VITÓRIA O PENSAMENTO VIVO CONTINUAÇÃO

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Parte 16
Nosso doce amor imaginário

(Paul sonhando)

“Me vejo com asas de anjo seminu entre as
nuvens, perdido num vasto céu azul. Quando desço
para ver o que a no chão, não o encontro; quando
subo para ver o que há entre as estrelas, também não
as encontro. Somente o céu azul predomina, onde
quer que eu vá, onde quer que eu fique, só
encontro o azul do céu e algumas nuvens. Estou
sozinho e logo me bate o desespero. De repente
surge Vitória, com asas de anjo como a minha,
voando em minha direção, também seminua como
se fosse me salvar de algum mal aparente.
Conforme ela se aproxima eu vejo em seus olhos, e
mais precisamente em suas pupilas, um preto
bizarro, embora o restante de seu corpo brilhante e
dourado parece contrastar com aquele belo azul do
céu que me cerca. Suas pupilas de doce castanho claro e de ar meigo passaram a ser negras e
amargas e sedutoras, mas outra coisa em seus olhos
me chamam muito à atenção: Era o fato de me ver
refletido neles, isto é, embora seus olhos fossem
negros, ao mesmo tempo pareciam ser
espelhados.“ (Paul sonhando)

-- Oi Paul. (Vitória chegando)

-- Oi Vitória. (Paul)

-- E ai Paul, gostou da “decoração”? (Vitória)

-- Se é referente ao céu e também à garota que
está nele tudo é muito bonito. Mas, embora a
garota dê um certo contraste, seus olhos não
combinam muito com a bela paisagem. (Paul)

-- Vou aceitar isso como elogio Paul. (Vitória)

-- Por mim tudo. (Paul)

-- Tente pensar em algo que combine com o
momento. (Vitória)

--Eu estava pensando em... (Paul sendo
interrompido por Vitória)

-- Me parece bom, mas que música? (Paul)

--Frank Sinatra com a música blue eyes.
(Vitória)
“Então começamos a dançar que nem se faz nos
contos de fada, e é claro que tenho noção de que
estou sonhando, pois quando acordar minha
carruagem virará “abóbora” juntamente com esse
doce sonho dançante, que parece mais um belo e
gostoso musical dos anos 60.“ (Paul sonhando)
“Girávamos na horizontal, com uma velocidade
indescritível. Girávamos e dançávamos no ar, nós
nos beijávamos e fazíamos amor, no nada.
Fazíamos amor naquele céu azul e infinitamente
vazio com algumas nuvens sem direção ou
sentido.“ (Paul sonhando)

--Esse azul que descreves é tão meu quanto seu
Paul. Aproveite! (Vitória lendo os pensamentos
de Paul)

--Não Vitória, esse azul é tudo que nos resta!
Depois dele vem a realidade na qual pertenço e
você pertence a esse azul infinito que outra hora
foi um doce amor de ilusão. (Paul)

--Infinito? O céu? Ele seria bem finito se você
não estivesse aqui. Ele não seria tão azul e meu
corpo não seria tão dourado se você estivesse
ausente. É só com nós dois que dá certo. Sem eu
ou sem você isso tudo a sua volta não seria
possível. Eu preciso de você pra que tudo isso
continue a existir, já que eu não posso existir sem
você e esse lugar também não. (Vitória)

--Isso é um absurdo! (Paul)

--Por quê? (Vitória)

--Porque você deveria existir sem mim! (Paul)


--Mas eu não existo sem você! (Vitória)

-- Então é isso! (Paul)

-- Isso o que? (Vitória)

-- Você depende do meu amor pra continuar a
existir, pois saiba que você tem uma existência
muito frágil. (Paul)

-- Tolo, seu amor não é e jamais será fraco por
mim, e logo minha existência será forte como o
aço e ficará cada vez mais forte. (Vitória)

-- Não, não é amor! Eu não posso amar o que não
existe, e logo você será apenas uma lembrança de
algo bom que eu vivi com alguém que jamais
existiu. (Paul)

-- Se eu não existo então quem sou eu? Ou o que
sou eu? Qual é o propósito da minha existência?
(Vitória)

-- Embora eu sei que você sabe a resposta eu lhe
darei uma um pouco mais reconfortante. Você é
com quem eu gostaria de estar mas ao mesmo
tempo é o que não existe. E seu propósito é me
fazer perder o controle para que eu possa lhe
entender melhor. (Paul)
“Foi então que me deixo levar por Vitória, e
quando ela vem em minha direção, vejo a estrela
resplandecer a trás dela. Conforme ela vem em
minha direção ouço menos a voz da razão
dizendo: ela não existe... mas em compensação a
voz do meu coração fala mais alto e diz... vá! É
real! E nem ao menos me lembro de que tenho
uma outra vida com um outro amor em um outro
lugar; simplesmente ela me abraça, e vou em
direção ao desconhecido, em direção a esse amor
bizarro e imaginário. Me agarro à Vitória, e
dessa vez nós dois somos sugados pela estrela.
Sim, dessa vez não quis resistir, e me deixo levar
pela embriaguez do amor. Entramos finalmente
na estrela como se ela já nos estivesse esperando.
(Paul sonhando)

“Quando entro na estrela me vejo sem asas num
campo florido e um belo lago ao meu redor.“
(Paul)

--Então essa é a estrela, pensei que aqui só
fizesse noite. (Paul sem asas)

--Não Paul, dentro da estrela é sempre dia. A
noite só se faz fora dela. (Vitória aparecendo sem
as asas)

--Você queria muito que eu entrasse na estrela.
Por quê? (Paul)

--Para continuar existindo do seu amor. (Vitória)

--Aqui é bem tranquilo, estamos numa espécie de
paraíso? (Paul)

-- Não, estamos dentro da sua mente, tudo isso a
sua volta é criação do meu e do seu pensamento,
justos unidos pelo mesmo espírito. (Vitória)

--De repente olho para o lago e vejo pequenos
trechos de minha vida como era antes de tudo
isso, refletidos nas águas claras e cristalinas do
lago. (Paul olhando para o lago no seu sonho)

--As águas desse lago, Paul, contêm lembranças
do seu passado. Não deve olhar pra elas.
(Vitória)

--Por que não? (Paul)

--Porque podem conter lembranças dolorosas e
eu não quero que fique triste hoje. (Vitória)

-- Não, Vitória, nesse lago só vejo lembranças
boas da minha vida! Eu tenho que voltar. (Paul)

-- E quanto a mim? Eu também te amo! Eu
mereço existir! Fique comigo Paul! (Vitória)

-- Eu preciso voltar, já é tarde e devo retornar à
minha vida. Você me ama porque é parte de
mim, porque é parte da minha fantasia e sonhos
de garoto. Sonhos da minha mocidade que a
muito tempo já se foram. Todo esse lugar esta
dentro de mim e sempre irá comigo onde quer
que eu vá. De uma certa forma esse lugar, assim
como você, nunca deixarão de existir, mesmo eu
indo embora esse lugar e você continuarão
existindo na minha mente, no meu subconsciente
e nele devem permanecer. Adeus! Devo retornar
à realidade. (Paul entrando no lago e
desaparecendo, sendo encoberto pelas águas do
lago, deixando Vitória triste chorando.)

-- Ah! O que foi? (Paul acordando)

-- Você acordou. (Vitória muito triste, chorando
baixinho ao lado de Paul na cama.)

-- Vitória, o que foi? Por que está chorando?
(Paul acabando de acordar sem saber o que está
acontecendo.)

-- Você ainda pergunta? (Vitória triste, tentando
conter o choro)

-- Por que? Não deveria? Olha seu estado,
chorando e ainda quer que eu não pergunte o
motivo. (Paul)

-- Seu sonho, eu estava nele. Eu estava com você
no sonho o tempo todo e você me deixou! Como
pode? (Vitória triste não conseguindo conter o
choro)

-- Vitória, você é capaz de entrar nos meus
sonhos? ( Paul, apavorado)

-- Sim Paul, e seus pensamentos me dizem que
você deveria ser capaz de saber que eu posso
entrar e manipular seus sonhos. (Vitória muito
triste, tentando conter o choro)

-- Talvez no fundo eu soubesse, mas preferi
ignorar por comodidade. Eu me sinto um pouco
invadido por você ter acesso aos meus
pensamentos e sonhos. (Paul)

-- O que quer que eu faça Paul, eu queria que
você tivesse um sonho agradável comigo e você
simplesmente me deixa!?! (Vitória triste
chorando)

--Você considera o fato de eu a ter a deixado no
sonho uma ameaça a sua existência? (Paul)

-- Sim.(Vitória chorando)

-- Isso é loucura! (Paul, apavorado)

-- Eu sinto muito meu amor, mas é que eu não
consigo evitar. Tenho medo de te perder e
deixar de existir. (Vitória tentando parar de
chorar)

-- É Paul, você abriu a Caixa de Pandora e agora
quer fechá-la.(Paul)


Parte 17
Existir

( Dia 3 de Agosto em Pelotas )

 Esse é o último mês que eu devo permanecer em
Pelotas, logo devo partir, tenho que decidir o futuro
de Vitória, o meu subconsciente amoroso, meu
amor imaginário perdido entre as estrelas (Paul se
lembrando da estrela do sonho). Já sinto falta dela
antes mesmo de perdê-la, ela é meu lado oculto da
mente, ela é parte de mim e por isso não sei como
deixar algo tão próximo de minha mente, das
minhas ideias, da minha humanidade e o que é mais
infinitamente importante do meu coração ir
embora. Não sei, as vezes a vida prega tantas peças
na gente que me pergunto se isso que estou vivendo
é novidade para alguém em algum lugar do globo
terrestre. Como devo agir? Como devo proceder?
São perguntas amargas e de mal gosto que o
destino me obriga a responder sem demora. O
carinho, a falta de controle, me levou a esse amor
sem freio e sem nexo. Como pode um homem se
dividir em dois para depois amar a si mesmo.

Como pode? Como pode um Deus se apaixonar
pela sua própria criação? Como pode?

 Essas perguntas a ciência não explica, pelo menos ainda não. Somos amigos, somos amantes, mas não
passamos de singelos amantes com perdas e danos
irreparáveis frente à realidade. O destino me chama,
devo agir rápido, devo ser sábio em minha decisão.
 Nestes últimos meses fiz amor inúmeras vezes com ela, tanto nos meus sonhos dentro da estrela com aquele belíssimo campo florido e azul do céu como também naquela cama de casal, em meu quarto, onde me encontro só, mas bem acompanhado dos meus pensamentos, bem acompanhado de Vitória, naquela cama grande demais para mim e pequena demais pro nosso amor.

Está fazendo uma noite maravilhosa com céu lindo e estrelado. Consigo ver a lua daqui da janela do meu quarto, enquanto estou escrevendo os últimos relatos vivenciados com Vitória no computador. Falei à Vitória que queria ficar sozinho para realizar meus afazeres no computador e ela aceitou muito bem a ideia. É incrível, eu e Vitória temos muitas coisas em comum mas também temos divergências de pontos de vista também. Isso mostra que meu subconsciente difere do meu consciente em alguns aspectos, como por exemplo a ideia de deixá-la, Vitória nunca aceitará que devo partir, e de que ela não é de carne e osso, ou seja, de que ela é uma mera fantasia romântica. É incrível o fato de meu consciente reconhecer isso, mas meu subconsciente não, daí vem o choque entre minhas ideias e contradições de informações na minha mente. É como se a realidade em que vivo se distorcesse e deixasse minha vida de cabeça para baixo. (Paul escrevendo no computador)

“Devo desligar o computador e preparar alguma
coisa pra comer na cozinha, não tarda Vitória
aparece e devo dizer a ela a verdade.“ (Paul
pensando, desligando o computador e descendo
as escadas)

-- Caramba! Tá tudo escuro aqui embaixo. (Paul
pensando alto, acendendo a luz da sala e indo
para cozinha)

“Quando chego à cozinha e acendo a luz vejo
pratos e copos quebrados no chão e Vitória
sentada tentando conter o choro.” (Paul
constata, perplexo)

-- Vitória você fez isso? (Paul sabendo que foi ele
mesmo inconscientemente)

-- Então, vai me deixar ? (Vitória tentando conter
o choro)

-- É claro, como eu não pensei nisso antes, você
deveria estar presente comigo todas as vezes que
estou escrevendo no computador, já que é parte
da minha mente . Por isso você já deve saber. Ou
eu deveria dizer: que a mão esquerda não faça
algo que a direita não saiba. (Paul)

-- É, Paul, eu já sei, eu sempre soube que tentaria
me deixar algum dia, mas tinha esperança que
você mudasse de ideia. (Vitória tentando conter o
choro)

-- Vitória, você tem consciência do que você é? (
Paul)
-- Não sei bem o que sou, mas mereço existir.
(Vitória chorando)

-- Vitória, por favor, você deve entender! (Paul
com pena)

-- Entender o quê? Que eu não sirvo mais aos
seus experimentos? Que você quer me jogar fora
como se eu fosse algo descartável? Ou, então, quer
que eu entenda que eu fui somente uma cobaia por
alguns meses e que, agora, eu não sirvo mais aos
seus objetivos? Me diga Paul? O que realmente
você quer que eu entenda? Por onde começo a
entender? ( Vitória chorando compulsivamente )

-- Não fale isso! (Paul com pena dela)

-- Então é assim que termina Paul? (Vitória
chorando )

-- Vitória.... ( Paul triste, sendo interrompido)

-- Não Paul! Eu quero viver! Eu quero existir!
(Vitória chorando)

-- Eu sinto muito, meu amor. (Paul triste)

-- Você não entende, não é? Eu preciso de você!
Você é Deus pra mim! Pai! Eu quero vida!?!
(Vitória desesperada)

-- E vai viver, como parte de mim e ficará em
minhas lembranças assim como no meu
subconsciente, lugar de onde nunca você deveria ter
saído. (Paul triste)

-- Se você me deixar eu deixarei de existir, não é
mesmo Paul? (Vitória chorando)

-- Continuará existindo, mas somente no meu
subconsciente e nas minhas lembranças. (Paul
triste)

-- Eu não quero isso Paul. Eu quero existir! Eu
quero ser humana! (Vitória tentando conter o
choro)

-- Vitória não ...... ( Paul sendo interrompido por
Vitória )

-- Não o que, Paul ? Sabe que está me dizendo?
Que eu não passo de um pensamento, de uma
criação bizarra sua e que vou deixar de existir.
Mas eu tenho sentimentos e quero existir e só
posso fazer isso se você continuar me amando.
Você é como um Deus pra mim, me criou! Me
tirou do nada! Me salvou do vazio com todo seu
amor... Você não entende como é duro saber que
vai deixar de existir, deixar de ser amada e ser
esquecida, você simplesmente não entende
(Vitória tentando parar de chorar e falando alto)

-- O que quer que eu faça? Eu tenho uma vida para
viver, e não posso abrir mão dela pra viver essa
loucura. (Paul triste)

-- E eu Paul? Também tenho uma vida e não
posso deixar de existir e simplesmente sumir. Você
que não entende nada, Paul! (Vitória zangada e falando alto)

-- Já basta, de uma maneira ou de outra essa
loucura termina aqui. A partir de agora tentarei
te esquecer, adeus. (Paul chorando e saindo)

-- Pode tentar me esquecer! Mais não vai
conseguir! Tá me ouvindo? (Vitória nervosa,
gritando  e vendo Paul sair do recinto)

-- Por que não? ( Paul nervoso virando
novamente para Vitória)

-- Porque eu não vou deixar ra ra ra .......( Vitória
rindo, sarcasticamente )

-- Veremos! (Paul nervoso, saindo da cozinha e
deixando Vitória sozinha )

“A situação é pior do que eu pensava, além dela
saber que vai me perder ela tem a consciência de
que também pode deixar de existir, que pesadelo,
o que eu fui fazer? O quê? E o pior de tudo é que
Vitória não pode ser controlada, eu não tenho
mais poderes sobre ela. Ela sabe o que penso,
pode realizar ações através de mim como atender
um telefone ou arrumar uma casa, e ela está fora
de controle.
E agora?“ (Paul pensando desesperado)



Parte 18
Ignorar

(Manhã seguinte)

“ Que noite, ai que vontade de dormir mais um
pouco, porém ainda devo ir ao centro agora de
manhã, ontem depois que falei com Vitória fui
direto pra cama, não tive coragem de jantar.
Mas o que é isso? Agora que me dou conta de que Vitória dormiu comigo, ela deve ter deitado ao meu lado depois que eu dormi ; ela é mesmo linda e dorme como um bebê.
Quem vê pensa até que é uma mulher de verdade, eu realmente tenho uma mente muito fantasiosa.” (Paul acordando, se arrumando e pensando)

-- Levantou primeiro que eu dessa vez Paul,
posso saber a onde vai tão sedo? (Vitória
acordando)

-- Não, não pode. (Paul sério)

-- Mas eu quero. (Vitória)

-- Qual a parte do não que você não entendeu?
(Paul se arrumando)

-- Estamos realmente de mau humor então? (Vitória, sarcástica)

-- Não, Vitória, eu só estou tentando fazer o que
uma pessoa normal faria no meu lugar. (Paul)

-- O quê? (Vitória)

-- Não falar sozinho. (Paul)

-- Então você acha que seu “computador” pifou?
E que eu seria o quê? Uma alucinação? (Vitória)

-- Por que não? Acontece todos os dias com
muitas pessoas, a loucura não é um “privilégio’
só meu.“ ( Paul terminando de escovar os dentes)

-- Então o que acontece agora? Você vai arrumar
um psiquiatra? Tomar remédios tarja preta para
loucura? Ou então vamos mais longe...
 Quem sabe você acabe numa camisa de força e tenha que fazer tratamento de choque em algum hospício para se livrar de mim. (Vitória)

-- Fazer o quê? Essa mulher está me custando caro.
(Paul)

-- Estamos falando de preço? Interessante! Então
me diga! Ter transado com a mulher dos seus
sonhos valeu a sua sanidade? Pois para mim ter
transado com você me valeu o direito de existir.
(Vitória)

-- É, Vitória, está na hora de você voltar para o meu
subconsciente, de onde nunca deveria ter saído! (Paul  irritado)

-- O que é isso? Um pedido, uma ordem, ou seria
uma advertência? Lembre-se Paul! Você já não
me controla mais! E eu não vou voltar para
aquele maldito buraco sem um bom motivo.(Vitória nervosa ao lado da cama )

-- Bom, é melhor eu ir indo antes que a loucura
tome conta de mim. (Paul abrindo a porta do
quarto)

-- Paul, um homem louco que não acredita na sua
própria loucura, isso talvez faça de você um
homem normal, que tal? Ra,ra,ra... ( Vitória
rindo perto da escada )

“ Então Vitória também tem o poder de
desaparecer e aparecer onde ela quiser. Em um
momento ela estava perto da cama e no outro
perto da escada.” ( Paul pensando, perto da
escada )

-- Você não está louco Paul, só um pouquinho
perturbado ra,ra,ra.... ( Vitória rindo)

“ Que horror.“ ( Paul pensando e descendo as
escadas )

-- Paul, fala comigo por favor, não me deixa
sozinha! ( Vitória triste e falando alto vendo Paul
descer as escadas )

“ Quando chego na sala  eu a vejo novamente, se
tele transportou da escada até aqui antes de eu chegar na sala primeiro. “ ( Paul pensando e assustado )

-- Paul, você realmente tem a ingênua pretensão
de me ignorar para sempre? Acha mesmo que eu
irei permitir? ( Vitória nervosa )
“Socorro, deu a louca no Paul.” ( Paul
pensando e ironizando a situação )

-- Paul, fale comigo! Eu te amo, ra,ra,ra... (Vitória triste e falando alto vendo Paul sair de
casa e batendo a porta )

“ Deus parece que foi ontem que subi esta ladeira
para ir até o posto que fica no fim da rua para
comprar cigarros na minha juventude... como o
tempo passa .“ (Paul pensando e vendo Vitória
ressurgir ao seu lado.)

-- Eu posso ir em todo lugar que você for, você
sabia Paul? (Vitória caminhando ao lado de Paul)
“Será que o ônibus passa esse horário? “ ( Paul
pensando e chegando na parada do ônibus )

-- Paul, você não acredita que  me ignorando eu
vou desaparecer da sua vida? Não é mesmo?
(Vitória na parada de ônibus com Paul)


“Aí está o ônibus, que sorte, mal cheguei e ele
está vindo.“ (Paul pensando e vendo o ônibus
chegando)

-- Paul, entendeu o que eu disse? Se subir nesse
ônibus eu irei junto, você não tem escolha.
(Vitória vendo Paul entrando no ônibus)

“ Hoje estou com sorte mesmo, tem lugar
sobrando, não é como Porto Alegre que só tem
aqueles ônibus lotados, vou sentar ao lado desse
senhor.“ ( Paul pensando, passando pela catraca e
sentando ao lado de um senhor no ônibus.)

-- Acho que você sentou com este senhor de
propósito para que eu não sentasse ao seu lado,
mais saiba você que com isso não se privará de
ter a minha boa companhia, pois ficarei aqui de
pé segurando essa barra do ônibus ao seu lado.       (Vitória ressurgindo ao lado de Paul no ônibus.)

“ – Vitória o que quer de mim? “ ( Paul falando
por pensamento com Vitória )

-- Existir. O que mais eu podia querer? Seu amor
ra,ra,ra...(Vitória rindo)

-- É, e você precisa de mim para isso? (Paul
falando com Vitória por pensamento.)


-- Claro meu amor, formaremos uma boa dupla,
poderemos ser como marido e mulher que tal?
(Vitória sendo irônica com Paul)

“ – Esquece, eu não falo mais com você.” ( Paul
falando com Vitória por pensamento )

-- Você acha que eu não existo, então vou tentar
me comunicar com esse senhor que está ao seu
lado. (Vitória)

“ – Não faz isso Vitória, por favor, não faz isso.“
(Paul falando com Vitória por pensamento e
assustado)

-- Sabia que você parece um velho gagá, meu
senhor. (Vitória falando com o senhor através de
Paul)

-- O que foi que o senhor me disse? Que eu sou
um velho gagá? (Senhor nervoso falando com
Paul)

-- Eu não disse nada! (Paul falando com o senhor
e pasmo de vergonha com todo mundo olhando)

-- Disse sim, eu ouvi bem. Tenha mais respeito,
pois um belo dia será como eu ou talvez bem pior. Vou descer agora, licença eu quero passar, e me
respeite seu sem educação. (Senhor descendo
do ônibus)

“ Vitória deve ter falado através de mim, eu devo
ter perdido a consciência por uns instantes. Tô
mal, tô louco de dar pena.“ (Paul pensando, com
raiva e muita vergonha com todos no ônibus
olhando pra ele)

-- Ra ra ra ....... tá branco que nem um papel ra ra
ra ........ Você fica muito engraçado assim Paul! Ra
ra ra ........(Vitória rindo)

“ -- Não teve graça . “ ( Paul falando com Vitória
por pensamento e ficando com raiva)

-- Acho que o senso de humor é um ponto de
vista ra ra ra ..... como pode Paul um professor de
universidade tratar assim um pobre velhinho ra ra
ra ...... (Vitória rindo e irônica)

“Tenho que tentar ignorá-la, ela se alimenta da
atenção que a dou, enquanto eu
subconscientemente acreditar que ela existe, ela
vai continuar existindo. (Paul pensando)

-- Olha só! Então fizemos o dever de casa! Acho
que você descobriu meu pequeno segredo.(Vitória nervosa)

“ – Sai da minha vida!” (Paul nervoso gritando por
pensamento com Vitória.)

-- Paul! Será que você não tem algo mais
construtivo pra falar além de:

-- Vitória você não existe!

-- Vitória você não passa de um pensamento!

-- Vitória você é um distúrbio da minha mente
distorcida!

-- Vitória desaparece!

-- Vitória aparece!

-- E, por ultimo, Vitória saia da minha vida!

-- Quem sabe podemos negociar uma coexistência
pacifica. Além disso,  e esses meses todos juntos?
Bom, acho que não foram tão ruins assim, foram?
(Vitória, irônica)

-- “É, de boas intenções o inferno está cheio.” (Paul falando com Vitória por pensamento)

-- Que? Agora sou o demônio? Deixe me ver se
eu entendi! Agora estamos falando em exorcismo
ou ir até a igreja do bispo Macedo tirar o capeta.
(Vitória sarcástica )

– “Se for para me livrar de você topo qualquer
negócio.” (Paul)

-- Sai capeta! Sai capeta! Sai... ra,ra,ra.... (Vitória
rindo)


-- “Bom eu desço nessa parada, adeus Vitória.“
(Paul falando com Vitória por pensamento e
descendo do ônibus)

“ Eu toda vez que olho esse prédio do banco do
Brasil me lembro do meu tempo de garoto
quando andava nas ruas de Pelotas, sinto falta
daquele tempo.“ (Paul pensando e indo em
direção ao centro comercial de Pelotas [ calçadão
])

-- O que você diria pro bispo ou seu psiquiatra
Paul?
Socorro, tem uma loira malvada me
perseguindo  e querendo me agarrar ra,ra,ra...
Socorro, Socorro...a loira papão quer me comer
ra,ra,ra... (Vitória reaparecendo ao lado de Paul e
rindo)

-- “Sabe Vitória? Da próxima vez que eu precisar
criar um amigo imaginário para as minhas
pesquisas, eu tentarei criar um lindo etezinho de
Marte. Talvez os homenzinhos verdes me
incomodem menos.” (Paul pensando e chegando
ao centro comercial de Pelotas.)

-- Isso Paul! Fala comigo! Para que resistir?
Acabe com seu sofrimento e com o meu! Não me
resista Paul! Se entregue a mim e conhecerá o
verdadeiro significado do amor. (Vitória )


“ – É, tem razão, e assim quando formos para o
hospício seremos felizes para sempre.“ (Paul
falando com Vitória por pensamento e aflito com
a situação)

-- Eu insisto  - Paul fica comigo! (Vitória ficando
para trás e  vendo Paul ir embora).

“Quando olho para as televisões que estão à
amostra numa loja, vejo a imagem de Vitória nas
telas. Eu estou alucinando, vendo coisas e acho
que essa minha situação só vai piorar.“ ( Paul
pensando e vendo Vitória nas telas de televisões
na loja.)

-- Paul! Tá me vendo? Então vê se relaxa e me
assiste, gatinho ra,ra,ra...(Vitória nas tela das
televisões que estão a mostra na loja rindo e me
mandando um beijo)

“ Todas as televisões que estão à amostra nas lojas
aparecem imagens de Vitória me chamando. Deus,
e agora o que faço? “ (Paul pensando e perplexo com
a situação)

Parte 19
Sonhos e pesadelos

“ É, acho que já possa me considerar um
esquizofrênico, quando comecei o meu
experimento eu não esperava ir tão longe, aliás
eu esperava somente obter vestígios simplórios
de minha propensão a esquizofrenia, indícios que
comprovassem sintomas esquizoides por
influência do meio, somado ao fator genético, isto
é, se eu tenho propensão genética a ter essa
patologia ela só irá se manifestar por influência
de um meio conturbador e extremamente
emotivo como é essa casa para mim. Mas
independente do que eu esperava despertei essa
patologia e agora tento sair desse inferno que eu
mesmo criei. Acabei me deixando levar pelo meu
subconsciente, e confesso que eu estava gostando
muito, mas o tiro saiu pela culatra, e se eu deixar
meu subconsciente irá se sobressair em relação ao
meu consciente, ou seja, irei perder o controle das
minhas ações. Aminésias seguidas de ações
inconscientes serão frequentes  e isso é
particularmente muito perigoso, e por esse
motivo decidi cancelar meu experimento tendo
em vista os riscos à minha saúde mental, para
mim e para os outros ao meu redor. Para que eu
possa voltar ao normal ou pelo menos amenizar
os sintomas dessa doença, eu devo me desfazer
da Vitória, e para isso duas coisas são
fundamentais: ignorá-la, para me manter na
realidade já que as alucinações tenderão a me
afastar da realidade, se misturando a ela até o
ponto em que eu não vou distinguir a realidade
da fantasia, e entrar com tratamento psiquiátrico
seguido de tratamento medicamentoso que eu
começarei fazer assim que voltar à Porto Alegre.
É só uma questão de dias até eu voltar a Porto
Alegre. (Paul, pensando na cama)

-- Engraçado passei minha vida estudando os
loucos, até me tornar um, eu poderia até me alto
medicar e sei até os comprimidos certos. ( Paul,
falando alto com sigo mesmo)

-- Paul, pela última vez, você não está louco, eu
estou aqui! Eu existo! (Vitória ressurgindo ao
lado de Paul na cama com ele)

-- É claro que estou meu amor, do contrário a
única maneira de um mulherão como você fazer
amor comigo é pagando ou se ela morrer e deixar
o sexo dela pra mim de herança. (Paul)

-- Humn! Senso de humor! Esse é o Paul que
conheço! (Vitória )

-- Não, Vitória! O Paul que você conhece não fala
sozinho, adeus! ( Paul)

-- Sinto que sou indesejada aqui. Ou será
impressão? (Vitória)

-- Responder adianta? (Paul irônico)

-- Paul, vou descer e esperar que seu mau humor
passe, depois eu volto. (Vitória)

-- Pode esperar, mais vai demorar. (Paul irônico)

-- Sabe Paul! Quanto mais cedo você aceitar que
eu não vou deixar de existir só porque seu
experimento acabou, melhor vai ser para nós
dois, passar bem! (Vitória desaparecendo)

“ Bom acho que agora ela vai me dar um tempo
antes de reaparecer novamente, como me
inferniza!” ( Paul pensando aborrecido e tentando
dormir)

(Paul sonhando)

-- Paul, vim te ver novamente no seu sonho,
saiba que eu não vou  permitir que você sonhe
com outra coisa, a não ser comigo. (Vitória
aparecendo no sonho de Paul)

-- Aiiiiiiiiii, não, até no sonho ela me persegue, é
horrível! (Paul acordando)

(Paul voltando a dormir)

-- Há,  que dia lindo, estou aqui fumando um
cigarrinho e bebendo uma cervejinha gelada na
frente da praia nesse quiosque, e quanta menina
bonita passando por aqui. É a vida que pedi a
Deus.

Mas espere! Eu estou sonhando! Mas se eu
sei que é um sonho como ainda posso estar
dormindo? Não importa, o importante que eu
estou adorando. (Paul sonhando)

-- Oi gatão! Que me pagar uma cerveja gelada?
(Vitória no sonho do Paul)

-- Não, não, não pode ser! Você no meu sonho?
O que está fazendo aqui? (Paul)

-- Sinto muito, mas é a única forma que achei de
ficarmos juntos ra,ra,ra...(Vitória rindo)

-- Ficarmos juntos? Você me perseguiu hoje o
dia todo! ( Paul )

-- Relaxa Gatão, e vê se curte o sonho. Quer mais
cervejinha gelada aí? (Vitória estendendo a
garrafa em direção ao Paul)

-- Vitória, você não é um sonho, você é um
castigo, e não obrigado, chega de cerveja! Fui!
(Paul saindo do quiosque andando em uma ciclovia,
deixando Vitória para traz)

-- Não, não e não! Assim não deixo, só pode
sonhar se for comigo. (Vitória reaparecendo na
frente de Paul na ciclovia)

-- Sai do meu sonho!?! (Paul gritando)

-- Não sei Paul, mas acho que você tem companhia
ra,ra,ra...(Vitória rindo e vendo dois policiais
chegando)

-- Tudo bem moça? Esse homem está lhe
incomodando? (Um dos dois policiais)


-- É, seu guarda, esse tarado meliante passou a
mão na minha “bunda” e está tentando tomar
minha carteira. (Vitória)

-- O quê? É ela que fica me perseguindo seu
guarda! tentando me agarrar!(Paul)

-- Não se preocupe moça, vamos dar um jeito
nesse meliante, os presos vão dar um jeitinho
nele, andando elemento! (Um dos dois policiais
falando e outro algemando Paul)

-- Ei, e quanto à loira tarada aí? (Paul nervoso)

-- Não se preocupe com ela, na cadeia você vai
ter o preso Paulão e o Jesus que adoram dar
atenção a tarados carentes como você... andando
elemento!(Paul entrando no camburão)

-- Ra,ra,ra... tchau Paul, manda um abraço para
Paulão e outro pro Jesus, me manda o convite do
casamento. (Vitória rindo)

-- Aiiiiiiiiiii...(Paul acordando)

-- Bom dia Paul! Como é ser reduzido ao estado
de elemento e ser guampeado na doze? Ra,ra,ra...
(Vitória rindo do lado de Paul na cama sentada)

-- O que você fez com meu sonho Vitória? (Paul
nervoso)

-- Pois é Paul, você deve tomar cuidado comigo,
pois eu posso ser seu sonho ou seu pior pesadelo.
Mas vou deixar você acordar direito e se acalmar,
assim você pensa no assunto, lhe aguardo lá
embaixo para o café, e lembre-se Paul, sou eu
quem faz seus sonhos por aqui ra,ra,ra... (Vitória
rindo e desaparecendo)
“Ela tem razão, nos sonhos tem a  haver com estados
de inconsciência das pessoas, quando sonhamos
entramos no subconsciente, e no meu caso meu
subconsciente tem nome; Vitória!” (Paul
pensando)
Parte 20
O retorno a Porto Alegre

(Porto Alegre, Sábado 5 de Agosto, no apartamento
do Paul . )

-- E ai Paul, como foi em Pelotas, me conta,
conseguiu concluir seu experimento, amor?
(Gislaine)

-- Bom, concluí. (Paul lacônico)

-- A única coisa que ele concluiu, querida, é de
que é das loiras que eles gostam mais.( Vitória
falando, mas só o Paul pode escutá-la)


-- Que legal que você teve sucesso. Descansou
bastante? (Gislaine)

-- É, minha querida, ele descansou bastante, eu
arrumei o seu homem de modo que ele pode se
sentir um de verdade agora. (Vitória falando, mas
somente Paul pode escutar)

-- Bom, é sobre isso que eu queria falar, eu não
estou bem. (Paul encabulado)

-- Não está bem? O que foi, é gripe? (Gislaine)

-- Não Gislaine, é que eu ...é ...estou louco; pronto
eu disse! ( Paul )

-- Como assim louco, Paul? Não estou
entendendo. (Gislaine, sorrindo)

-- Vou ser mais especifico; eu preciso de um
psiquiatra. (Paul encabulado)

-- Um o quê? (Gislaine)

-- É, Gislaine; um psiquiatra. (Paul encabulado)

-- Mas por quê? (Gislaine)

-- Digamos que meu experimento foi tão bem
sucedido que eu acabei trazendo ele pra casa.
(Paul encabulado)

-- Se refere aquilo sobre esquizofrenia?
(Gislaine)

-- É! (Paul encabulado )

-- Quer dizer que você voltou de Pelotas como
um esquizofrênico? (Gislaine)

-- Isso! (Paul encabulado)

-- Na verdade, querida, ele botou dois chifres
em você com uma mulher de verdade, acho que é
isso que ele está querendo dizer. (Vitória falando,
mas só Paul pode escuta-la)

-- Paul, você me deixou aqui sozinha, foi pra
Pelotas e volta nesse estado! O que você quer que
eu diga?

 Fala pra mim! Eu não mereço isso, Paul! Não mereço! O que você pensa da vida? Sai de casa, vai se isolar do mundo pra volta com essa cara de tacho e me dizer “Gislaine, estou louco!” (Gislaine nervosa)

-- Querida, não se preocupe. Não gosta, tem quem
queira. (Vitória falando  mas só Paul pode ouvi-la)

-- Amor, eu sinto muito. (Paul encabulado)

-- Sente muito? Tem certeza? Então me diz uma
coisa Paul, tem algum letreiro na minha testa
dizendo otária? Tem? (Gislaine zangada)


-- Tem... ra ra ra ... otária e corna, ra,ra,ra... (Vitória falando e rindo, mas só Paul pode ouvir)

-- Não amor, não tem. (Paul encabulado)

-- É mesmo? Que bom, eu pensei que tinha, e a propósito, não me chama de amor, pois você não
me ama, se me amasse não teria feito isso
comigo. (Gislaine)

-- Tudo bem eu sei que errei e ...... ( Paul sendo
interrompido)

-- Sabe que errou? Que bom, então fizemos
algum progresso na nossa discussão. Paul eu não
entendo! Tínhamos tudo! Um bom apartamento,
um bom emprego. Bons amigos e você
simplesmente estraga tudo, joga tudo fora! (Gislaine zangada)

-- O que é isso? A novela das oito? (Vitória
falando, mas só Paul pode escutar)

-- Eu sei, você está certa em tudo, eu não vou
discutir com você ou tirar sua razão, tá bom?
(Paul encabulado)

-- É isso aí, cachorrinho! Bonzinho! Ra,ra,ra...
(Vitória falando e rindo, mas só mente Paul pode
ouvi-la)

-- Sua sorte é que eu ainda te amo Paul, mas não
deveria. Você é igual aquele seu amigo safado
Bruno que depois de velho virou tarado e bêbado. (Gislaine zangada)

-- Tudo bem, calma vamos dar um jeito. (Paul
beijando e abraçando a Gislaine)

-- Ai que coisa melosa eu não posso nem ver,
mas a corna parece que gosta. Diz pra ela como
foi bom em Pelotas Paul, ra ra ra ..... ( Vitória
falando e rindo, mas só mente Paul pode escutá-la)

-- Eu não devia te perdoar, sabia? “ Quem
manda eu te amar. Homem é tudo igual mesmo,
não presta, que droga... como pode fazer isso
comigo? Como? (Gislaine abraçando Paul)

“ – Vitória fica na sua, sossega o teu facho
atrevido e fica quieta. “ (Paul falando com
Vitória por pensamento )

-- Que isso, Paul? É a Gislaine que é o homem da
casa, então, e aí você desconta em mim? (Vitória
falando, mas só na mente Paul pode ouvir)

-- Paul, vou tomar banho depois a gente come
alguma coisa, tá bom? (Gislaine)

-- Tá bom, amor. (Paul vendo Gislaine ir tomar
banho)

-- Paul, eu não acredito que você irá me trocar por
essa magricela metida a general. (Vitória)

-- Vitória, isso tudo é ciúmes? (Paul)

-- Acha mesmo que sinto ciúmes dessazinha aí?
(Vitória encabulada)

-- Acho que não, até porque entre o real e o
abstrato é claro que o real vai se sempre a melhor
opção para mim. (Paul sendo irônico)

-- Cuidado Paul! A corna apaixonada vai achar
que você realmente gosta dela ra ra ra ....... (
Vitória rindo )

-- Não vejo o porquê da Gislaine ser corna
Vitória. (Paul)

-- É? E as nossas festinhas em Pelotas? ( Vitória )

-- Não eu não sei, mas se é referente à Pelotas
aquilo não passou de uma masturbação mal
sucedida, visto que você não existe, é claro. (Paul
sendo irônico)

-- Paul ta falando com alguém amor? (Gislaine
gritando no chuveiro )

-- Não, amor, é só impressão sua. (Paul
encabulado, gritando para Gislaine)

-- Tá bom, amor. (Gislaine gritando no chuveiro)

-- Ra ra ra ... cuidado Paul, me destratar só vai
piorar a sua situação ra ra ra ...... ( Vitória rindo)

-- Vitória, não abuse da sorte! Deus castiga
meninas malvadas. (Paul tentando falar baixo)

-- Você não gosto somente de mim Paul; você me
ama, eu posso ver isso em sua mente e em seus
olhos, então pra que me resistir? (Vitória)

-- Eu não vou nem te responder, sua loira
desordeira! (Paul)

-- Pobre Paul, acha que está no limiar da loucura,
“tadinho” do meu bebê... tenho sido tão ruim com
ele... ra,ra,ra... (Vitória rindo e acariciando Paul)

-- Eu ainda não sei por que eu falo com você! (Paul acendendo um cigarro)

-- Porque você tá louco, bobão. (Vitória
acendendo um cigarro, porém imaginário)


-- É? Se isso é verdade meu bom gosto para
mulheres decaiu muito. (Paul)

-- Que atrevimento! (Vitória)

-- É, e de onde venho esse atrevimento tem mais,
por isso cuidado. (Paul)

-- Amor! Sou eu que controla você lembra, se eu
digo:

-- Cachorrinho rola! Você rola!

-- Cachorrinho dá a patinha! Você me dá a
patinha!

-- Sou eu que tenho o controle dos seus sonhos e
ações agora.( Vitória)

-- Veremos! (Paul)

-- Oi Paul, estava falando com alguém? (Gislaine
estranhand, e Vitória olhando, mas só Paul pode
vê-la)

-- Ra,ra,ra, eu estou louco amor, tenho que ir para o
sanatório...(Vitória rindo)

-- Já terminou seu banho amor? ( Paul )

-- Já, e é melhor você tomar o seu para gente sair.
(Gislaine)

-- No que estava pensando? (Paul)

-- De a gente ir naquela churrascaria que fica
em cima da rodoviária. (Gislaine)

-- Tudo bem amor, estou indo tomar banho. (Paul
indo para o banheiro) (Vitória seguindo o Paul)

-- É amor, vou me agarrar com a outra no
banheiro enquanto você espera aí, tá? Já volto!
(Vitória, mas só Paul pode ouvi-la)

-- Vê se não demora Paul, se não fica tarde.
(Gislaine vendo Paul indo pro banheiro)

-- Posso entrar com você? Eu também não tomei
banho hoje. (Vitória sorrindo na porta do
banheiro com Paul)

“ – Não, Vitória, não pode, eu quero privacidade“
(Paul falando com Vitória por pensamento,
fechando e trancando a porta, deixando Vitória
no lado de fora do banheiro)

-- Amor, porque trancou a porta, eu ia botar toalha
nova aí. (Gislaine)

-- Desculpa amor, depois falamos. (Paul)

-- Não sente falta dos nossos memoráveis banhos
juntos lá em Pelotas, Paul? (Vitória reaparecendo
ao lado de Paul dentro do banheiro)

-- Vitória, qual a parte do não que você não
entendeu? (Paul tirando a roupa)

-- Todas elas Paul; e a propósito, você deve ter se
esquecido que as portas não funcionam comigo.
(Vitória)

-- É acho que sim; eu havia me esquecido deste
triste detalhe. (Paul entrando na ducha)

-- Tem certeza de que você quer que eu saia Paul? (Vitória tirando a roupa)

-- Pedir por favor adianta? (Paul)

-- Não.(Vitória)

-- Tá falando sozinho de novo amor? ( Paul
Gislaine)

-- Não! (Paul gritando)

-- Não é o que seus pensamentos dizem, eles me
dizem que você quer que eu entre. (Vitória)

-- Não! (Paul gritando)

-- Tá bom, já me disse amor, não sou surda!
(Gislaine gritando)

-- Vitória, eu não gosto que fiquem lendo meus
pensamentos! (Paul falando com Vitória por
pensamentos)

-- Vejo em seus pensamentos que você está
morrendo de vontade que eu entre aí e lhe dê uns
bons beijos . (Vitória nua)

-- Você é terrível; mas eu sou forte, e digo que
“NÃO”!?! (Paul nervoso gritando não)

-- Não, de novo, amor? (Gislaine)

-- Eu disse que não vou demorar muito amor!
(Paul)

-- Há tá, lhe entendi agora. (Gislaine)

-- Tudo bem, Paul vou deixar você refletir sobre a
nossa conversa; e tem mais uma coisa “ euzinha “
aqui pretendo ir com vocês na churrascaria ra ra
ra ..... ( Vitória rindo e desaparecendo)

-- Dessa eu escapei, mas agora terei que
sobreviver à churrascaria, minha vida daqui pra
frente vai ser matar um leão por dia.” ( Paul
pensando)

-- Amor, você estava falando sozinho enquanto
tomava banho? (Gislaine gritando no lado de
fora do banheiro)

-- Não amor, eu só estava pensando alto. (Paul
gritando)

-- Tá bom Paul, mas vê se não demora nesse banho. (Gislaine)

Parte 21
Confronto no restaurante

(Paul, Gislaine e Vitória no restaurante sentados
numa mesa para quatro pessoas, já que não tem mais
mesa só pra dois.)

-- O que você vai querer beber, amor? (Paul)

-- Pepsi com gelo e limão. (Gislaine)

-- Eu vou querer uma cervejinha gelada. (Vitória
sentada na ponta da mesa, mas somente Paul
pode vê-la.)

-- Eu acho que vou tomar uma cerveja. (Paul)

-- Não amor, deixa a cerveja para outro dia e
toma refrigerante comigo. (Gislaine)

-- Tudo bem amor, tudo bem . (Paul)

-- Garçom, duas Pepsis com gelo e limão por
favor. (Paul)

-- Sim, senhor. (Garçom)

-- Então amor me conta direito o que está
acontecendo com você. (Gislaine)

-- Bom, eu estou tendo alucinações. (Paul)

-- Que tipo de alucinações? (Gislaine)

-- Uma bem gostosa re,re,re...(Vitória falando,
mas só Paul pode escuta-la)

-- Eu vejo uma garota que fica me
atormentando.(Paul)

-- É que eu deixo seu homem louco, corna.
(Vitória, mas só Paul pode vê-la)

-- É mesmo? E o que ela faz que lhe atormenta
tanto? (Gislaine)

-- Eu mostro o que tem debaixo da minha saia
pra ele. (Vitória, mas só Paul pode vê-la)

-- De tudo. (Paul)

-- Essa resposta foi muito profunda Paul, você
não tem pena da corna? (Vitória, mas só Paul
pode vê-la)

-- Aqui está senhor, duas Pepsis com gelo e
limão. (Garçom)

-- Obrigado amigo. (Paul pegando um cigarro.)

-- Amor, não fuma aqui. (Gislaine)

-- Por que não? Tem gente fumando. (Paul)

-- Eu sei, mas é feio fumar em restaurante.
(Gislaine)

-- Tudo bem amor, vou deixar pra depois. (Paul
guardando o cigarro)

-- Que pena que você não pode tomar uma
cervejinha gelada e curtir um cigarro gostoso
Paul.(Vitória tomando cerveja e fumando um
cigarro, sendo ambos imaginários e somente Paul
pode vê-la e escutá-la .)

“ —Vitória, se a intenção é me provocar saiba
que não está conseguindo.“ (Paul falando com
Vitória por pensamento)

-- Estou sim, Paul, e me saindo bem por sinal,
tanto que posso ver isso nos seus pensamentos,
você está morrendo de vontade de estar aqui no
meu lugar ra ra ra ....( Vitória rindo, mas só Paul
pode vê-la.)

-- Como pode Vitória ler meus pensamentos!
Sua, sua ......” ( Paul falando com Vitória por
pensamento muito nervoso e sendo interrompido)

-- Me conta tudo nos mínimos detalhes Paul. O
que exatamente ela faz que lhe aborrece tanto?
(Gislaine)

-- Bom, em primeiro lugar o nome dela é Vitória,
e a criei para meu experimento de doutorado. Ela
foi criando vida até o ponto em que eu não pude mais controlá-la, e ela me aborrece o tempo todo. (Paul)

-- Entendo, acho que você realmente precisa de
ajuda Paul. (Gislaine)

-- Pior. (Paul)

-- Paul... estou aqui... fala comigo, fala. (Vitória,
mas só Paul pode vê-la)

-- “Nem morto” (Paul falando com Vitória por
pensamentos)

-- Paul! Acho que derramei sua Pepsi,
ra,ra,ra...(Vitória)

-- Paul! O que você fez? (Gislaine brava, vendo a
garrafa derramada)

-- Desculpa amor, mil perdões. (Paul, bravo
olhando furioso pra Vitória)

-- Ra,ra,ra...(Vitória rindo)

-- Amor, como você é um estabanado, hein?
(Gislaine)

-- Sinto muito. (Paul tentando limpar a mesa com
um pano)
Parte 22
Triangulo amoroso

(Gislaine e Paul chegando em casa, voltando do
restaurante)

“ Chegamos em casa e mal fecho porta e eu e
Gislaine começamos nos agarrar, nos beijar e tirar a
roupa. Nós começamos na sala e fomos acabar na
cama. Os beijos que dou em minha namorada que a
meses não via me fazem esquecer até mesmo de
Vitória.
 No quarto onde estamos está tudo escuro,
pois com a nostalgia de nós dois não dá tempo de
acender a luz, mas de repente algo fora do comum
acontece. Tenho a sensação de sentir pelos quando
toco em Gislaine, juntamente com uma pele grossa
e algo me pinicando em seu rosto como se fosse
uma barba, então pergunto a ela:” (Paul pensando)

-- Carinho? Você não se depilou pro seu amor?
(Paul)

“E então algo assustador acontece ela me responde
com uma voz de homem dizendo:” (Paul pensando)

-- Não! (Gislaine)

“ Então eu pulo da cama e acendo a luz apavorado,
e a voz de Gislaine volta ao normal dizendo:”

-- O que foi, amor? (Gislaine nervosa, vendo a luz
se acendendo)

“ Então eu vejo o rosto e os braços de Gislaine e
não vejo barba nem pelos e digo:” (Paul pensando)

-- Eu não faço ideia! (Paul assustado e sem jeito)

-- Como? (Gislaine)

“ De repente tenho a sensação de estar sendo
observado, e quando olho para o lado da cama vejo
Vitória se esvaindo em risos e sentada numa
cadeira me olhando dizendo:” (Paul pensando)


-- Ra,ra,ra é a corna cabeluda ra,ra,ra...(Vitória
rindo)

“—Vitória, isso foi culpa sua?” (Paul falando por
pensamentos com Vitória)

-- Não imagina ra,ra,ra ...(Vitória rindo e fazendo
ironias)

-- Para onde você está olhando Paul? (Gislaine
assustada)

-- Bom...(Paul sem jeito e sendo interrompido)

-- Deixa pra lá! Você está muito estranho desde
que voltou. Há,  é, tá doido... esqueci.... Era só o que me faltava! (Gislaine nervosa apagando a luz deixando Paul no escuro)

-- É, eu estou meio cansado. (Paul sem jeito)

-- Então, tá bom, como você quiser. (Gislaine se
virando para o outro lado da cama, zangada  e tentando dormir)

-- Amor, eu vou tomar um ar na varanda, tudo bem
pra você? (Paul se levantando da cama) - “Ela nem me respondeu; Ela deve estar muito
irritada comigo.” (Paul pensando)

-- O que esperava, Paul? Que ela lhe dissesse  “Tudo
bem amor, pode ir, eu entendo que você é alérgico
a pelo”. (Vitória)

“ -- É melhor eu ir duma vez; antes que eu seja
linchado por vocês duas.” (Paul falando por
pensamento, sendo irônico e saindo do quarto indo
pra varanda)

-- É Paul; eu lhe disse que me ignorar iria lhe custar
muito carro, a situação só tende a piorar pra você e
pra sua Gislaine. (Vitória reaparecendo na varanda
e acendendo um cigarro)

-- Que noite bonita, cheia de estrelas e com um
belo luar, como alguém pode ter problemas numa
noite como essa? Você sabe? (Paul fumando)

-- É Paul; ficar aí sonhando com as estrelas não vai
lhe poupar do meu castigo. Eu quero existir Paul!
Pense nisso, do contrário coisas ruins podem
acontecer com você. (Vitória fumando um cigarro
imaginário)
Parte 23
A cervejinha gelada

( Dia seguinte, domingo, 6 horas da tarde)

“Gislaine foi para Rio Grande ver uma tia que
estava doente e me disse que só voltaria de noite. Eu
estou na casa do Bruno, que me convidou para um
churrasco e é claro, Vitória veio junto”. (Paul
pensando)

-- E aí Paul, problemas com a ‘patroa’ em casa?
(Bruno tomando cerveja e fumando)

-- Não é bem isso... (Paul tomando uma cerveja)

-- Então, o que é? O que está te deixando tão
desanimado assim? (Bruno)

-- Se eu lhe contasse você não ia acreditar. (Paul)

-- Prometo me esforçar, pode ser? (Bruno)

-- É meu experimento... (Paul)

-- O que foi, ele não deu certo? (Bruno)

-- Não, Bruno, é bem esse o problema, ele deu tão
certo que eu acabei trazendo ele comigo. (Paul)

-- Se refere aquele estudo sobre esquizofrenia? Você está tendo alucinações, é isso? (Bruno)

-- É isso meu amigo, estou ficando doido. (Paul)

-- E o que você vê? (Paul)

-- Uma tremenda loira . (Paul)

-- Desse jeito até eu ficava doido. Eu ia ficar
doidão.(Bruno)

-- É sério, Bruno.(Paul)

-- E o que ela faz com você? Tenta te agarrar? Ra
ra ra ...... (Bruno rindo)

-- Isso também... (Paul)

-- E quando ela tenta te agarrar você sai correndo,
é isso ? ra ra ra ......Socorro, uma loira tarada tá
tentando me agarrar!!!Ra ra ra ....... (Bruno rindo)

-- É bem por aí, Bruno, ra ra ra .......( Paul rindo)

-- Mas Paul, isso não é esquizofrenia? Para mim
poder ser agarrado por tremendas loiras é um dom!
Quantos homens gostariam de estar no seu lugar, cara! Ra,ra ra ........( Bruno rindo)

-- Todos menos eu, Bruno. (Paul)

-- Muitos! Menos o Paul que tem medo da loira
“bicho papão”... ra ra ra ....... (Vitória rindo, mas
somente Paul pode vê-la)

-- Quer trocar de lugar comigo, Paul? (Bruno)

-- Nem pensar, seu velho tarado. (Vitória, mas só
Paul pode vê-la)

-- Ela acabou de te chamar de velho tarado, Bruno. (Paul)

-- Bem, até ai tudo bem, isso é uma qualidade
minha. Ou não é? (Bruno)

-- É, quem disse que o mundo é perfeito, não é
mesmo? (Vitória, mas somente Paul pode vê-la)

-- Acho que ela gostou do seu senso de humor,
Bruno. (Paul)

-- É, eu também gosto dele. (Bruno)

-- Tio Bruno, o terror das mulheres, depois de
velho ficou safado ra,ra,ra... (Vitória rindo, mas
somente Paul pode vê-la)

-- Acho que ela está rindo de você, Bruno. (Paul)

-- É eu sei , eu costumo provocar esse efeito nas
mulheres. (Bruno)

-- Agora é sério, a coisa está feia pro meu lado. (Paul)

-- Imagino, a Gislaine já sabe, meu amigo? (Bruno)

-- Mais ou menos. (Paul)

-- Quando você me disse que iria à Pelotas, eu não
fui contra, achei até que iria ser uma boa pra você,
mas não achava que seu experimento pudesse
prejudicá-lo. (Bruno)

-- São ossos do ofício Bruno; se a gente não se
arrisca a gente não chega a lugar nenhum. (Paul )

-- Acha que isso vai lhe atrapalhar no trabalho?
(Bruno)

-- Não, acredito que não, acho até que o trabalho
vai me ajudar, vai manter minha mente ocupada.
(Paul)

-- Ela é bonita, pelo menos? (Bruno)

-- Ela é linda, gostosa e maravilhosa ra, ra, ra...(Vitória rindo, mas somente Paul pode vê-la)

-- É... (Paul)

-- Garoto de sorte... (Bruno)

-- Também acho. (Vitória, mas somente Paul pode
vê-la)

-- Na verdade, ela é gorda e peluda. (Paul ironizando Vitória)

-- Cachorro! (Vitória nervosa)

-- Entendo, ela deve te assustar um pouco?
(Bruno)

-- Sim, ela tá tentando me dominar, é como se eu
estivesse possuído pelo Demônio. (Paul)

-- Então ela é uma loira gostosa e malvada! Uma
loira do mal? Ra ra ra .....(Bruno rindo)

-- É, não é uma coisa boa pra se dizer para uma
namorada, especialmente quando você fica um bom
tempo fora de casa, não é mesmo? (Paul)

-- Eu sou a perversa destruidora de lares, eu sou a
outra. (Vitória, mas somente Paul pode vê-la)

-- Ela ia ficar uma arara. (Bruno)

-- A corna tá doida tio Bruno, Vitória, a devassa
destruidora de lares está acabando com o namoro
dela. (Vitória, mas somente Paul pode vê-la)

-- É meu amigo, o que eu puder fazer pra te ajudar
eu vou fazer, tá bom. (Bruno)

-- Obrigado Bruno, pretendo consultar um
psiquiatra que foi um professor e orientador meu no
mestrado. Vou dizer pra ele o seguinte: doutor eu
vejo coisas ra ra ra ..... . (Paul rindo)

-- Ra ra ra ......se todos os loucos vissem loiras
glamorosas como a sua, os psiquiatras e os
analistas morreriam de fome. Só você mesmo para
reclamar duma coisa dessas Paul ra ra ra .... Há, se
fosse comigo, ra ra ra ......... (Bruno rindo)

-- Se fosse com o tio Bruno ele ia ter um infarto.
(Vitória, mas somente Paul pode vê-la)

-- Bom, tivemos momentos bons eu e ela no início.
(Paul)

-- Ah, se a corna soubesse ra ra ra .... (Vitória rindo,
mas somente Paul pode vê-la .)

-- Então o senhor aproveitou um pouquinho, seu
safado ra ra ra ...... bem-vindo ao clube dos safados
e junte-se a nós ra ra ra ...... (Bruno rindo)

-- É Bruno, sabe como é, eu não sou de ferro.
(Paul)

-- Pois é, Paul, eu sempre soube que não, eu sempre
soube que você algum dia iria pisar na bola e
deixaria de fazer sua pose de bom menino, só não
sabia quando. É Paul, você também é um menino
mau...ra ra ra..... ( Bruno rindo )

-- Acho que não é bem assim; você está sendo
injusto comigo, eu não sou o vilão da história, eu
fui seduzido pela loira mais bela que uma
imaginação pode criar. (Paul bêbado)

-- E que imaginação fértil ra,ra,ra... (Bruno bêbado)

-- Nem me fale. (Paul bêbado)

-- Bom, então um brinde às perversidades loiras da
mente e aos analistas que nos curam delas,
um brinde. (Bruno bêbado)

-- Um brinde. (Vitória, mas somente Paul pode vê-la)

-- Um brinde. (Bruno)

Parte 24
Meu psiquiatra e amigo

(Quarta feira da mesma semana, no consultório
do psiquiatra)

-- Sabe Paul, fui seu professor e orientador no
curso de mestrado em neurociências; você
sempre foi um ótimo aluno ao meu ver. Hoje você está aqui me pedindo ajuda porque tem um problema.

--Essa é nossa segunda consulta e, a partir do que você me contou, desde seus sonhos até as aparições quase reais dessa Vitória, e sendo que você foi meu aluno e orientado, eu me obrigo a lhe fazer a seguinte
pergunta, por que? (Evans, psiquiatra)

-- Como assim, por quê? (Paul)

-- Paul, a partir de casos na família acho
realmente que você é propenso à esquizofrenia, e
isso me faz ter duas opiniões sobre o que você
fez.

--A minha primeira opinião lhe dou como
professor muito orgulhoso, que achou brilhante
seu experimento de produzir sintomas
esquizofrênicos em si mesmo e estudá-los sensacional. Não é qualquer um que consegue fazer semelhante façanha ou tenha sangue frio pra isso, sem dúvida é um belo experimento.

-- A segunda opinião eu lhe dou como médico, foi burrice! Se arriscou demais, e não deveria ter feito isso! Com a saúde mental não se brinca! Então lhe pergunto, por quê? (Evans, psiquiatra)

-- Bom, professor Evans, somente agora eu me
arrependo amargamente de ter feito tal experimento, mas acho que minha iniciativa de fazer esse experimento foi um tanto louvável, levando em conta que ninguém fez semelhante pesquisa por não ter a astúcia necessária para isso, ou por não ter sangue frio para tal fardo, e como se sabe tão pouco sobre a esquizofrenia, eu me fiz a seguinte pergunta meses atrás, por que não eu? (Paul)
-- Acho, Paul, que você até teve sorte; e quando eu
falo que você teve sorte eu falo que você teve
‘muita’ sorte. Quase todos os esquizofrênicos não
costumam ver loiras apaixonadas como você vê,
eles veem coisa terríveis e não são todos que
conseguem se curar disso. (Evans, psiquiatra)
-- Professor Evans, onde o senhor quer chegar?
(Paul)
-- Sabe Paul, algo me diz que você gosta do que
está passando. (Psiquiatra Evans)
-- Parece Vitória falando. (Paul)
-- Pois é... (Psiquiatra Evans)
-- Sabe, professor Evans, eu gosto da Vitória, mas
ela se tornou perigosa demais, é muito arriscado
continuar com ela, só Deus sabe o que pode
acontecer se meu subconsciente tomar conta do
meu consciente. (Paul)
-- É claro que gosta, já que ela é a mulher mais
perfeita no mundo pra você. Antes de lhe fazer
mais uma pergunta eu quero lhe contar uma
história, que minha avó me contava quando eu
era criança; quer ouvi-la? (Evans psiquiatra)

-- Quero. (Paul, interessado)

-- Era uma vez numa aldeia de índios, antes do
homem branco aparecer na vida deles, é claro, onde os índios homens eram valorizados por seus
talentos na caça e na pesca formando uma
espécie de hierarquia entre eles. Mas um índio
dentre eles era o pior de todos (quando eu falo o
pior de todos não me refiro ao fato de que já que
há o melhor de todos deve haver um pior
também, não, não é isso, o índio era ruim mesmo, era péssimo). Ele não sabia fazer nada, era ruim
tanto na caça como na pesca, e seu nome era Mo.
Apesar de ser ruim em tudo ele tinha um bom
coração, e embora seu pai tivesse um certo
desgosto dele, seu pai mesmo assim o amava. O
índio Mo era muito triste porque não podia se
casar, já que nem um dos pais da aldeia daria sua
filha a um índio mal- sucedido tão ruim na caça e
na pesca como Mo era. O índio Mo rezava muito
para os deuses da tribo local pedindo por um
amor, ele não só rezava como também chorava
muito por não ter ninguém. Então, numa bela
noite quando o índio Mo estava sozinho em sua
cabana, ele recebeu uma visita de uma deusa
lindíssima chamada Xalane, cujo nome ele
desconhecia e o resto da tribo também; essa
deusa lhe fez a seguinte proposta: (narrando, Evans
psiquiatra)

-- Mo, eu escuto suas rezas e vejo seu sofrimento
por uma esposa. Como pode um homem tão
bonito e forte estar sozinho? Isso não precisa ser
assim, eu posso mudar tudo isso se você quiser;
mas com uma condição. (Deusa Xalane)

-- Qual minha deusa. (Índio Mo inclinando a
cabeça e de joelhos no chão)

-- De que somente eu serei sua mulher, e nem
mais uma outra poderá ser. Eu lhe farei o melhor
caçador e pescador que essa tribo já teve, será o
melhor da tribo em tudo, mas somente você
poderá me ver, já que os outros índios não
conseguirão me enxergar. Lhe darei essa noite
somente para pensar, depois retornarei a esse
local para ouvir o que você decidiu. (Deusa
Xalane)

-- Tudo bem, minha deusa. (Índio Mo de cabeça
inclinada no chão de joelhos)

-- Mas pense bem Mo, depois você não terá
como voltar atrás. (Deusa Xalane )

-- Que assim seja minha deusa, eu pensarei.
(Índio Mo de cabeça inclinada no chão e de
joelhos)



-- Então Adeus Mo, eu voltarei pela madrugada
para ouvir sua resposta. (Deusa Xalane
desaparecendo)

-- E assim foi, o índio Mo passou a noite em
claro pensando na proposta da deusa Xalane, ele
nunca vira uma mulher tão linda como ela e, portanto, não seria difícil pra ele a ter como única
mulher, mas o que o incomodava um pouco era o
fato de que somente ele poderia vê-la e mais
ninguém na tribo. Mas Mo se decidiu, ele
aceitaria a proposta da deusa Xalane. (Evans, o
psiquiatra, narrando a história)

-- Mo já é madrugada, o que você decidiu?
(Deusa Xalane)

-- Oh minha Deusa, eu decidi por seu amor,
quero viver a seu lado. (Índio Mo de cabeça
inclinada no chão e de joelhos)

-- Então que assim seja Mo; já não precisa me
chamar de deusa Xalane, eu agora sou sua
mulher e devo ser somente chamada de Xalane. (Xalane)

-- Oh! Xalane, abdicarás de seu título de deusa
para me amar como homem? (Índio Mo se
levantando)

-- Sim meu amor, eu farei isso se assim o
desejar? (Xalane)

-- Então digo que aceito. (índio Mo)

-- E assim foi; naquela madrugada Mo se
realizou como homem, por fazer amor com uma
mulher pela primeira vez aos vinte e quatro anos.
Naquele mesmo dia, Mo caçara e pescara como
ninguém. Ele nunca poderia adivinhar que era
capaz de tal proeza. Durante o dia ele caçava e
pescava e a noite ficava com sua mulher Xalane.
O tempo foi passando, e a tribo reconhecendo
sem nenhuma sombra de dúvida que Mo era o
melhor caçador e pescador da tribo, e de que já
era hora de ele ter sua primeira mulher. (Evans,
psiquiatra, narrando à história)

-- Mo, está na hora de você escolher uma de
nossas mulheres disponível para se casar. (Chefe
da tribo)

-- Não posso, senhor. (Índio Mo)

-- Como não? (Chefe da tribo)

-- É que eu já estou comprometido, eu já tenho
mulher. (Índio Mo)

-- E quem é ela ? (Chefe da tribo)

-- É uma deusa chamada Xalane, que abdicou do
seu título para ser minha mulher, senhor. (Índio
Mo)

-- Entendo, mas eu não conheço nenhuma deusa
chamada Xalane, e não entendo como uma deusa
iria abdicar de seu título por um homem. (Chefe
da tribo)

-- Acredite em mim, é verdade meu senhor.
Como o senhor acha que eu comecei a caçar e a
pescar tão bem. (Índio Mo)

-- Hum, tem razão seu comportamento me parece
muito suspeito, tem como eu ver essa deusa?
(Chefe da tribo)

-- Não. (Índio Mo)

-- Por que não? (Chefe da tribo)

-- Porque é uma das condições que ela me impôs,
pelo que eu sou hoje, sem falar no fato de que ela
não aceita que e eu tenha outra mulher, além dela.
(Índio Mo)

-- Mo, farei o seguinte, eu irei consultar os outros
índios e o pajé da tribo, e ver se eles encontram
alguma evidência de uma deusa chamada Xalane.
(Chefe da tribo)

-- Tudo bem, meu senhor. ( Índio Mo)

-- E assim foi; o chefe da tribo consultou os outro
aldeões homens e o pajé da tribo. Ninguém
conhecia nenhuma deusa Xalane e botaram em
dúvida o fato de uma deusa abdicar de seu título
por um homem normal. Então ficou decidido de
que se Mo não se casasse com uma índia da
aldeia ele seria expulso da tribo. Após Mo saber
da decisão ele correu o mais rápido que podia
para sua cabana, para falar com sua amada
Xalane sobre a triste notícia. (Evans psiquiatra,
narrando a história)

-- Oh! Minha amada Xalane, se eu não me casar
com outra mulher eu serei expulso da aldeia. O
que eu faço, meu amor? Fiz com que você
abdicasse o do seu título de deusa para você ficar
comigo, e agora? O que será de nós dois? (Índio
Mo chorando)

-- Não chore Mo, eu vejo em você um amor puro
e sincero; são os aldeões dessa tribo que são
muito ingratos e muito incrédulos depois de tudo
que eu fiz por eles, lhes dando o melhor caçador
e pescador que essa tribo já teve, eu fiz de um
coitado triste um homem de verdade e feliz. Mas
não se desespere, continuarás a ser o melhor índio
da tribo mesmo eu indo embora, mesmo que isso
quebre o nosso acordo meu amor. (Xalane)

-- Não Xalane, você não entendeu; eu não estou
nem aí para ser ou não o melhor índio dessa tribo.
O que eu quero mesmo é você, eu a amo meu
amor, não quero outra mulher no seu lugar, eu só
quero você e mais nada. (Índio Mo)

-- Mo, não tem outro jeito eu vou ter que deixá-lo.
(Xalane chorando)

-- Eu quero ir com você. (Mo chorando)

-- Não podes Mo, onde eu vou não são
permitidos mortais, eu voltarei a ser uma deusa e
você futuramente será o chefe dessa tribo. (Xalane tentando conter o choro)

-- Eu não aceito, Xalane, viver sem você. Entenda
isso. (Índio Mo)

-- Mo não dá, eu sinto muito que tudo tenha
terminado assim, para o lugar que eu for poderei
lhe olhar bem de perto e serei seu anjo guardião,
eu nunca deixarei de amar um homem tão puro
de coração como você, meu amor. (Xalane
chorando e desaparecendo)

-- Não Xalane, não vá! Não vá meu amor! (Índio
Mo chorando)

-- Depois disso o índio Mo se casou, mesmo
sendo contra a sua vontade, e logo se tornou o
chefe da tribo, teve vários filhos de quem se
orgulhava muito e passou a amar muito sua
mulher. Mas nunca se esquecera de sua tão
amada Xalane.

 E é esse o fim da história meu
amigo e ex-aluno Paul. (Evans psiquiatra)


-- É uma história muito bonita, mas suponho que
agora venha a pergunta. (Paul)

-- Antes da pergunta eu quero saber se você
entendeu a moral da história .(Evans psiquiatra)

-- Acho que não. (Paul)

-- A moral é a seguinte; não há amor que não
possa ser substituído, o tempo tudo cura. E agora
vem a pergunta; você tem certeza de que quer
que Vitória vá embora? (Evans psiquiatra )

-- Não é uma opção meu amigo, querer eu não
quero, mas ela precisa ir, eu preciso ser uma
pessoa normal novamente, antes que comecem a
me chamar de maluco.(Paul)

-- É uma bela resposta, mas é como sua Vitória
lhe disse, se você realmente quisesse que ela
fosse embora, ela já teria ido. O fato de você
gostar dela e querer que ela fique, mesmo
inconscientemente, faz com que ela continue
existindo. (Evans psiquiatra)

-- Talvez seja esse o motivo pela qual ela ainda
exista. (Paul)

-- Pois é, e só há uma maneira dela ir embora e
presumo que você já sabe qual é. (Evans
psiquiatra)

-- Qual é? (Paul)

-- Não sabe? Pensei que já soubesse, mas tivesse
medo de admitir. (Evans psiquiatra)

-- Ignorá-la? (Paul)

-- Não, isso só vai lhe atrapalhar. Você precisa
mandá-la embora, mas para sempre e só existe uma maneira de fazer isso. (Evans psiquiatra)

-- Como? (Paul)

-- Querendo! Você tem que mandá-la embora
com vontade, a dúvida é seu problema, você
duvida que pode viver sem ela. Ela ainda esta
aqui porque você quer que ela esteja. (Evans
psiquiatra)

-- Você está certo, Evans. (Paul)

-- Pois é... (Evans)

-- Acho que é isso. Acho que nosso horário
acabou, professor. (Paul)

-- Acabou meu amigo, fique tranquilo, não lhe
cobrarei nossas consultas, é uma honra pra mim
poder ajudar um ex-aluno e ex-orientado. Espero
que você me escolha novamente como orientador
para seu doutorado, gostei muito do seu projeto
de pesquisa, vai dar uma bela tese de doutorado.
(Evans psiquiatra)

-- Certamente eu lhe escolherei, digamos. (Paul)

-- É, pode se dizer que sim. (Evans psiquiatra )

-- Evans, e quanto à medicação ? (Paul)

-- No seu caso eu não acho necessário meu
amigo, a medicação lhe atrapalharia mais com os
efeitos colaterais do que o ajudaria. (Evans
psiquiatra)

-- Então adeus professor. (Paul)

-- Adeus meu ex-aluno. (Evans psiquiatra)

-- Adeus professor. (Paul)

Parte 25
Surpresas

(20 de Setembro, sexta-feira no restaurante
River Side .)

-- Oi amor, demorei muito? (Gislaine)

-- Não amor. (Paul beijando Gislaine)

-- Ai! Estou nervosa . (Gislaine sorrindo)

-- Você nervosa? Tudo isso é por causa da
surpresa? (Paul)

-- É; só que não é uma surpresa, são duas
surpresas, e tenho medo que você não goste
muito delas. (Gislaine tremendo)

-- Calma Gislaine, você está tremendo, que
surpresa será essa que faz você ficar tão nervosa?
(Paul)

-- Não sei se consigo falar. (Gislaine tremendo)

-- Consegue sim, eu estou aqui do seu lado, e não
vou deixar ninguém de maneira nem uma
estragar a sua surpresa, nem mesmo o
garçom.(Paul irônico)

-- Para Paul; é sério. (Gislaine tremendo)

-- Bom, começamos com a primeira surpresa;
fala que agora quem está ficando nervoso sou eu.
(Paul brincando)

-- Aqui está a minha primeira surpresa. (Gislaine
botando uma aliança em cima da mesa com a
mão tremendo muito)

-- O que é isso? Uma aliança? (Paul)

-- É. (Gislaine)

-- Então eu digo que sim meu amor, eu quero
passar o resto da minha vida com você. (Paul
pegando a aliança)

-- Ótimo, eu estava com medo de que você não
aceitasse. (Gislaine)

-- Bom, eu até estava pensando mesmo em
comprar uma aliança essa semana e...(Paul sendo
interrompido)

-- Seu mentiroso bobo. (Gislaine sorrindo
fingindo estar nervosa)

-- Bom, mas agora tem a segunda surpresa, que
deve ser a que lhe deixa mais nervosa por ser a
última; e eu é claro quero saber dela. (Paul)

-- Paul; Estou grávida. (Gislaine)

-- Bom, eu também gostei dessa surpresa, aliás
eu estava mesmo pensando em ser pai no ano que
vem, isso ia ser um passatempo maravilhoso.
(Paul feliz)

-- Que bom que gostou. (Gislaine feliz)

-- Eu adorei amor; eu adorei. (Paul beijando a
Gislaine)

-- Quando soube que estava grávida? (Paul)

-- Na quarta, através do ginecologista. (Gislaine)

-- E porque decidiu me contar somente na sexta? (Paul)

-- Eu achei que seria legal fazer uma surpresa,
aproveitando o fim de semana. (Gislaine)

-- Achei muito bem boladas essas surpresas, mas
agora temos que marcar a data do casamento. E a
propósito a comida chegou . (Paul)

-- Pensamos nisso depois da janta. (Gislaine)

-- Garçom me traz uma champanhe daqui a vinte
minutos, eu vou querer o melhor da casa. (Paul)

-- Paul aqui é muito caro. (Gislaine)

-- Não se preocupe a gente racha a conta. (Paul)

-- Que bom; melhor do que você pagar sozinho.
(Gislaine irônica)

-- Eu estava brincando amor, é claro que eu ia
pagar. (Paul)

-- Sei. (Gislaine)

“Então quando olho para a outra mesa vejo
Vitória sozinha, me olhando chorando muito.”
(Paul pensando e olhando Vitória)


Parte 26
Criador e criatura

(Uma semana depois, sábado em Pelotas)

“Faz uma tarde bonita e quente em Pelotas, voltei
a esta cidade para entregar a chave da minha
casa, que pretendo alugar a imobiliária. Mas
antes disso vou passar na casa e ver se está tudo
em ordem. Eu agora estou indo de táxi para lá e
quase chegando. Uma coisa muito estranha esta
acontecendo, eu não tenho visto Vitória desde
que a vi chorando no restaurante, isso faz mais
ou menos uma semana, acredito que ao saber que
Gislaine estava grávida e iria se casar comigo, ela
deve ter ido embora.“ (Paul pensando)

-- É nessa casa aqui, amigo. (Paul)


-- Já vou parar. (Taxista parando o carro)

-- Aqui está o dinheiro amigo. (Paul entregando o
dinheiro ao taxista)

-- Obrigado e adeus. (Taxista saindo)

“Enfim cheguei.“ (Paul pensando, abrindo a
porta da casa, entrando e indo em direção à sala)
“É, parece que está tudo em ordem desde que eu
saí daqui.“ (Paul pensando na sala)

“O que é isso? Estou escutando som de passos
descendo a escada! Tem alguém aqui? (Paul
pensando assustado)

-- Não tenha medo Paul! Sou eu. (Vitória
chegando na sala)

-- Ufa, então é você! (Paul)

-- Sim, sou eu. (Vitória)

-- Pensei que tivesse ido embora; não a vejo a
uma semana. (Paul)

-- É, eu sei, decidi desaparecer por uns tempos
para pensar um pouco na nossa situação.
(Vitória)

“É só eu vir nessa casa que eu começo a alucinar
novamente.“ (Paul pensando)


-- Então você acha que eu sou uma espécie de
alucinação! Como uma miragem! (Vitória)

-- Eu não acho! Eu tenho certeza! (Paul)

-- Se lembra dessa casa? E de como fomos felizes
nela? (Vitória)

-- É! Eu lembro... (Paul)

-- Sente falta? (Vitória)

-- Até sinto, mas é passado e eu acho que deveria
continuar assim. (Paul)

-- Entendo. (Vitória)

-- Sabe, meu psiquiatra me disse que eu não
deveria falar com você, e lhe ignorar o máximo
que eu puder. (Paul)

-- É! Eu soube; existe uma conspiração contra a
minha pessoa. (Vitória)

-- Eu fico muito triste que você pense assim.
(Paul)

-- Sabe Paul? Eu até entendo a sua situação com
a Gislaine, mas eu quero existir. (Paul)

-- O que quer que eu faça? (Paul)

-- Não sei, você não é um Deus? Então dá um
jeito. (Vitória)

-- Eu não sou um Deus, Vitória! E não tem jeito!
(Paul)

--Sabe o que eu acho? (Vitória)

-- O quê? (Paul)

-- Que você é um Deus irresponsável, injusto e
sem coração, Paul! Me fez para me deixar depois!
(Vitória começando a chorar)

-- Você acha, é? (Paul)

-- Acho. (Vitória chorando)

-- Então eu vou lhe dizer uma coisa; se você me
considera um Deus eu não ligo, antes eu ligava
porque me sentia culpado. Mas agora não
Vitória, agora eu caí na real e não tenho culpa de
você achar que eu sou um Deus, muito menos de
você achar que eu sou o seu Deus. (Paul)

-- É sim, Paul! Você é meu Deus que era para ser
um Deus de amor. (Vitória chorando)

-- Tá bom, Vitória! Já que sua cabeça imaginária
oca não pensa mesmo, então suponha que eu seja
um Deus, isso me faz supor que você é uma
pessoa de sorte e muito privilegiada. (Paul)

-- Por quê ? Pelo abandono? (Vitória chorando)

-- Não, Vitória! É porque você me conhece, você
conhece seu Deus. E eu que nem conheço o meu.
(Paul)

-- Suponho eu agora que isso seja um diálogo
entre criador e criatura, então? (Vitória parando
de chorar)

-- Não Vitória, isso é um diálogo entre meu
consciente e meu subconsciente! Num combate
insano! Maluco! E infinitamente anormal! É de
dar pena de mim! (Paul)

-- Não, Paul! Você como meu Deus tem
obrigações comigo! Quero existir!?! (Vitória)

-- Ai meu Deus! Eu não sou um Deus, Vitória! Vê
se entende! (Paul)

-- Seus pensamentos o traem Paul, você ainda me
ama! Você precisa de mim! E eu preciso existir.
(Vitória)

-- Você vê isso em meus pensamentos? (Paul)

-- Sim, o tempo todo. (Vitória)

-- Tentarei me lembrar disso da próxima vez.
(Paul)

-- Então o que você tem a dizer sobre isso?
(Vitória)

-- A resposta é sim, Vitória! Eu te amo! Eu sinto
falta de você e dessa casa! Era isso que você
queria saber? (Paul nervoso)

-- Eu até já sabia, mas queria ouvir da sua boca.
(Vitória)

-- Já sabia? Que bom! Mas agora vou lhe contar
uma coisa que você não sabe, uma coisa que
talvez você até sabe mas tem medo de
admitir.(Paul nervoso)

-- O que é? (Vitória)

-- Você nunca se perguntou porque as pessoas
não conseguem lhe ver? Ou escutar a sua voz?
(Paul nervoso)

-- Isso é mentira! Elas conseguem, sim! (Vitória)

-- Vitória você não está sendo justa comigo! E
nem com você mesma! Eu admiti que te amo!
Agora é sua vez de admitir o fato de que você
não é aquilo que você pensa ser. (Paul nervoso)

-- Eu não tenho que lhe admitir nada!?! (Vitória
começando a chorar)

-- Tem sim! Você tem a obrigação com a
verdade. (Paul nervoso)

-- Tudo bem! Pode até ser que elas não me
notem, mas o motivo eu não sei. (Vitória
chorando)

-- Sabe sim, você só tem medo da verdade, eu
sei que é horrível de se dizer mas eu quero ouvir
da sua boca; Então fala que eu quero ouvir.
(Paul)

-- Eu não posso, Paul! (Vitória chorando)

-- Pode sim; fala que eu quero ouvir da sua boca.
(Paul nervoso)

-- Eu não sou humana! Satisfeito! (Vitória
chorando)

-- Ótimo. (Paul)

-- Então o que eu sou Paul? (Vitória chorando)

-- Você era para ser uma experiência para minha
tese de doutorado, mas as coisas saíram fora do
controle e você se transformou no que é hoje ;
em Vitória, o pensamento vivo , fruto das minhas
mais belas e sinceras emoções ocultas do meu
subconsciente .

Você é um pensamento meu, uma necessidade da minha mente de expressar emoções reprimidas. Essa é a verdade, você é tão perfeita que é capaz de chorar, amar e realizar certas atividades que só um ser humano poderia fazer, mas isso é porque você tem acesso a minha mente, você a rouba temporariamente para realizar tais funções como arrumar a casa, atender um telefone e cortar um repolho. Para falar a verdade, nem eu sabia que eu era capaz de criar uma coisa tão bela e tão próxima da realidade como você, você garota é um espanto,
uma proeza da minha genialidade e da minha mente. (Paul)

-- Então é isso que eu sou? (Vitória chorando)

-- É Vitória, eu sinto muito. Você é um
pensamento, apenas isso. (Paul começando a
chorar)

-- Então eu acho que é hora do adeus. (Vitória
chorando)

-- É! Infelizmente por mais que eu a ame e
quero que você fique, é hora do adeus, meu amor.
(Paul chorando)

-- Eu acho que eu não consigo fazer isso sozinha
Paul! (Vitória chorando)

-- Eu estarei aqui com você; segure minha mão.
(Paul chorando, pegando a mão de Vitória)

-- Eu estou com medo Paul, de deixar de existir!
(Vitória chorando pegando a mão de Paul)

-- Meu amor não tenha medo, você continuará a
existir, só que dentro de mim. Entre os meus
pensamentos. (Paul chorando e segurando a mão
de Vitória)

-- Não vai ser a mesma coisa, não é? (Vitória
chorando e segurando a mão de Paul)

-- Vai ser diferente. (Paul chorando e segurando a
mão de Vitória)

-- Adeus Paul, estarei com você no coração e no
pensamento, “adeus...“ (Vitória se transformando
em uma grande estrela)
“Então vejo Vitória se transformando em uma
grande estrela como no sonho, e depois essa
grande estrela começa a se dividir em estrelas
cada vez menores até que todas elas
desaparecem.“ (Paul pensando no que esta
acontecendo, chorando muito e se ajoelhando no
chão)

-- Então é isso? Tive que destruir a criatura que
eu mais amava nesse mundo. (Paul falando em
voz alta, tendo uma crise de choro muito forte e
ajoelhado no chão da sala.)

-- Não Paul, você fez o que precisava fazer.
(Gislaine)

-- Gislaine o que você está fazendo aqui? (Paul
chorando de joelhos)

-- Eu vim com o carro do Bruno, tive medo de
deixar você vir sozinho para essa casa, Paul .
(Gislaine abraçando Paul ajoelhado.)

-- Você estava aqui a muito tempo. (Paul
chorando ajoelhado)

-- O suficiente para escutar a conversa de vocês
dois. (Gislaine abraçando Paul)

-- Como? (Paul chorando ajoelhado)

-- Eu estava na cozinha enquanto eu escutava
você falar e responder por Vitória. (Gislaine
abraçando Paul)

-- Ela foi embora Gislaine, e eu a amava, e eu a
matei. (Paul chorando ajoelhado)

-- Eu sinto muito amor .(Gislaine abraçando
Paul)

-- Eu sinto muito por você estar passando por isso
Gislaine. (Paul parando de chorar e se levantando
do chão)


-- Sabe Paul, Vitória é um lado seu muito bonito
que eu ainda não conhecia; como seu interior é
bonito Paul, em pensar que ela faz parte de você
e isso o torna um homem muito bonito por
dentro, meu amor. (Gislaine ajudando Paul a se
levantar)

-- Acho que sim. (Paul)

-- É melhor irmos Paul, já anoiteceu e a
imobiliária fechou. (Gislaine)

-- Anoiteceu? Eu nem me dei conta. (Paul)
“Então saio da casa com Gislaine, da casa que foi
o apogeu da felicidade para mim por uns meses.
E do lado de fora me lembro dos momentos
tristes e felizes que eu passei com meu
subconsciente amoroso nessa casa, me despeço
da casa e de Vitória com muita tristeza e com
muita saudade, com certeza elas nunca saírão do
meu coração.“ (Paul pensando triste e olhando a
casa por fora)

Parte 27
A tese

(Dois anos depois, auditório da universidade PUC
em Porto Alegre, final da tese de doutorado de
Paul no ano de 2012)

-- Então eu concluo dizendo que o fator genético
sozinho, na maioria das vezes, não é o suficiente
para causar tais distúrbios psicológicos, é
necessário que o meio onde o indivíduo se
encontre influencie o fator genético, isto é,
indivíduos com genes para tais distúrbios
poderão ter moléstias mentais quando sua mente
sofre algum transtorno psicológico que seu
subconsciente não é capaz de aceitar, desse modo
o subconsciente do indivíduo pode se expressar
com alucinações visuais pouco ou muito nítidas
conforme a gravidade do caso e também de vozes
como uma forma de descarrego mental, ou seja,
como um modo de desabafar algo angustiante e
reprimido dentro de si que foi vivenciado pelo
indivíduo. Um indivíduo pode ter genes para tais
moléstias mentais, mas elas nunca poderão se
manifestar sem o meio adequado. Com a
possibilidade que dispomos em diagnosticar
indivíduos com genes para esquizofrenia,
podemos agora evitar a doença com tratamento e
monitoramento psiquico-analítico, evitando que
indivíduos com genes para esquizofrenia
desenvolvam a doença por contato com o meio a
onde vivem. (Paul)

-- Agora vamos às perguntas, alguém tem alguma
pergunta para fazer ao Paul? (Membro da banca
examinadora.)

-- Eu tenho uma professor Paul. (Ouvinte do
auditório)

-- Diga. (Paul)

-- O que exatamente o tratamento psíquico-analítico
poderia fazer pelo indivíduo para evitar
a doença? (Ouvinte do auditório)

-- Poderia ajudar o indivíduo a administrar seu
fator emocional de forma que ele não desenvolva
a doença. (Paul)

-- Pode nos dar um exemplo. (Outro ouvinte)

-- Bom, como exemplo posso citar o caso de um
jovem que só foi saber que tinha os genes para a
doença depois de a ter desenvolvido. Ele via em
suas alucinações garotas deformadas, isto é, toda
vez que ele tentava uma masturbação não
conseguia imaginar uma mulher, e isso o deixava
extremamente frustrado. Logo depois de iniciado
o tratamento terapêutico foi descoberto que esse
jovem tinha desejos sexuais reprimidos pela mãe
e a irmã que trocavam a roupa na frente dele. A
maneira que a mente dele encontrou para
reclamar tal problema foi deformando as garotas
que ele pensava na hora da masturbação, pois seu
consciente não aceitava tal desejo indo contra seu
inconsciente, deformando então as mulheres em
seus pensamentos que eram fonte do seu
sofrimento moral. Se desde o início ele tivesse
feito o exame genético e depois tivesse
tratamento terapêutico para evitar que isso
acontecesse, ele certamente não teria
desenvolvido a doença. Foi necessário
conscientizar a mãe e a irmã a não trocarem mais
a roupa na frente dele e reabilitá-lo
psicologicamente de forma que ele pudesse
voltar ao normal, mas isso demorou anos e
poderia ter sido evitado.

É necessário dizer aqui que a tratamento terapêutico feito depois de descoberto por exame genético que esse indivíduo pode desenvolver a doença ajuda o
mesmo a não cair em enrascadas psicológicas
como essa, desenvolvido pelo meio mais o fator
genético, fazendo assim que a pessoa vença as
suas frustrações psicológicas à medida que elas
forem aparecendo com tratamento terapêutico
evitando assim a doença. (Paul)

-- Então propensão genética e o tratamento
terapêutico são medidas preventivas a serem
adotadas, não é isso? (Membro da banca
examinadora)

-- Sim, é isso. (Paul)


-- Obrigado professor Paul. (Membro da banca
examinadora)

-- Concordamos. (outros membros da banca)

-- Eu devo acrescentar que foi um ótimo trabalho
que você e seu orientador fizeram. E devo dizer
que você se expôs demais em provocar uma
esquizofrenia em si mesmo, eu nunca vi algo
assim em todos os meus anos de carreira, em
minha opinião você deveria ter mais cuidado pois
talvez esse não poderia ter sido um final tão feliz,
eu não sei se todos os meus colegas da banca
concordam? (membro da banca)

-- Concordamos, achamos que você se expôs
demais a uma situação de risco. (membros da
banca)

-- Bom, o risco foi meu e digo que valeu a pena,
e digo mais, foi uma experiência fascinante.
(Paul)

-- Entendemos Paul. (Outros membros da banca)

-- Fique tranquilo, isso não afetará sua nota, você
já pode ser considerado um doutor em minha
opinião meu jovem, eu não sei se todos
concordam. (Outro membro da banca)

-- Concordamos. (Membros da banca)

-- Vamos aguardar a sua nota, enquanto isso você
esá dispensado. (Membro da banca)

-- Tudo bem. (Paul saindo)

Parte 28
Entre amigos

(Ainda no mesmo dia, na churrascaria que
fica em cima da rodoviária.)

-- E aí Paul, se sente mais gostoso sendo um
doutor agora? (Bruno tomando cerveja)

-- Eu me sinto uma delícia, eu me sinto como
Alice no País das Maravilhas. (Paul tomando
cerveja)

-- É, conseguiu concluir um doutorado de quatro
anos em dois anos e com conceito A. O que mais
você quer da vida Paul? (Gislaine sorrindo e
tomando uma cerveja)

-- Eu vou dizer o que eu quero da vida; eu quero
fumar um cigarro e tomar uma cerveja. (Paul
pegando e acendendo um cigarro)

-- E aí Gislaine, como se sente depois de ter se
reproduzido com esse infeliz. (Bruno)


-- Me sinto como se fosse uma virgem de novo.
(Gislaine)

-- Esse infeliz? Essa é boa! (Paul)

-- Ra ra ra ......... (Todo mundo rindo)

-- E como está a Viki? (Bruno)

-- Vai bem, está com a baba, é a cara da mãe.
(Paul)

-- Aquilo ali vai puxar o mau gênio da mãe, do
jeito que faz pirraça. (Bruno)

-- É! Se fosse um filho seu já nascia beliscando a
bunda da enfermeira e fumando um charuto.
(Gislaine)

-- Claro que sim! E não? (Bruno)

-- É Bruno! Seria uma criança que só uma mãe
pode amar, que nem o pai dele. (Gislaine)

-- Em resumo -  vocês estão bem? Fiquei um pouco
preocupado com esse problema da Vitória.
(Bruno)

-- Tudo terminou bem Bruno, embora eu sinta
um pouco de falta dela, ela nunca me deixou
completamente. Ela sempre fará parte da minha
personalidade, da minha vida como sendo o meu
subconsciente. Nos dois nos completamos, mas
agora somos uma só pessoa e as coisas não
poderiam ser melhores pra mim. (Paul)

-- Fico feliz então, mas ficaria mais ainda se ela
tivesse telefone. (Bruno)

-- Que coisa mais triste! Nem por pensamento as
mulheres querem ficar com o Bruno. E pagando?
Elas ainda aceitam? (Gislaine)

-- Com licença, vocês querem beber alguma coisa? (Garçonete Vitória e todas podem vê-la.)

-- Uma cerveja, e se puder seu telefone, gatinha.
(Bruno)

-- Quem sabe lhe dou na próxima gatão. (Vitória
anotando o pedido e saindo)

-- Pergunta a ela se ela aceita cartão! Talvez
assim ela lhe dá o telefone Bruno. (Gislaine)

“Paul, olha apavorado Vitória que é idêntica
aquela que ele havia criado, porém ele precisa
saber se é a mesma.” (Narrador)

-- Licença, só um minuto pessoal. (Paul saindo
da mesa indo atrás de Vitória)

-- Olá Paul, tudo bem? (Vitória longe da mesa de
Paul)

-- Como isso é possível? (Paul apavorado)

-- Do que está falando, Paul? (Vitória)

-- Você é a mulher dos meus sonhos? (Paul
apavorado)

-- Olha, eu já recebi muitas cantadas desde que
comecei a trabalhar aqui, mas algo assim é a
primeira vez. (Vitória irônica)

-- Me diz! Por favor! Como? (Paul apavorado)

-- É Paul! Antes eu existia só para você, agora eu
existo para todo mundo. (Vitória)

-- Como? (Paul apavorado)

-- Na minha opinião não é difícil imaginar que o
homem possa criar uma simples mulher por
pensamento. O homem foi até a lua e voltou,
ergueu estátuas, prédios e outros monumentos
fora do comum. À humanidade em geral cria
coisas fantásticas e tudo com o poder do
pensamento e da imaginação, a humanidade
jamais conseguiria realizar grandes feitos se não
os imaginasse e pensasse neles primeiro. Talvez
Paul você tivesse subestimado seu potencial
humano criador e por isso agora você não
entende o que vê. Bom, na minha opinião nada se
compara a mente fértil e criadora de um homem,
ela pode passar por barreiras intransponíveis para
fazer feitos milagrosos, e no seu caso Paul, foi
ter criado uma mulher com o poder do
pensamento. Bem, eu acho que é o fim Paul, sai
dos seus pensamentos para poder existir. Talvez
nós dois tenhamos conseguido o que queríamos; você, a sua liberdade e eu, existir. (Vitória)

-- Talvez! (Paul)

-- Até Paul! Meu criador. (Vitória)

-- Adeus não, até um dia. (Paul)

-- Até um dia, então! Até eu retornar a um
minúsculo “ser” em busca de uma existência!
(Vitória)

“Então vejo Vitória pegar uma garrafa de cerveja
e  a colocar numa bandeja com uma mão, e
me acenando adeus  logo depois, me dando uma última olhada, e indo embora.

E assim criei Vitória, “o pensamento vivo.” (Paul
pensando e vendo vitória indo embora).


Um comentário:

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