande Deus Tau! Venha reclamar sua filha! (Chefe Tupã vendo um grande disco voador gigante com luzes reluzentes inexplicáveis saindo da nuvem escura)

-- Deus do Céu! O que é isso? (Juarez, em choque)

--  Amor não deixe que me leve! Por favor! Não pai! nu Não quero ir! (Kerane chorando voltando ser normal)

--  Você precisa ir para o céu, governar o mundo ao lado de seu pai! (Chefe Tupã)

-- Não papai! Não...! (Kerane sendo sugada por uma luz que incide sobre ela e a leva para dentro do disco voador)

--  O que é isso? (Juarez vendo o disco entrar na nuvem e desaparecer)

--   Adeus Kerane! Foi bom tê-la conosco! (Chefe Tupã vendo a nuvem regredir de frente para trás, desaparecendo no horizonte)

-- Eu quero respostas Tupã! (Juarez)

-- As terá! (Chefe Tupã)





Parte VI
A   explicação





Há cada 20 anos o Deus Tau aparece, chama uma das nossas mais belas mulheres da tribo em meio à madrugada, de maneira que somente elas possam escutar, e entender. Depois as induz a ir para longe da tribo e a olhar para o céu estrelado da madrugada, na beira da Lagoa dos Patos prateada pela lua cheia, então Tau vindo do céu aparece, e as leva por três dias, mas ao retornarem estão grávidas. Quando a crianças nascem, são diferentes, se destacam em tudo, aprendíamos muito com elas, nossa tribo prosperava muito com o que elas sabiam, mas depois aos dezoito anos tínhamos que devolvê-las a Tau, senão elas se transformavam em coisas horríveis, o que vocês homens brancos conhecem como lobisomens, e começam a matar nossos homens.

 



O grande problema dos filhos de Tau, é que são muito bonitos e carinhosos, seduzem as pessoas da tribo e fazem de tudo para não irem embora com Tau, mas nós aprendemos a dura lição, meus ancestrais diziam que a primeira vez que isso aconteceu, antes do homem branco sonhar em aparecer, uma mulher também chamada Kerane deu a luz a sete gêmeos que fizeram nossa tribo prosperar durante dezoito anos, mas esses sete filhos de Tau haviam convencido nossa tribo a não os deixarem serem levados por seu pai. Logo pagaríamos o preço, o resultado foi a quase aniquilação de nós, Arachanes, só depois de muito custo conseguimos entregá-los a Tau. Essas sete crianças foram denominadas das sete coisas horríveis, que fizeram o período mais próspero e depois o mais miserável da nossa tribo. Então, quando um filho de Tau não é entregue a ele, esse se transforma numa coisa horrível.
  Sinto muito por você caro amigo, estava apaixonado por ela, mas geralmente as pessoas ficam apaixonadas pelos filhos de Tau, acredito que a única garantia que Tau, o Deus, tem de ter seus filhos de volta e depois de dezoito anos é eles se transformarem em coisas horríveis, se não nunca os entregaríamos, e sem dúvida nenhuma, Kerane foi muito útil para nós, aprendemos muito com ela. Esta amanhecendo, caro Amigo, nós temos que ir! Adeus! (Chefe Tupã)

-- Adeus! (Juarez)

OBS: Essa história é inspirada numa lenda dos índios Arachanes, que habitavam a parte sul do sul do Brasil. Aqui em Pelotas, a tribo ocupava uma parte próxima à Lagoa dos Patos.





Fim





A garotinha


(Este conto é inspirado no filme Marca da vingança sendo que o título original Hertless escrito e dirigido por Philip Ridley)





Parte I

Fausto




(Na cidade de Pelotas, noite)

--  Vai ser só isso, Fausto? (Um senhor de idade, Julho, dono de um minimercado no bairro Simões Lopes, Pelotas, RS)

--   Sim, é só! (Fausto, vinte e sete anos, tímido, estatura média, moreno, olhos azuis, e com uma mancha de nascença que cobre toda a metade do seu rosto e vai até o ombro esquerdo, dando a ele uma aparência horrível.)

-- Tchau Fausto! (Julho)

-- Tchau! (Fausto indo embora com suas compras)

--  Vovô quem é ele? (Gabriela, vinte anos, usa óculos, cabelos e olhos castanhos, bonita)

--  É uma longa história, ele nasceu com essa mancha, é um bom rapaz, eu conheço ele e a família dele há anos! (Senhor dono do minimercado)

-- Entendo, coitado! (Gabriela)

(Mais tarde no conjunto habitacional onde Fausto mora)

--  Droga! Não consigo achar a chave! Deve estar aqui em algum lugar do meu bolso! (Fausto procurando a chave escutando uma pessoa chegar)

--     Olá! Tudo Bem? (DJ, afro, musculoso e alto, universitário)

--       Tudo! (Fausto, tentando esconder seu rosto disfarçadamente o virando para o outro lado)

--    Meu nome é DJ, eu me mudei pra cá faz duas semanas, sabe, é a primeira vez que eu o vejo, somos vizinhos! (DJ estendendo a mão)

-- Prazer! Eu sou Fausto! (Fausto estendendo a mão)

-- Quer uma ajuda com as compras? (DJ)

-- Não, obrigado! (Fausto abrindo a porta)

--  Vamos, não seja tímido! Não me custa! E depois uma mão lava a outra, Talvez você possa me fazer um favor qualquer dia desses! (DJ)

-- Esta bem! (Fausto pegando as compras junto com DJ)

(Cinco minutos depois dentro do apartamento de Fausto)

--   Bem é isso, Você tá a fim de beber alguma coisa comigo perto da Universidade? (DJ)

--   Não sei se eu seria uma boa companhia! (Fausto, mostrando o rosto)

-- Oh! Meu Deus! Eu sinto muito! (DJ)

-- Tudo bem, você não sabia, eu entendo! (Fausto)

-- Mas deixa de ser bobo, vai! Vamos tomar algo! (DJ)

-- Está Bem! (Fausto)

(Uma hora depois, no bar)

--   Barman”, duas cervejas bem geladas por minha conta! E aí, me fala sobre você! (DJ)

--  Eu sou fotógrafo, trabalho com meu tio e meu irmão no centro! (Fausto)

--   Eu vou começar a cursar a Universidade Católica agora na próxima segunda de tarde, sou do Rio de
Janeiro. Como sabe estou aqui faz pouco tempo, eu moro sozinho e não conheço ninguém, sabe? Pode me dizer como é a noite nessa cidade? (DJ)

--  Não sei lhe dizer, eu não saio muito, eu passo meu final de semana com meus tios e no meu tempo livro eu leio, adoro ler! (Fausto)

-- Sei! Você mora sozinho também? (DJ)

--  Sim, meus pais moravam comigo, mas... faleceram, e meu irmão mais velho é casado e mora com a família dele! (Fausto)

-- E seu rosto, parceiro, o que houve com ele? (DJ)

--  Meu pai costumava a dizer que quando eu nasci ele me beijou com tanto amor, que eu fiquei com essa marca, ele era tão bom “pra” mim, na verdade é uma marca de nascença! (Fausto)

--     Entendo! Quer saber? Somos dois solteiros na cidade, ainda vamos sair e fazer muitas festas e agarrar a mulherada, toca aqui! (DJ estendendo a mão)

-- Claro! (Fausto batendo na mão de DJ)



Parte II

Quando toca o telefone




(Fausto no dia seguinte, depois do trabalho, em seu apartamento)

--Meus pais, que saudade! (Fausto segurando uma foto de seus pais)

 – Pai por que eu não sou como as outras crianças? (Fausto)

-- Filho! Essa mancha no seu rosto é um dom disfarçado, você vai poder ver o mundo de uma maneira que ninguém mais pode! Vai ser uma experiência única, que no final das contas o ajudará a descobrir o verdadeiro amor! (Pai de Fausto)

-- Mas ninguém nunca irá me amar com essa mancha no rosto! (Fausto)

-- É claro que vai! Você construirá uma família e será muito feliz, porque será um amor verdadeiro. Sabe, Fausto, a vida é uma coisa maravilhosa, é uma experiência fantástica e única para cada um de nós! (Mãe de Fausto)


-- É realmente lindo mãe! (Fausto olhando o pôr do sol no horizonte e segurando a foto de seus pais, lembrando de sua infância)”

-- Telefone! Quem será? Alô! (Fausto atendendo ao telefone)

-- Oi Fausto tudo bem! Como está? (Uma voz de mulher no telefone)

-- Quem é? (Fausto)

-- Aqui é a garota dos seus sonhos repetidos! E aí, vai querer me conhecer ou não? (Uma voz de mulher no telefone)

-- Mas a Garota dos meus sonhos é um anjo! (Fausto)

-- Sim! É essa mesmo! Embora eu esteja longe de ser um anjo! Mas se quiser me conhecer meu endereço está na sua caixa postal, venha amanhã, dezoito horas! (Uma voz de mulher no telefone)

-- Mas o que quer de mim? (Fausto)

-- Vou deixar sua imaginação trabalhar, mais detalhes só vindo aqui! (Uma voz de mulher desligando o telefone na cara de Fausto)

(Fausto se lembrando de estar tendo sonhos repetidos durante meses, onde ele faz amor com uma mulher mulata, alta, de cabelos lisos e compridos, olhos escuros e extremamente linda e com grandes asas de anjo. No sonho, eles fazem amor dentro das chamas, o que dá uma dor agonizante, mas que ao mesmo tempo os excita mais e mais, insaciavelmente. Uma mistura de dor e prazer indescritíveis e bem reais até mesmo para um sonho)

-- Será mesmo verdade? (Fausto pensativo)


Parte III

O Pacto



(Fausto, chegando na hora marcada e no endereço combinado com a voz feminina do telefone, no prédio comercial de Pelotas. Ao chegar não encontra ninguém na recepção do prédio, ele nota que as luzes da recepção apagam e acendem como se tivessem mal contato, então ele entra no elevador e aperta para o último andar, ao começar a subir, ele continua a ver as luzes falhando, e começa a escutar diversos gritos horríveis, de pessoas agonizando, enquanto sobe até o último andar sem enxergar nada, além do elevador ao seu redor e a luz do mesmo piscando, ao sair do elevador ele vai e bate na única porta que encontra no último andar de um longo corredor, com somente essa única porta)

--  “Da última. vez que eu estive no prédio da Associação Comercial de Pelotas não tinha nada disso” (Pensando alto e vendo a porta se abrir)

-- Oi! Você estava sendo aguardado Fausto, entre! Vem vou levá-lo até a “Lú!” (Mikeline, uma garotinha de dez anos com roupa e aspecto indianos e com um pequeno Rubi vermelho na testa)

--  Está bem! (Fausto e Mikeline passando por uma pequena sala de estar e depois por um longo corredor branco, ouvindo os gritos e vendo a luz com mal contato, até chegar numa porta no fim do corredor)

-- Venha! Ela está a sua espera! (Mikeline abrindo a porta e entrando com Fausto)

-- Olá Fausto! (Lú, mulata, alta, de cabelos lisos e compridos, olhos escuros e extremamente linda, com um vestido branco)

-- Você é mesmo a mulher dos meus sonhos repetidos! (Fausto)

-- É incrível! (Fausto olhando ao redor da sala que é bem alta, com enormes cortinas vermelhas no fundo e vendo a tal Lú sentada num trono de ouro de estofamento vermelho perto da cortina, vendo também um sofá de ouro com estofamento vermelho bem grande perto do trono, no teto e na parede ele vê Pinturas estilo Michelangelo de uma aparente guerra entre os anjos, onde anjos morriam e matavam uns aos outros num céu laranja avermelhado com nuvens brancas)

-- Sou um pouquinho mais que isso meu amor! (Lú)

-- Seu nome é “Lú”? (Fausto)

-- Eu tenho vários nomes, mas pode me chamar de Lú se quiser, tive há pouco tempo um concorrente nos meus negócios que me chamava de Bel, ele era um Pastor, começou bem seus negócios, mas não foi muito longe... concorrência desleal, acontece o tempo todo! (Lú)

-- O que você quer de mim? (Fausto)

-- Sente-se! (Lú vendo Fausto sentar em seu sofá)

--  Eu nunca pensei que pudesse existir um lugar como esse dentro do prédio da Associação Comercial de Pelotas! (Fausto)

-- Na verdade, não existe, eu alugo por uns tempos para receber clientes como você e depois que eu concluo meus negócios ele volta ao normal, uma vez eu aluguei um andar no Prédio do Banco do Brasil, mas já faz muito tempo. Vamos aos negócios Fausto! Afinal é por isso que eu o chamei! (Lú)

-- Entendo! (Fausto sem saber o que pensar)

-- Sabe, a mãe natureza promove terremotos, tornados, epidemias e outras grandes tragédias, isso ajuda a conter a superpopulação, de outra forma não haveria comida, água e emprego para todos, porque a população cresceria muito, mas a natureza não pode dar conta de tudo, e é aí que eu entro, eu sou responsável por boa parte dos homicídios, suicídios e guerras do mundo, mas não todos. Sabe, eu ando trabalhando dobrado pra dar conta do recado, mas tá difícil, é mais gente nascendo do que morrendo, sei que parece terrível pra você entender, mas a humanidade precisa do caos assim como todos os seres vivos precisam da Mãe Natureza... Isso impulsiona a evolução do ser humano e de outros seres vivos desse planeta, sem o caos nada evolui no globo azul, nem as rochas que vieram do magma... Vou explicar de outra forma, os seres vivos desse planeta não teriam chance se a humanidade crescesse exageradamente, e a humanidade não teria chance sem eles. Então, minha função é manter o equilíbrio de todos os seres vivos do planeta. Daí queria entrar num acordo com você, o que você gostaria de ter para colaborar com meu trabalho?

Pode pedir qualquer coisa! (Lú)

-- Eu nem sei o que pedir! Sei lá! (Fausto vendo Lú se aproximar dele)


-- Eu estive pensando, que tal um belo rosto? (

Abraçando Fausto por trás do sofá e acariciando seu rosto levemente com uma das mãos)  


-- E como faria isso? (Fausto)

-- Mágica! (Lú levantando um pequeno espelho com adornos de diamante e ouro, onde Fausto vê seu rosto parcialmente sem a mancha)

-- Isso é possível? (Fausto pasmo)

-- Sim, desde que você cumpra sua parte no acordo e colabore com meu trabalho! (Lú, sentando novamente em seu trono)

-- Eu não sei! Não me parece certo! (Fausto)

-- Fausto, lembre-se de que seus pais queriam! Que você se casasse, tivesse filhos e fosse feliz. É sua única chance! (Mikeline segurando a mão de Fausto)

-- A escolha é sua! Você decide! (Lú)

-- Você precisa aceitar Fausto! ( a garotinha Mikeline)

-- O que eu devo fazer em troca? (Fausto)

-- Que tal facilitarmos “pro” Fausto, Mikeline? (Lú)

-- Ia ser bom Lú! (Mikeline)

-- OK! Grafite! (Lú)

-- Grafite? (Fausto)

-- Sim! Tudo que tem que fazer é sair por aí, de vez em quando e escrever pelos murros da cidade: Deus é um grande idiota! (Lú)

-- E é só isso? (Fausto)

-- Sim! É só! (Lú)

-- Então tá! Aceito! (Fausto)

-- Venha! Vamos selar nosso acordo! Mikeline nos deixe a sós! (Lú vendo Mikeline sair do cômodo, enquanto segue até o meio da enorme sala com Fausto quando, de repente, uma cama de casal bem grande de ouro, rubi, diamante e esmeralda e com colcha vermelha se eleva do chão)

-- E como selaremos nosso acordo? (Fausto)

-- De maneira mais prazerosa e agradável possível eu espero! (Lú tirando a roupa, ficando nua com seu corpo escultural, quando de repente ela abre um par de asas de anjo gigantesco, voa e pega Fausto no colo, o levando para cama e fazendo amor com ele. Fausto sente a mesma sensação que sentia em seus sonhos repetidos, prazer e angústia inimagináveis, até que terminam, e só fica o silêncio no ar)

-- Sabe, faz tempo que eu não tiro a virgindade de alguém, em particular de alguém com quase trinta anos, quero que veja o teto da cama! (Lú apontando para o teto da cama com o dedo)

-- Meu rosto, a mancha sumiu de vez! (Fausto)

-- Sim, agora venha comigo! (Lú indo em direção às enormes cortinas, sendo seguida por Fausto)

-- Olhe! É assim que acaba quem não cumpre o acordo! (Lú abrindo a cortina, dando para uma vista terrível, onde seres alados, semelhantes a anjos, torturam pessoas, de maneiras horríveis, em meio ao um céu laranja com pôr-do-sol vermelho e nuvens brancas, sendo a maior parte do terreno consumido por fogo e lava vulcânica)

-- Sei! É só fixar a droga do muro! Não é isso? (Fausto apavorado)

-- Sim! Agora durma! Você vai ter uma longa semana. (Lú fazendo Fausto desmaiar em seus Braços)

(Algumas horas depois...)

“Quando acordo estou deitado em minha cama nu em meu apartamento, daí eu me interrogo se o que aconteceu era real ou foi um sonho, se aquele último andar do prédio da Associação Comercial de Pelotas realmente existe, e se eu realmente perdi minha virgindade com aquela linda mulher alada, mas se não foi real como fui ficar nu? E se foi, como eu podia estar em um lugar e de repente vir parar em outro? Eu percebo a janela do meu quarto aberto, mas sempre deixo essa janela fechada? O crucifixo da parede da sala, onde estão as fotos dos meus pais, está em meu quarto quebrado no chão, também noto o pequeno espelho dos meus sonhos do lado da minha cabeceira, então eu o pego, e quando o miro a minha mancha de nascença havia sumido, inacreditável, aquilo não foi um sonho afinal, aquilo realmente aconteceu, e algo ou alguém me trouxe de volta para casa. ” (Fausto levantando e observando o quarto)

Parte IV

Senhor das armas



(No apartamento de Fausto, um mês depois)

“Meus dias nunca foram tão bons, eu estou apaixonado, estou saindo com Gabriela, a neta do dono do mini mercado aqui perto, no Simões Lopes, ela é linda, saímos sempre pra dançar, jantar, tirar fotos, tudo isso porque tenho um rosto bonito, e tudo que tenho que fazer é pichar um muro. ” (Fausto)

--   Campainha? Será Gabriela? (Fausto indo atender a porta)

-- Quem é? (Fausto)

--  Oi! Aqui é o Amigo da Lúcifer! Meu nome é Senhor das armas! Posso entrar? (Senhor das armas, caucasiano, baixinho, gordo e careca com uma mala e de terno e gravata)

-- Lúcifer? (Fausto)

--  É a que lhe ajudou com seu problema do rosto. “Tá” lembrado? Você deve conhecer ela por Lú! (Fausto)

-- Ah sim! Já vou abrir! (Fausto)

-- Oi! (Senhor das Armas)

-- Como posso ajudá-lo senhor...? (Fausto)

--   ...das armas, a seu dispor, será que posso ir entrando, tenho outros casos “pra” resolver ainda hoje! (Senhor das armas passando pela sala e indo até o quarto dos já falecidos pais de Fausto)

-- Ei! Onde pensa que vai? (Fausto)

--   Ela me falou que deveria estar por aqui em algum lugar, vejamos, aqui não, aqui não...! (Senhor das armas procurando algo e revirando o quarto dos pais de Fausto)

-- Pare! “ tá” bagunçando tudo! (Fausto)

--   Aqui está! Veja senhor Fausto, não é uma beleza? Bem que ela disse que estaria por aqui! (Senhor das Armas)

-- Essa faca era do meu pai! O que tem ela? (Fausto)

-- Ela será sua arma! (Senhor das Armas)

Arma? “Pra” quê? (Fausto)


-- Ela não lhe explicou? (Senhor das Armas)

-- Ela quem? A Lú? (Fausto)

--  Sim, vocês fizeram um acordo não fizeram? (Senhor das armas)

--   Sim de pichar muros? (Fausto vendo o senhor das armas rindo)

--    E você realmente acreditou nisso? (Senhor das Armas)

-- Não é mais? (Fausto)

--    Senhor Fausto! O que o senhor deve fazer é o seguinte, pegar um jovem rapaz, e depois tirar o coração dele enquanto ainda estiver batendo, levá-lo até a escadaria de uma igreja da sua escolha em noite e lua cheia, meia noite em ponto, e ah! Tem que ser com essa faca! (Senhor das Armas)

--   O quê? Deve ter algum engano? Eu nunca matei ninguém! (Fausto)

--  Isso não é problema meu, senhor Fausto, minha única função é mostrar as armas que Lúcifer escolhe para que seus seguidores façam o serviço designado por ele, no seu caso será esta faca senhor Fausto! (Senhor das Armas)

-- E como ela sabia dessa faca? (Fausto)

--  Use sua imaginação senhor Fausto, quem você acha que lhe trouxe em casa aquela noite, e o que acha que ela fazia enquanto você dormia pelado em seu quarto? (Senhor das Armas)

-- Escolhia minha arma? (Fausto)

--  É uma pena que você estivesse dormindo, dizem que emocionante voar no colo de um anjo, a vista lá de cima deve ser impressionante, o resto você já sabe. (Senhor das Armas)

-- Mas eu não sei matar!!! (Fausto, desesperado)

-- Aprenda! (Senhor das armas)

-- Mas eu não posso! (Fausto chorando)

--   Espere um minuto! (Senhor das armas pegando o celular e ligando)

--  Está ligando “pra” quem? (Fausto)

--    Problemas com o contrato Lú, “Tá!” Sim senhora! (Senhor das armas desligando o telefone)

-- E então? (Fausto)

--  Aguarde mais um pouquinho que sua pergunta já vai ser respondida! (Senhor das armas esperando)

--    Ah...! (Fausto sendo jogado para o teto de seu apartamento diversas vezes por uma força invisível inexplicável até cair no chão)

--   Respondida sua pergunta, Senhor Fausto? (Senhor das Armas)

--  Ai...! (Fausto tentando se levantar do chão com dor)

--   A propósito, hoje é lua cheia, você tem que fazer tudo até meia noite. Adeus senhor Fausto! (Senhor das Armas abrindo a porta e saindo do apartamento, enquanto Fausto tenta se levantar do chão)


Parte V

Eu e minhas ideias assassinas



(Alguns minutos depois do Senhor das armas sair)

-- Deus! E agora? O que eu vou fazer? (Fausto)

-- Você precisa fazer Fausto, não tem escolha! (Mikeline)

-- Mikeline? O que tá fazendo aqui, garotinha? (Fausto)

-- Vim ajudá-lo Fausto, gostei de você, você não é como os outros arautos de Satã, você é bom! E não quero que se machuque! (Mikeline)

-- Como entrou aqui? (Fausto)

-- Eu posso entrar por onde eu quiser, eu sou um fantasma e meio ser vivo, eu não estou morta nem viva, só alguns como você podem me ver! (Mikeline)

-- Mas eu não consigo matar ninguém, garotinha! (Fausto, desesperado)

-- Eu sei disso, Fausto! Venha! Vou ajudá-lo! Rápido já são quase onze horas! (Mikeline)

-- E o que devo fazer? (Fausto)


-- Tenta a internet! O bate papo! (Mikeline)

(Alguns minutos depois no bate papo da internet Fausto digita)

-- Oi quer tc? (Faustão gostosão)

-- Quero! De onde tc? (Sexo à noitinha H-H)

-- Pelotas e você? (Faustão gostosão)

-- Também! (Sexo á noitinha H-H)

-- Qual sua idade? (Faustão gostosão)

-- Vinte um! Você tem foto? (Sexo à noitinha H-H)

-- Toma está aqui! Pode ver no MSN! (Faustão gostosão)

-- Hum..! Você é bonito! Qual é o tamanho do seu pinto? (Sexo à noitinha H-H)

-- Vinte sete centímetros. (Faustão gostosão)

-- Uau...!  “Tá”  a  fim  de  queimar  uma  rosca

“cumpade”? (Sexo à noitinha H-H)

-- “Tô”! Pode ser hoje na minha casa? (Faustão gostosão)

-- Claro! Me dá seu endereço que tô indo ai! (Sexo
à  Noitinha H-H)

--  Aí está! Vem rápido! “Tô” louquinho de tesão! Adoro cabelo no peito! Eu vou usar a minha cueca do

“superome” batendo “umazinha! (Faustão gostosão)

-- Fui...! (Sexo à noitinha H-H)

(Algum tempo depois toca a campainha)

-- Ele chegou! (Fausto apavorado)

--  Abre a porta rápido! (Mikeline)
--   
-- Oi! Entre! (Fausto abrindo a porta e levando seu convidado até a sala)

-- Então? É aqui que vai ser “nosso” troca, troca? (Sexo
à  Noitinha H-H)

-- Sim! (Fausto apavorado)

-- Você vai adorar esse meu peito de macaco peludo, olha só meus músculos e cheira esse meu perfume francês!  (Sexo à noitinha H-H)

-- Estou vendo! (Fausto vendo Mikeline segurando uma corda na mão, mas só ele pode vê-la)

-- Posso lhe amarrar com uma corda? (Fausto)

-- Hum...! Submisso! Vai ser uma delícia...! (Sexo à noitinha H-H)

(Alguns minutos depois Fausto termina de amarrar seu convidado que está nu)

-- Pronto, amor! Agora me mostra essa sua tromba enorme de vinte sete centímetros, e depois me coloca na manteiga e me come que nem creme craque (Sexo à noitinha amarrado)

-- Pronto só falta isso! (Fausto amordaçando seu convidado com uma mordaça de pano)

-- Tome! (Mikeline dando a faca a Fausto, mas só Fausto pode ver Mikeline)

-- Não sei se consigo matá-lo garotinha! (Fausto chorando)

-- Hum? (Sexo á noitinha amordaçado)

-- Você precisa Fausto, é você ou ele! (Mikeline)

-- Lá vai! (Fausto tremendo e segurando a faca e olhando para as fotos de seus pais)

-- Hum...! (Sexo á noitinha se debatendo no chão amarrado, amordaçado e nu)

-- Você não vai conseguir aqui! Leve ele “pra” cozinha! (Mikeline)

-- Tem razão! (Fausto arrastando seu convidado até a cozinha)

-- -- Agora o mate Fausto, você precisa! (Mikeline)

-- Meu Deus! Eu vou ter que fazer! (Fausto chorando e levantando o punhal)

-- Hum...! (Sexo à noitinha se debatendo no piso da cozinha)

-- Lá vai! (Fausto esfaqueando e cortando o peito de seu convidado)

-- Hum...! (Sexo à noitinha, gemendo)

-- Tire o coração Fausto! (Mikeline vendo Fausto tirando o coração ainda batendo, todo ensanguentado na mãos)

-- Que nojo...! Eca...! (Fausto vomitando)

-- Fausto você precisa correr! Já é quase meia noite! Tem que ir até a escadaria da igreja mais próxima! (Mikeline)

(Então Fausto corre como louco com o coração de seu convidado na mão e o coloca na escadaria da igreja pouco antes da meia noite)

-- Consegui! (Fausto todo ensanguentado)

-- Agora você tem que sair daqui antes que vejam você, vamos! (Mikeline segurando a mão de Fausto)


Parte VI

Rancor



(Alguns meses depois)

“Depois que cumpri meu acordo com a Lú, minha vida voltou ao normal, posso curti-la com meu novo rosto, sem medo de ser feliz, Gabriela está grávida e pretendemos nos casar em breve, fico feliz que meu passado macabro tenha ficado pra trás, exceto pelo fato de que Mikeline (a garotinha) agora mora comigo, mas só eu posso vê-la, ela é maravilhosa, me dá bons conselhos, me ajuda em tudo, e me chama de pai, isso mesmo, ela me vê como o pai dela.” (Fausto refletindo)

-- Papai! Venha ver! (Mikeline)

-- Já “tô” indo, lindinha! (Fausto chegando à sala de seu apartamento vendo uma maquete de papel feita por Mikeline)





-- Veja! Esse é você, essa é Gabriela, esse é o bebê e a do meio sou eu! (Mikeline mostrando uma maquete de papel)

-- Que bonitinho! (Fausto acariciando o cabelo de Mikeline, quando de repente a maquete se amassa sozinha e vira uma bola de papel grande)

-- O que foi isso? (Fausto escutando um barulho horrível vindo no teto como se fosse o rugido de alguma criatura monstruosa)

-- Papai é a Lú! Ela está aqui! Estou com medo! (Mikeline)

 --Calma! Onde ela está? Vou falar com ela! (Fausto)                       

-- Está no terraço! Tô com medo! (Mikeline)                           

-- Eu sei! Já volto! Fique aqui! (Fausto saindo indo “pra” terraço de seu apartamento)                                                      

-- O que foi agora Lú? Esqueci de devolver sua calcinha? (Fausto)                                                                                                             

-- Que atrevimento! Isso é blasfêmia garoto! (Lú torcendo o braço de Fausto com o pensamento)                                                  

--Ah...! (Fausto com dor)                                                                       

-- Peça desculpas! Agora! (Lú)                                                                 

-- Desculpas! (Fausto se rolando no chão de dor)


-- Assim está melhor...! (Lú parando, vendo Fausto se levantar do chão)

-- O que quer agora Lú? (Fausto)

-- Você tirou uma coisa de mim! E estou uma fera! (Lú)


-- O que eu tirei de você Lú? Além do seu senso de humor, é claro! (Fausto)

-- Mikeline! Minha garotinha! (Lú)

-- O quê? Ela está aqui por opção! Eu não a roubei de você! (Fausto)

-- Eu sei disso! Isso torna tudo mais difícil! Você não tem ideia no que está se metendo garoto! (Lú)

-- O Diabo sofrendo por causa do amor de uma garotinha? Não entendi? (Fausto)

-- Ela não é só uma garotinha! Ela tem mil anos! Os pais dela, lá na índia, a trocaram por um prato de comida! Daí eu a criei para ser a segunda em comando do inferno! E a “vadiazinha” me troca por um maldito homem! (Lú com olhos de ira)

-- Espera aí! Eu sou um pai “pra” ela, eu não sou um homem pra ela, se é que me entende!? (Fausto)

-- Você é burro! Ingênuo! E o que é pior! É infinitamente bonzinho! Que ódio! Mas o que é teu está bem guardado Fausto, você nem sabe o que lhe espera! (Lú)                           

-- Onde você quer chegar Demônio? (Lú)                                

-- Você ficou com a que era a segunda em comando do inferno e isso lhe sairá muito caro! (Lú)

 -- O que tenho que fazer? (Fausto)

  -- Mataria por mim de novo? Da mesma maneira? (Lú)

   -- Não! Não pode me obrigar? Eu já cumpri minha parte no acordo! E foi Mikeline que me escolheu, não eu a ela! (Fausto)

     -- Esse é o problema! Se não matar, algum dos meus demônios do inferno irão lhe cobrar um preço mais alto ainda, e eu não tenho mais controle sobre eles, quer arriscar? (Lú)                                                                                   

-- Quero! (Fausto)

  -- Aquela “vadiazinha”! Cachorra! Depois de tudo que fiz por ela! Certo, Fausto! Você decide! Eu não posso fazer nada a você, mas não posso dizer o mesmo dos meus arautos do inferno que irão querer algo em troca, eles adoram a Mikeline e não vão dá-la a você assim de graça! Vai por mim, ela é a estrela do mal que mais brilha no inferno! (Lú)

-- Quero ver virem pegar! (Fausto)                                                

-- Então está bem, Fausto, vou indo, você tem um belo futuro! Seu burro! (Lú indo embora)

Parte VII

O   casamento



-- Bom dia Fausto! (Mikeline)

-- Bom dia! (Fausto)                                                                           

-- Tenho que lhe dizer uma coisa Fausto, muito séria! (Mikeline)

-- O quê? (Fausto)

--  Você será meu marido, não o de Gabriela! (Mikeline)

-- Como assim? (Fausto)                                                                   

--  Lú deve lhe ter falado sobre os arautos do inferno, o que eles querem, se você não se casar comigo, Gabriela e seu filho serão mortos por eles, e você também! (Mikeline)

-- Mas você é minha filhinha! (Fausto)

-- Não é bem assim! (Mikeline se transformando num bode bípede, de dois metros de altura, meio bode, meia mulher, com aspecto demoníaco horrível)                                                       

-- O que é isso! (Fausto)


-- Essa é minha verdadeira aparência, foi por isso que eu não me casei ainda, eu tenho mil anos, agora sou a nova rainha do inferno, desbanquei a Lú. Você tem uma semana “pra” pensar, eu passei mil anos sem saber o que é um homem, “tô” louca de tesão e, a propósito, você ficou tão lindo com esse seu novo rosto, tá um gato! Aguardo sua resposta, meu amor...! Até daqui uma semana. Vou dormir pensando em você! Meu tigrão! (Mikeline indo embora)

-- Não...! (Fausto em pânico)









Fim





A vingança

Do dragão




Parte I

Prólogo


A Europa da Idade Média já foi palco de uma batalha que poderia ter encerrado o futuro da humanidade, entre homens versus dragões. Nesse período, os dragões aterrorizavam fazendeiros e arrendatários de terra, devorando seus animais e suas famílias, levando fome e miséria às vilas e cidades. Por isso foi criada uma ordem de cavaleiros capazes de abater os dragões conhecida como “Pendragon”, essa ordem foi tão bem-sucedida que levaram os dragões à extinção. Com a extinção dos dragões essa ordem de cavaleiros,
“Pendragon” foi sendo desfeita com o tempo, já que perdera sua finalidade, e com ela, os saberes necessários para o abate de dragões também. Contudo, ainda restam dois integrantes que, com mais oito cavaleiros amadores se dirigem ao sul da Inglaterra para averiguar supostos avistamentos de um dragão naquela região, embora o próprio Rei da Inglaterra não acredite que reste algum, pois tais criaturas não são vistas há anos. O Rei mandou esses dez cavaleiros para conter a reinfestação, caso haja ainda alguma, já que esses animais se reproduzem como pragas se auto fecundando, e espalhando seus ovos, embora acasalem esporadicamente.


Parte II

A   vila





--   Karl, acredita mesmo que ainda haja algum dragão? (Gerrat, chegando a um vilarejo cavalgando com mais nove cavaleiros)

--  Para mim isso tudo é uma perda de tempo, mas o que vale é a boca livre e as belas mulheres que vão nos dar, para não fazermos absolutamente nada re,re,re (Karl cavalgando e rindo)

--     Re,re,re...! (Gerrat rindo e cavalgando vendo um homem se aproximando de cavalo)

-- Olá, sou Robert, vim recepcioná-los. (Robert)

-- Já não era sem tempo, estou louco de fome! (Karl)

--  Ah! Decerto lembram dos costumes de se dar um bom banquete, seguido de uma festa aos cavaleiros Pendragons antes de irem de encontro da fera, pois talvez possa ser o último banquete dos cavaleiros, que podem morrer queimados ou na barriga da besta! (Robert)



-- É só pelo costume que viemos, e eu espero que não seja o último e que tenha mais deles! (Karl)

--Dragão no sul da Inglaterra, Até parece...! re,re,re (Guerrat rindo)

--Sigam-me! (Robert disparando com o cavalo junto com os dez cavaleiros)

Algum tempo depois na residência do líder local:

-- Olá! (Karl)

--   Olá rapazes! Sentem! (Willian, líder local , senhor de idade, sentado e escrevendo decretos numa mesa grande

--  E então! No que cavaleiros “Pendragons” podem lhe ser útil senhor? (Karl)

-- Além do óbvio, é claro! Re,re,re (Guerrat rindo)

-- Bem! Dois vilarejos perto daqui foram dizimados pelo fogo. Alguns poucos sobreviventes alegam ter sido um dragão! (Willian)

-- Entendo! Mas e os arrendatários e fazendeiros locais, têm dado falta do gado? (Karl)

-- Não! (Wiliam)

-- Não entendo! (Karl)



--  O que ele está querendo dizer é que dragões atacam o gado para se alimentar e que, geralmente, ficam longe de vilas e grandes centros populacionais. Embora circunstancialmente possam se alimente de gente, mas sua preferência e pelo gado ou animais maiores! (Guerrat)

--   Eu entendo a surpresa de vocês, agora vocês não imaginam a minha, ver pessoas carbonizadas, incêndios intermináveis, e o pior é alegarem ter sido por um dragão! (Willian)

--  Sinto muito senhor, dragões não fazem isso! Eles não matam por matar, são animais irracionais, eles matam unicamente para comer ou se defender, eles não têm emoções, noção do que é certo ou errado, são só animais! (Karl)

--  Tem certeza que não pôde ter sido alguma invasão humana? Algum outro vilarejo hostil? (Guerrat)

--   Averiguamos! E nada! Ninguém se responsabilizou, procuramos por todos os arredores para ver se havia algum indício de saqueadores, até porque mesmo nada foi roubado. Só o que sabemos é que os poucos que sobreviveram alegam ter sido um dragão. Mas nem mesmo o dragão foi localizado. Seja o que for, simplesmente aparece e desaparece quando quer! (Willian)

-- Bom! Já que viemos até aqui, vamos averiguar! (Karl)

--   Certo! A propósito, aproveitem o banquete desta noite, de qualquer forma, ele fará com que a viagem de vocês não seja toda perdida!

-- Claro, senhor! (Guerrat)

Parte II

O   banquete





--  Então que comece a festa! E que toda a vila comemore a chegada dos “Pendragons” que poderão dar fim ao temeroso dragão, ou virarem comida dele, em último caso. Que pelo menos esses heróis tenham uma última refeição, é a primeiro que fazemos, a outra será só com a comemoração da morte da besta. (Willian, sendo aplaudido pelo povo)

--  Sabe, Karl, bem que podíamos inventar que matamos o dragão e termos mais uma festa, não existe dragão mesmo re...! (um dos guerreiros bêbados, com uma garrafa na mão e uma mulher na outra)

--   Queria que fosse tão fácil assim, meu amigo! (Karl olhando atentamente uma moça linda que está a dançar em meio à multidão)

--   Hum! Vejo que se interessou por alguém, deveria aproveitar, somos populares, somos a razão da festa re ...! (Guerrat rindo)

--     Sabe quem é ela? (Karl vendo a bela mulher devolvendo o olhar)

--      Me parece que é Mirca uma das poucos sobreviventes do devorador de homens, teve sua vila queimada pelo mesmo. Vá lá falar com ela! Hoje você é o herói re ...! (guerrat)

--  Acho que não vai ser necessário! (Karl vendo Mirca vindo em sua direção)

-- Seu garanhão sortudo re ...! (Guerrat, saindo fora)

--   Olá, sou Mirca! Prazer! (Mirca loira alta e de belos olhos azuis)

--    Prazer, sou Karl! (Karl, barbudo alto de cabelos compridos)

--  Então, Karl! Você é um dos abatedores de dragões? (Mirca)

-- Sim, sou o chefe da equipe dos “Pendragons”! (Karl)

--  Então, Karl, pelo nome e sotaque você não é daqui! (Mirca)

--  Só eu e meu amigo ali, o Guerrat, somos alemães, os outros oito do grupo são ingleses como você! (Karl)

--  Hum! Dez cavaleiros e um dragão? Perdoe-me, mas não acho que só dez cavaleiros serão capazes de matar um dragão daquele tamanho! (Mirca)

--  Tamanho! Você o viu? Como ele é? (Karl começando a dançar com Mirca)

--  Era muito grande, me parecia que era fêmea, e era muito, mas muito nervosa! (Mirca dançando com o Karl)

--  O que a faz pensar que não podemos dar um jeito na fera? Dez é o número exato de que precisamos para calar a besta para sempre, já levamos esses bichos a extinção e podemos levar de novo, acredite! (Karl)

--  Bom, Karl, não que não tenha fé em você, mas acho que ele ou mais provavelmente, ela, vai usá-lo como palito de dente, mas por curiosidade, como pretende matá-la? (Mirca)

--     Da mesma maneira que sempre fizemos, dois abatedores e oito arqueiros. Os arqueiros atiram flechas envenenadas para atordoar a fera, a obrigando a aterrissar, daí eu e meu amigo ali, o Guerrat, o montamos e enfiamos uma espada em sua nuca, resultado: dragão abatido e trabalho concluído. E como sabe que é uma fêmea? Dragões não têm sexo! (Karl)

Ah! Eles têm sim! Embora se autofecundem para se espalharem como pragas, esporadicamente se cruzam, daí aparece o dimorfismo sexual entre os dragões, o resultado do cruzamento são filhotes mais fortes que darão dragões mais saudáveis do que somente por autofecundação! (Mirca parando de dançar com Karl)

--    Como pode saber tanto sobre o assunto? (Karl parando de dançar com Mirca)

--  Eu sempre achei o assunto fascinante, até um deles queimar minha vila, é claro! (Mirca)

--  Não se preocupe “my lady” você será vingada, tens a minha palavra, se claro, eu conseguir achá-lo! (Karl)

--  Aí Karl! Quando é que você vai mostrar seu dragão pra ela re ....! (Um dos dez cavaleiros rindo, bebendo com duas garotas nos braços)

--   Não quero ser negativa Karl, por não compartilhar de seu otimismo, mas espero que você entenda que eu sou uma pessoa com os pés no chão. E quanto a achá-lo tenho certeza que logo vocês se conhecerão, mais é só um palpite é claro. Bom! Tenho que ir, estou cansada, hoje foi um dia longo, preciso dormir. (Mirca)

--   Bons sonhos, “my lady”, e já pode se considerar uma dama vingada! (Karl)

--  Claro re....! Com toda certeza! Boa noite, cavaleiro. (Mirca rindo e saindo, desaparecendo na multidão)


Parte III

A gata e os ratos





“No dia seguinte eu, Guerrat, oito soldados do rei da

Inglaterra e a guia sobrevivente do último genocídio cometido pelo dragão, Mirca, estávamos em uma floresta com longas árvores, fazia muito calor, pois era verão, e estávamos muito afastados da aldeia e há muito tempo procurando pelo dragão e nada”

(Karl pensando)

-- Mirca! Tem certeza que o dragão pode estar aqui? (Karl)

-- Tenho! É nessa direção que o dragão vem depois dos genocídios! (Mirca)

-- É fato, Mirca, que dragões costumam se abrigar longe de centros populacionais para cuidar de seus filhotes e botar ovos, mais já estamos há um bom tempo procurando e nada, além do fato que tenho medo de estarmos perdidos! (Karl)

-- Não se preocupe, eu conheço essa floresta com
a palma da minha mão, eu cresci aqui! (Mirca)

-- Muito bem! Atenção a todos! Temos que nos dividir! Quero Mirca mais cinco homens do Rei à direita! Eu, Guerrat e mais três dos homens do Rei vamos à esquerda, nós nos comunicaremos através do som do “chifre de gado”. Aquele grupo que ver primeiro a besta tocará o chifre e iremos todos ao encontro da fera. Até o fim da tarde se ninguém avistar nada voltaremos aqui no lugar em que estamos para reagrupar, certo? (Karl vendo seu grupo se dividir e partir)

(Um longo tempo depois)

-- Nossa como está quente! (Guerrat secando a testa com mão)

-- Acho que tudo isso para nada! Seja o que for não deve ser um dragão! (Karl)

-- Escute! É o som do chifre! (Guerrat)

-- Vamos! (Karl e seus homens indo em direção ao som do chifre)

(Depois de algum tempo, correndo pela selva seguindo o som do chifre)

-- Veja! (Karl encontrando um dos homens do rei caído no chão com queimaduras graves)

-- O que aconteceu? (Guerrat)

-- O dragão...nos atacou...! (O soldado do Rei ferido, morrendo)

-- Olha ali! Vem vindo alguém ou algo na nossa direção, atrás daqueles arbustos! (Guerrat)

-- Arqueiros! Preparar ao meu comando! (Karl vendo os arqueiros se preparando)

-- Oi! (Mirca surgindo através dos arbustos)

-- Abaixar! (Karl vendo os homens abaixarem seus arcos)

--Nossa, que susto! (Guerrat)

-- O que houve Mirca? (Karl)

-- O dragão nos surpreendeu e eu me escondi nos arbustos até ouvir vocês chegando! (Mirca)

-- Que droga! Agora só estamos em cinco, não sei se ainda estamos em número suficiente “pra” matarmos o dragão, o certo é dez! (Guerrat)


-- )

--  Bom! Mas cinco é o que temos! Está anoitecendo, vamos acampar e descansar, amanhã tentaremos novamente, não se cassam dragões de noite, pois são mais ativos. Já consegui matar um dragão com seis homens, não foi fácil, mas não foi impossível. (Karl)

-- Você é louco de acampar aqui à noite com essa fera? (Mirca)

-- Isso não me preocupa, pois faremos camas de dormir ao relento sem fogueira e com uma pequena tocha até dormirmos, sem chamarmos muito a atenção. Dragões querem alvos maiores como o gado, não sei como ele notou a presença de seis pessoas e as atacou? Deve ter sido muito azar! (Karl)

-- Mais azar teríamos se cassássemos ele à noite, no período onde a besta é mais ativa, provavelmente vai sair pra cassar a noite e voltar durante o amanhecer! (Guerrat)

-- Isso é verdade! (Karl)

-- Karl! Estamos sem água! (Guerrat)

-- Que inferno! E agora? Já está quase anoitecendo! (Karl)

-- Olha só, existe um riacho perto daqui, posso voltar antes do anoitecer! (Mirca)

-- Ótimo, leve três dos soldados do Rei com você para ajudar a trazer a nossa água! Eu e Guerrat iremos montar o acampamento! (Karl)

-- Certo! (Mirca saindo com os dois soldados)

 (Depois de algum tempo)

-- Bom Karl o acampamento está pronto, agora vamos esperar Mirca e os outros voltarem, estou morrendo de sede! (Guerrat)

-- Ela está demorando! O que será que houve? (Karl)

-- Oi! Cheguei! (Mirca)

-- Onde estão os outros? (Karl)

-- Ué! Eles vieram na frente, eu fui fazer um “xixi”, já eram para ter chegado! (Mirca)

-- Será que se perderam? (Guerrat)

-- O que será que houve? (Karl)

-- A caça virou o caçador! Foi o que houve! Desde
o início! (Mirca atravessando o braço no peito de Guerrat, o vendo vomitar sangue e agonizando)

-- Guerrat! (Karl vendo Mirca tirando seu braço levemente do peito de Guerrat, conforme ele se ajoelha e cai morto no chão)

-- Na festa eu não disse que dez homens eram pouco para este tipo de dragão! Ah sim! Na sua última festa, abatedor de dragões, foi uma despedida! Para todos vocês! Para os últimos abatedores da humanidade! (Mirca ensanguentada)

Parte IV

A vingança do dragão





-- A humanidade nos caçou e nos aniquilou, sou o que sobrou dos dragões, depois da minha progenitora e meus irmãos serem mortos descobri que podia me transformar em ser humano, embora nunca soubesse o porquê, sei que jurei vingança à humanidade, saí desta floresta e na forma de uma garotinha cresci entre os seus semelhantes, aprendi tudo sobre vocês, até chegar o momento da vingança, depois de hoje colocarei ovos e a minha espécie e não a sua reinará sobre o mundo. De repente somos mais dignos a herdar esta terra perante Deus do que sua humanidade, cavaleiro, adeus foi até divertido re,re,re..Cavaleiro re...! veja! Já estou ovulando! (Mirca rindo e se transformando num dragão)

-- Desgraçada! (Karl fugindo com uma tocha e uma espada)

“Então Karl encontra uma caverna a alguns metros dali, chegando lá, vê que a caverna não é muito funda, mais o suficiente “pra” se esconder, joga a tocha no chão para ter alguma iluminação, então ele sobe o mais alto que ele pode na entrada da caverna, e tirando sua espada da bainha, ele espera escutando os gritos da fera se aproximando. Quando ela coloca sua enorme cabeça dentro da caverna à procura dele, Karl pula sobre seu pescoço enfiando a espada em sua nuca, assim matando a fera. Então, ele corta a sua cabeça e a coloca dentro de um saco de pano, quando ele vê o corpo e a cabeça da fera se transformando em uma

Mirca decapitada) ”

-- Mais humana que besta, afinal (Karl colocando dentro da sacola a cabeça de Mirca)

“Ao amanhecer, depois de caminhar toda a noite, ele encontra uma estrada, uma comitiva levando uma carroça e que transportava um importante frei”

--Carona cavaleiro? (Condutor da carroça)

-- Claro! Até a aldeia mais próxima, tenho que levar esse troféu de caça para coleção do Rei Enrique! (Karl sorrindo)

-- Mas isso é a cabeça de uma mulher! (Condutor espantado, olhando dentro do saco)

-- É o que ela queria que nós pensássemos! (Karl)

-- Que assim seja! (Condutor voltando a conduzir o cavalo até a aldeia mais próxima)






                               Fim








Um comentário:

  1. A VERSÃO IMPRESSA DESSE LIVRO ESTÁ DISPONÍVEL EM
    https://agbook.com.br/book/148456--MENINAS_DO_MAL

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